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Lucca











Satisfeito com o lugar, eu caminhava em volta. A música alta, a boate cheia e gente se pegando para todos os lados, era muito satisfatório.

Tudo que eu colocava a mão e batizava da minha forma, era sucesso.

Aqui estava a minha maior conquista.

Imagina eu, um homem com um trabalho que ocupa a maior parte do seu tempo e que exige tanto discernimento para compreender situação e separar o certo do errado. Ter um refúgio desse porte, onde eu podia extravasar da forma que eu quisesse.

Era esplendoroso.

Mas meu melhor lugar não era aqui em baixo, não tinha a ver com as bebidas ou com inúmeras mulheres em cima de mim, me sufocando.

Sou reservado.

Meu lugar preferido era só um daqueles quartos lá em cima, com os meus brinquedos e com uma "criança" obediente.

Esse sim era o limite do meu prazer.

Eu me entregava a peculiaridade de cabeça.

Suspiro, enfiando as mãos no bolso para aplacar o volume do meu desejo. Não dá. Eu fico duro só em lembrar.

Lembro-me que antes de entender tudo que esse universo que me tenta, envolve. Eu imaturo, confiei que seria uma doença extremamente séria.

Como alguém conseguia sentir prazer envolvendo alguém, machucando e humilhando? Isso era de uma anormalidade tamanha.

Me negando a aceitar os meus desejos obscuros, tentei de todas as formas me encontrar em outros horizontes, mas não aguentei. Acabei voltando para o que eu era.

Descobrir que domar me dar poder. Era libertador.

E quem não gosta de se sentir poderoso?

Nesse tempo em que acabei retornando, já um juiz aclamado e considerado um carrasco, com uma culpa gritante nas costas, não permiti que meus instintos ficassem ocultos, resolvi deixá-los transparecer e tomar conta do meu ser.

E foi numa dessas que fiz negócios com gente pior que eu.

Nesse universo, o qual pertenço, de BDSM.

Bondage, dominação/submissão e sadomasoquismo.

Existe pessoas de todo tipo, com gostos extravagantes e comparando aos meus, diria que sou um santo.

Tem de tudo de mais pesado que possa existir na escuridão.

Foi numa dessas escuridão que soube o que aconteceu com a Paola e me culpo até hoje por ter deixado eles entrarem no meu recinto e feito trato com esses miseráveis.

Saio dos meus devaneios quando a Valéria surge na minha frente. Eu cesso os passos.

— Ela está aqui. _Admitiu.

Olho em volta, procurando meu mais novo brinquedinho.

— Onde?

— Ela está trancada no primeiro quarto, no andar de cima.

— Trancada? _Desconfio.

— Esqueci de te avisar, ela foi criada dentro de uma igreja então, reagiu mal a isso. _Observou o lugar. — Aqui a chave. Preciso trabalhar. _Me entregou a chave do quarto e ameaçou sair, com tudo, agarrei em seus cabelos e a fiz voltar. Ela gemia de dor, assustada. — O que...

Grito;

— Você é uma filha da puta. _Aperto seu queixo. Seus olhos arregalam, denota desentendimento. — Nunca mais irá me esconder nada, sabe porque? _Ela nega, medonha. — Você vai sumir daqui, eu não quero te ver nunca mais. Sua vagabunda. _A empurrei. Ela caiu no chão.

— Nao... Eu preciso desse trabalho.

Me ajoelho.

— E eu não quero que ela tenha nenhum contato com uma mulherzinha vulgar como você, ou com qualquer pessoa que esteja presente em sua vida.

— Eu não estou entendendo...

— Simples. _Aliso seu joelho. — Você me vendeu ela. Ela é minha agora.

— Não...

A corto.

— E não se fala mais nisso. _Vendo os seguranças, acenei para eles que vieram imediatamente. — Tire esse lixo do piso importado do meu estabelecimento e cuide para que ela nunca mais coloque os pés aqui. _Dito a ordem, limpei minhas mãos e fiquei de pé.

— Você não pode fazer isso...

Ouço e dou de ombros, seguindo para subir para o andar de cima.

— Já estou fazendo.

Em frente a porta, levo a chave até a fechadura e enfim, abro a porta devagar. O choro baixinho e agoniante soou antes de tudo.

Ansioso para conhecer a moça. Eu sonhava em tê-la no meu domínio. Fiquei imaginando se ela era tão pura e inocente como a Valéria me disse quando me fez a oferta tentadora.

Entro no quarto, trancando a porta e escondendo a chave para não ter nenhum risco dela fugir. Virando-me, retiro minha camisa enquanto a observo sentada na cama, ela está chorando, cabisbaixa e parece angustiada, as mãos estão unidas mais não para quietas.

Ela está rezando.

Jogo minha camisa em qualquer canto e me aproximo da cama.

Regra número 1, nunca reze enquanto estiver aqui dentro comigo. Mantenha Deus longe desse nosso inferno. _Não posso negar que me agrada o que vejo de primeira impressão, a cor da sua pele alva e os cabelos meio longo, escuros e escorridos. Eu gosto. Sinto que fiz um verdadeiro bom negócio e vou aproveitar até não aguentar mais. Curioso para ver suas feições, toco sua cabeça e é tudo repentinamente muito rápido. Como se ela lesse minha mente, ela cai de joelhos no chão, sentando sobre os tornozelos.

Submissão.

Minha boca seca e algo em mim formiga para machuca-la a garganta.

Ajoelhou, agora vai ter que rezar.

— Eu fui enganada... _Soluçou. — Por favor, eu imploro... tenha misericórdia de mim.

Sorrio, nenhum pouco afetado pelo seu emocional fudidamente abalado.

— Regra número 2. _Me agacho, trazendo a outra mão para sua cabeça, com uma necessidade louca de vê-la. Que cheiro de bebê. Fecho os olhos, bebendo seu perfume delicioso. Esse cheiro sim, me instiga. — Não dirija a palavra para mim, ao menos que eu aguarde uma respostas. _Adentrei com as mãos em seus cabelos e impaciente, com tudo fiz fricção para que ela erguesse o rosto. Foi então que paralisei. Meu sorriso dissipa e eu me vi duvidoso e desnorteado. Que inferno é esse? O que porra está acontecendo? — Você? _Desacredito.

Absorto e impactado, caio sentado.

Eu não podia acreditar que a culpada da minha culpa, estava diante de mim, me olhando como uma cadelinha perdida.

Senhorita Thompson.











CONTINUA...

E agora?

A Protegida do Juiz #SérieFilhos(10)Onde histórias criam vida. Descubra agora