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Emma Thompson







— É evidente que o padre sendo homem, sinta coisas por está jovem. Ela nem é da família dele, para quê morar junto? Que imoralidade.

— Me pergunto, seria mesmo, essa igreja um lugar santo?





Esses foram um dos tantos cochichos que escutei pelos cantos da igreja desde que meu corpo começou a mudar.

Muitas das fiéis, "ovelhas" como o padre João Francisco dizia. Elas interpretavam mal as coisas, a integridade até do padre era colocada em questão. Isso era um absurdo.

Nunca existiu nada o qual eu pudesse me sentir desconfortável, mesmo ele sendo um homem. Ele me tratava como se eu fosse sua filha.

As pessoas são realmente podres.

E pobres de espírito.

Mas tudo bem, eu não podia perder meu tempo tentando provar nada a ninguém. Não havia desrepeito em nenhuma das partes e ele era como um verdadeiro pai para mim. Me criou e me preparou para o mundo durante 10 anos.

Eu não podia mais deixar que minha presença o afetasse seu caráter impecável e menos ainda sua vocação como padre.

Chegou o momento de bater as asas e é o que faço. Já estou no ônibus a caminho do meu novo lar. Graças a Deus! Tenho um dinheirinho para sobreviver até encontrar trabalho e restaurar minha vida.

O padre era tão bondoso.

Sorrio.

— Moça, é aqui o endereço. Você só precisa atravessar a rua e seguir pela direita. A pensão é logo de cara. _O motorista do ônibus avisou e eu peguei minha mala e desci, acenando em agradecimento.

Sigo o percurso que ele indicou e não demora a encontrar a pensão.

— Boa tarde. _Desejo a senhora atrás do balcão e consigo sua atenção. — Me chamo Emma e vim alugar um quarto.

— Certo. Vai querer somente a diária?

— Não. Eu tenho algum dinheiro aqui. _Puxo as notas do bolso e coloco sobre o balcão. — Me desculpa, é que eu preciso ficar aqui até encontrar um trabalho. Quanto tempo será que dá esse dinheiro?

A senhora, certamente vendo que pareço deslocada, sorriu e veio me ajudar a contar o dinheiro. Então, me devolveu a metade das notas e puxou o restante.

— 2 meses está bom para você? _Perguntou.

— Sim. 2 meses parece ótimo. _Sorrio contetíssima.

— Use o restante do dinheiro para comer ou colocar no bilhete único...

Franzio o cenho.

— Bilhete único? Desculpa, eu não tenho muito contato e tudo é muito novo para mim. _Coço minha cabeça, envergonhada.

— Você veio de onde, querida?

— Eu sou daqui mesmo de São Paulo. Só que eu não tive contato com o mundo... eu fui criada dentro da igreja. _Confesso e sua boca abre. Ela está pasma. Mas por que?

Será anormal, eu não saber o que é um bilhete único?

Você foi criada dentro de uma igreja? Isso é sério? _Ela está desacreditando.

Poxa!

Por que?

— É sim. Eu não minto, senhora. Deus não perdoa mentira.

— Entendo. Vou falar com minha filha, ela mexe em computador e só vive nas Internets. Ela vai te ajudar a fazer esse bilhete único.

Nas internets.

Ela é engraçada.

— Agradeço muito. Muitas fiéis diziam que o mal do mundo começa na internet. Ela parece tão perigosa que nunca ousei a chegar perto. _Conto, sorrindo timidamente.

— Você será uma ótima influência para aquela cabeça oca. _Ela deu a volta no balcão, vindo me ajudar com a mala. — Venha. Vou te mostrar o seu quarto. Não é luxuoso, mas irá te acomodar bem e tem tudo que você precisa para sair da bolha.

— Sair da bolha. _Eu rio ao subir as escadas. — O que seria?

— Quadros modernos com nudez. Tv com noticiários e novelas com pecados e dvds com muita sujeira...

— A senhora não manda limpar os dvds?

Ela cessa os passos e me encara.

— Emma, querida. Como você é exageradamente inocente.

— A senhora não se refere a sujeira do tipo; poeira e ...

— Não.

— Então, eu não chegarei nem perto dos dvds. _Aviso e ela abre a porta do quarto.

— Entre.

Eu fiz e girei dentro do quarto, observando cada detalhe, sentindo constrangimento por ver dois quadros imoral.

— Eu poderei tira-los e deixar debaixo da cama? _Quero saber.

— O quarto é seu.

— Eu tenho um pequeno de Jesus Cristo e Nossa Senhora. Colocarei no lugar. Precisarei todas as noites fazer minha oração.

— Como quiser.

Sigo até ela e pego minha mala.

— Obrigada.

— Não tem de quê, querida. Fique a vontade. _Dito isso, ela me entregou a chave e se retirou, fechando a porta.

Quando percebo, meus olhos traidores estão observando os quadros.

— Quanta insanidade, meu Deus! _Faço careta, no entanto, sabendo que já vi pessoalmente coisa pior.







CONTINUA...

Emma do céu...

A inocência, meu paiiiii.

A Protegida do Juiz #SérieFilhos(10)Onde histórias criam vida. Descubra agora