- Hobii!! - Tae se lamentava de brincadeira, numa videochamada com Hoseok. - Jungkook faz bullying comigo e você ainda ri?!?
- Hyung, mas o que eu vou fazer, se "P'Tae" soa tão fofo?! - Ele riu mais um pouco.
- Parece que eu tô num filme do Will Smith.
- É fofooo! - Repetiu a provocação brincalhona.
- Jung Hoseok, - Kim fingiu seriedade. - você acha certo esse pirralho brincar com a cultura dos outros?
- Mas ele não 'tá ofendendo. Ao contrário, está te chamando com muuuito respeito!
- Ele pode me chamar de hyung, como qualquer coreano normal!
- Parece que do jeito da Tailândia é mais legal, P'!
- Até você, Hobi?!
Hoseok rolou na cama, rindo e fazendo Taehyung sorrir em resposta.
Nos primeiros dois meses foi assim. Eles se falavam todos os dias, religiosamente. Mesmo quando ficavam tristes e chorosos, não deixavam de se falar. Isso quando não ligavam mais de uma vez, pois um acabava lembrando do outro com algum detalhe da rotina, sobretudo com Hoseok estudando, assim como os outros rapazes, então sempre tinha algo a dizer.
O ruivo estava gostando da rotina acelerada, mas estranhou o fato de não ter Jungkook pela vizinhança. Era estranho voltar para casa e saber que não poderia ir até a outra rua e jogar videogame com ele a tarde toda, sobretudo nos fins de semana.
Tendo decidido isso há tempos, Jeon estava morando no dormitório do campus, vindo para casa apenas no fim de semana - não em todos, desde que pudesse evitar. Ele não suportava mesmo ter pais tão controladores.
Amava os dois, que de fato nunca o maltrataram, porém se sentia sufocado muitas vezes, afinal não era mais uma criança e queria tomar as próprias decisões.
Jimin e Temin também tinham a opção de morar no dormitório, no entanto preferiram continuar em casa, pois a realidade dos três jovens em seus respectivos lares era muito distinta.
Hoseok ligava para o amigo sempre, mas não tanto quanto ligava para Tae.
Contudo, isso não demorou muito a mudar.
Aos poucos Taehyung foi pegando o ritmo de Bogum. O homem era uma verdadeira potência. A sensibilidade e o interesse genuíno pelos problemas dos outros era algo que Tae admirava e que se identificava.
Quanto mais pessoas conhecia, mais histórias escutava e mais precisava trabalhar a auto ajuda, pois queria estar bem para fazer uma escuta sensível. Todavia, não tinha o menor interesse em ser um ouvinte passivo. Desse modo, o que conversou antes com os amigos sobre qual carreira seguir, se tornava mais claro a cada dia.
Seria interessante conhecer as estruturas e questões das diversas sociedades, considerando que podia observá-las em cada pessoa diferente que conhecia. Melhor ainda seria compreender quais ajudas poderiam efetivamente fazer a diferença.
Ao mesmo tempo, começava a aprender que precisava ser realista.
Seria impossível mudar o mundo sozinho. Não seria capaz de ajudar a todos, de abraçar o mundo, enxugar todas as lágrimas ou suprir todas as necessidades. Devia reconhecer-se como um ser humano como aqueles para quem olhava. Alguém com sentimentos, necessidades e medos.
Estava apenas começando.
Quando completaram três meses na Tailândia, Taehyung e Bogum viajaram para a Espanha.
Apesar dos avanços do país em relação ao relacionamento homoafetivo, inclusive legalizando o casamento entre pessoas do mesmo gênero, a sociedade sempre tem suas exceções, seus casos extremos. E era por esses casos que Bogum viajava.
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Innocence | Vhope
Fanfiction[Concluída] Sou como você. Não sei de muita coisa sobre a vida. Tampouco sei sobre ele, a mais excepcional personalidade que já tive o prazer de descobrir: o infantilista que sabia muito mais que o suposto cara mais experiente da escola. •Juventude...