A Protegida do Juiz #SérieFilhos(10)

18

Emma Thompson

Tenho muita fome e estou chutando a porta, mesmo fraca, para que me socorram.

— Alguém? Por favor... Eu não aguento mais. _Não tenho nem voz para gritar, estou rouca de tanto que fiz. Sei que minha garganta amanhecerá doendo muito. Mas não tenho alternativa se não gritar.

Encostando a testa na porta, que só podia ser feito de aço, respiro profundamente e contemplo um milagre acontecendo.

Alguém está abrindo-a do outro lado.

Emocianada, me afasto e quando vejo a porta abrir, avanço na pessoa e a abraço forte.

— Obrigada.

— Então é você... _Seguraram meu rosto e finalmente me dou conta que era uma mulher, muito bem maquiada. — Eu vi da câmera de segurança. Não sabia ao certo que dia você viria. _Segurou minhas mãos. — Desculpe a minha falta de educação. Me chamo Paola. Qual é seu nome, menina? _Limpou o molhado das minhas bochechas.

— Emma.

— Tudo bem, Emma. A casa já vai fechar e são 5 da manhã. Eu tive que esperar o Lucca sair para vir. _Avisou. Eu desentendo. — Lucca é o poderoso chefão. _Riu. — Ele deu ordens para que ninguém viesse para esse andar. Agora entendo porque. _Prendeu uma mecha dos meus cabelos atrás da orelha. — Você é linda.

— Senhora, eu preciso ir embora. _Me desespero. — Por favor, me ajuda a sair daqui. Esse lugar não é para mim. Tem muita coisa errada... muita gente sem coração e impetuosa.

Seu olhar mudou, de repente ficava triste.

— Emma, você nunca mais irá sair daqui... Vi ele no salão, dando ordens para os seguranças. Tenho certeza que já ordenou para que não deixassem você sair.

Meu coração acelera. As lágrimas desvencilha como cachoeras, embaçado minha vista e testemunhando tudo que venho passando.

— Não vou mais sair desse lugar? _A olho e ela balança a cabeça, negando. — Mas eu não concordei com isso... a vida é minha. _Eu choro muito.

Nem quando criança lembro de ter chorado tanto, a não ser no túmulo dos meus pais.

— A Valéria te entregou em troca de um carro.

Eu nego, mesmo sabendo que isso era provável.

Solto suas mãos e a dou as costas, voltando a cama e sentando-me, fitando o chão e me sentindo encurralada.

— E agora? O que vai ser de mim? _Me pergunto, tornando a encara-la. — O que ele vai fazer comigo e porque eu?

— Fica calma. _Chegou perto, sentando ao meu lado. — Ele tem fissura por moças com expressão inocente... você é exatamente como ele descreveu a pessoa que buscava. _Acariciou meu rosto. Eu estranho as coisas que ela diz. Que maluquice. — Tão jovem.

— Ele disse que vai me vender para alguém pior que ele...

— Eu não duvido disso, mas fica tranquila e para de chorar. Eu vou te ajudar por todo o tempo que estiver aqui. Pode contar comigo para tudo.