17. Aquela conversa

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Taehyung nunca havia se sentido tão mal por esse tipo de alguém antes.

Não por alguém que conhecera há seis dias. Não por alguém que pretendia levar pra cama e nada mais.

Isso tudo era uma merda. Ele não queria estar desse jeito.

O único, além de sua família, com quem se importou a ponto de se sentir mal, foi Jimin. Não era algo corriqueiro. Além disso, parecia ser diferente dessa vez, afinal o caso do Park havia sido muito grave e mesmo assim, eram tipos completamente diferentes de mal estar.

Contudo, a despeito do seu modo de viver e de tudo o que acreditava, ele estava ali, parado na calçada, vendo Hope alcançar o outro extremo da rua e entrar, ainda correndo, no predinho rosa.

Não era comum. O Kim não estava acostumado a ver alguém fugir de si e muito menos quando os dois pareciam estar envoltos naquela aura sexy.

Taehyung ficou analisando os motivos que poderiam haver por trás disso.

No começo, parecia que J-Hope queria o mesmo. O encontro, os beijos e o sexo. Depois, quando Taehyung falou em irem embora, assim poderiam transar logo, já que ambos pareciam querer, Hope pareceu triste. Essa parte até que foi fácil de entender, pois um encontro não se resumia a plantar um dente-de-leão. Provavelmente o ruivo precisava de um pouco mais de clima e contexto para se sentir bem em ir para "os finalmente". Então o mais velho tentou remediar, lhe comprando um sorvete, que após mais conversas tranquilas, virou motivo para mais pegação desenfreada. Hope parecia tão entregue e necessitado, que o outro não imaginava o que viria a seguir.

Julgou que tinha corrido tudo bem o tempo todo, então por quê?

J-Hope disse que não podia, ao passo que parecia enfrentar um conflito interno, portanto as perguntas na cabeça de cabeleira azul giravam em torno deste não poder.

O ruivo não namorava, seus pais não pareciam se importar a ponto de proibir algo; da parte dos hyungs, eles provavelmente permitiram o encontro sabendo no que ia dar. Então, novamente, por quê?

Quem seria tão inocente a ponto de não imaginar como ia acabar aquele encontro?

Poxa, os dois eram jovens com hormônios à flor da pele! Como não imaginar o desfecho?

Especialmente Taemin, que sempre reclamava do jeito devorador como Taehyung olhava J-Hope — parecia que não, mas o Kim entendia sim as reclamações quase silenciosas do Lee. Portanto, era de se esperar que soubesse.

O sexo era um fim esperado, não?

Tudo aquilo era bastante confuso, porém o que deixava um nó na garganta do Kim, era lembrar-se das lágrimas se juntando na linha d'água dos olhinhos pequenos do mais novo.

O fizera chorar?

Qual foi a atitude que levou a isso?

Ele ainda não aceitava que fora culpa sua, pois em seu ponto de vista, não havia feito nada de errado.

Já havia acontecido de fazer outras pessoas chorarem e isso não lhe importou tanto assim — mesmo não ficando totalmente indiferente —, ainda que não fizesse ninguém sofrer por puro prazer. Recordou-se da primeira e única vez em que tentou ter algo sério com alguém e acabou magoando aquele coração e de outras que choraram por não conseguir ter os sentimentos de sua parte. Entretanto, parecia tudo peculiar dessa vez, pois antes mesmo de beijar o outro, Taehyung havia se ligado a ele, criando um fino laço de amizade. Podia parecer frágil, mas ainda assim, existia.

Hope se uniu rapidamente aos amigos do vizinho e isso contou pontos para que houvesse uma abertura, um contato mais próximo. No entanto, a porta de entrada para isso havia sido o próprio Kim, então a culpa era sua?

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