25. Reincidência

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Não era isso.

Taehyung sentia que ficava contente perto do J-Hope. Sabia que o garoto era uma boa companhia, que a personalidade dele era interessante, cativante e conectada com seus gostos pessoais. Tinha plena consciência de que aquele corpo o fazia sentir desejos demais. Atinou para o fato de que ficava confortável em grande parte do tempo ao lado do ruivo. Não seria difícil ser amigo dele, isso era um fato, sendo que tal detalhe já havia sido notado antes, apesar da regra estúpida de não ser amigo dos seus casinhos.

Contudo, não era isso.

Jimin estava errado.

Não gostava de J-Hope.

Pelo menos não daquele jeito.

O Kim tentou imaginar um contexto onde o novato ia embora. Era sempre isso que fazia os mocinhos de filme notarem que amam suas mocinhas e sair feito loucos atrás delas.

Tentou perceber o que vinha em sua mente, mas principalmente o que transparecia em seu coração.

Isso - a imaginação - lhe causava uma sensação de falta, talvez até de saudosismo pelo que tiveram, pela transa incrível e altamente conectada. Corpos se encaixando perfeitamente bem. Bem pra caralho. Além do término de um coleguismo que poderia se tornar amizade. Mas nada mais.

Não havia o sentimento de perda ou de sofrimento. Não tinha vontade de chorar ou correr para alcançar o outro, de trazê-lo de volta.

Era por isso que Taehyung achava que Jimin estava errado. Não que fosse um grande especialista em sentimentos desse tipo, porém já havia conversado com gente que sabia e o que estava sentindo encaixava apenas no tesão. Gostar, paixão ou amor são coisas que não faziam parte de sua vivência. Com J-Hope ou qualquer outro. Por mais diferente que o ruivo fosse, isso não havia movido o coração do Kim.

Pelo menos não até aquele momento.

Por isso, de novo, Jimin estava errado.

Talvez um intervalo entre as aulas não fosse o momento certo para refletir sobre o assunto, todavia a mente do garoto de cabelos azuis não funcionava como deveria. Os pensamentos iam e voltavam ao bel prazer. Fluíam desordenadamente, contudo sem alarido. Iam passando com cuidado, mostrando os fatos e possibilidades como telas interativas.

Taehyung se via como um robô recebendo milhares de bytes de informação. Certamente era esse o motivo de, às vezes, ficar meio "bugado".

- Taehyung!

- Hum?! - Despertou de seu pequeno devaneio, fitando imediatamente o dono da voz que o chamou e levantando as sobrancelhas.

- Como "hum"? Você não ouviu nada do que falamos?

- Não. Desculpe. Estava pensando na nossa conversa. - Confessou sincero e sem pensar.

Boquiaberto, Jimin o fitou chocado. Depois olhou para os outros, ficando sem graça de imediato.

Era mesmo pra ter citado a tal conversa?

Sabia que o amigo não ficaria impassível diante do que dissera mais cedo, ainda assim ficar pensando nisso pelo resto da manhã não era típico.

O Park pensou no quão ridícula foi a cena posterior à sua fatídica frase, no começo da manhã.

Ele tinha rido da cara que o amigo fez ao ouvir aquilo e disse que estava brincando; que provavelmente Taehyung apenas havia gostado da transa e por isso se sentia completo daquele jeito.

"Pff, é claro que você não gosta dele."

Né?

É claro que não era bem isso que pensava dizer, ainda assim foi o que conseguiu pensar no momento.

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