16. Dandelion

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J-Hope sorriu tímido e contido ao ouvir minhas palavras.

— Obrigado, hyung. — Ele falou.

No entanto, ao dizer isso, não pôde mais conter sua alegria e abriu aquele sorriso filho da puta.

Porra, assim não dá.

Eu só queria poder chegar ao nosso destino sem precisar sentir que meu corpo reagia a ele de alguma maneira muito fodida.

Os dentes dele eram perfeitos como se feitos por um especialista e a harmonia com a boca bonita, as bochechas que subiam um pouco, formando um volume gracioso nas maçãs do rosto, eram minha total e completa perdição.

O simples fato de o sol brilhar um pouco mais forte quando ele sorriu deveria ter algo a ver? Acho que não, né? Do contrário, eu com certeza estaria meio maluco e isso não é possível.

Que o cosmos me odiava, já era quase um fato, mas será que J-Hope também me odiava? Isso que ele faz com o meu corpo deve ser algum tipo de magia. Me afeta diretamente, como se estivesse me tocando, estimulando meus pontos mais erógenos.

Não sei qual o meu problema pra gostar tanto de coisas fofas, mas desisti de entender isso há tempos. Bastava aceitar. Depois disso, meu problema seria compreender os motivos para aquele ruivo ligeiramente menor que eu, ser alguém tão fofo e ao mesmo tempo tão sexy, cabendo milimetricamente nos meus padrões de homem perfeito.

O sorriso, os cabelos, a clavícula saliente e infelizmente escondida na camisa preta, os braços de aparência delicada, a pele alva e enfeitada com pintinhas espalhadas, a silhueta magra e esbelta, além das pernas longas e não muito grossas, mas nem por isso menos torneadas. Penso que a dança o tenha ajudado muito em relação a esse último quesito e a outros, como a barriga que eu tanto desejava ver, junto a toda a falta de roupa em seu corpo. E  como se não bastasse tudo isso, ele ainda tinha aquele cheirinho gostoso que me fazia lembrar de coisas boas.

A memória humana mais duradoura é a olfativa e creio que por isso o cheiro que vem do ruivo desperta em mim as melhores sensações, coisas que vêm de muitos anos atrás. Sinto-me divertido, livre e esperançoso. Exatamente como era quando criança. Não que tenha perdido essas características, contudo as senti atenuar consideravelmente com o passar dos anos.

Com meu sistema límbico funcionando a todo vapor, soltei o pulso de J-Hope e voltamos a caminhar; ele ainda sorrindo ao meu lado.

— Você é legal, hyung. — Ainda disse.

Eu ri um pouquinho.

— Por que isso assim, do nada? — Questionei ao me deparar com aquela consideração gentil.

— Não é 'do nada'. — Contrapôs. — Isso que você me disse é bem legal, sabia? Nem precisava. Era só dizer que sente muito ou essas coisas clichês que todo mundo diz. — Falou num tom ligeiramente desanimado em comparação a poucos minutos atrás.

— Não sou muito do tipo que gosta de clichês, mesmo sabendo que não posso evitar cair em um deles de vez em quando. — Comentei sinceramente.

Ele não respondeu mais e sorriu pequeno ao me ouvir, quase que concordando comigo, mesmo que não me conhecesse bem.

Seguimos o caminho e estávamos bem perto de nosso destino, quando J-Hope tropeçou repentinamente.

Nem sei qual foi o obstáculo que quase o fez ir ao chão, mas também não importava àquela altura.

É óbvio que eu não o deixaria ir ao chão, então num reflexo, passei meu braço em torno da barriga dele, amparando seu corpo com certo impacto.

Innocence | VhopeOnde histórias criam vida. Descubra agora