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Lucca


















— Como foi o jantar? _O Alfred corre, empolgado.

A Emma passa por mim.

— Boa noite, Alfred. _Dito isso, subiu as escadas.

— O que houve, senhor?

— Houve que estou descobrindo que a Emma não é mais criança e está descobrindo o que eu não queria. _Sigo para o meu escritório.

— Como assim? Descobrindo o que? _Ele entra e fecha a porta.

— O mundo, Alfred.

— Mas ela precisa disso para crescer como pessoa. Muitas pessoas começaram essa descorberta bem antes, a Emma está atrasada e precisa correr. Não lembra como ela me tratou quando chegou? _Eu concordo e me sirvo de whisky. — Assim como você a ensinou que nem sempre a igreja é um bom ambiente para uma verdade absoluta, pode mostra-la o mundo o qual ela não tem conhecimento.

— Não, Alfred. Eu não posso, mesmo querendo profundamente. Tem coisas que ela vai ter que passar sozinha para aprender, não sabe como lamento isso. _Bebo toda a bebida forte, servindo de mais e indo até minha poltrona.

— O que você está querendo dizer?

— O óbvio. Irei dar total liberdade a ela para fazer o que quiser e errar...

— Isso vai devasta-la.

— Não estou dizendo que a expulsarei dessa casa. A Emma está em tudo. Esse lugar não vive mais sem ela. Só digo que não vou mais interferir. Quando ela tiver mal terá sempre a mim para acolhe-la. _O olho. — É isso que quem ama faz, certo?

— O senhor achou que fosse diferente?

— No fundo eu queria que fosse, que ela sentisse que teria a mim para tudo. Mas a realidade é trapaceira, porque todo ser humano precisa se encontrar. A Emma não sabe de nada além do que come ou não, ou do que "aprendeu" com o padre. Ela precisa conhecer lugares, pessoas, prazeres... Tudo.

— Quando diz pessoas. Está dizendo do tipo, se relacionar com homens?

Imediatamente nego e sinto meu peito doer.

— Não. Isso não. Ela é minha. _Confidencio possessivo. — Eu não vou abrir mão dela nunca.

— Mas e se ela descobrir o amor com outra pessoa?

— Não existe essa hipótese. O amor ela vai descobrir comigo. Vou lutar para isso.

— Está sendo radicalmente possessivo.

Sorrio, deitando na cadeira.

— Eu sou um maldito possessivo.

— Vocês brigaram? _Ele sentou, curioso.

Sua sorte era que ele era um bom ouvinte e amigo.

— Não. Só tivemos uma falta de comunicação. _Encaro meu copo, balançando o líquido. — Eu deveria ter quebrado a cara dele, mas não consigo mostrar para ela a porra do ser humano horrível que sou.

A Protegida do Juiz #SérieFilhos(10)Onde histórias criam vida. Descubra agora