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Lucca










Chego na cozinha e volto um passo, cruzando os braços e escorando-me no batente da porta, observando-a cantar lindamente.

— Na bruma leve das paixões que vêm de dentro
Tu vens chegando pra brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando nossas roupas no varal
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
A voz do anjo sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido já escuto os teus sinais
Que tu virias numa manhã de domingo
Eu te anuncio nos sinos das catedrais... _Ela virou e se assustou. Sorrio, batendo continência. — Que susto. _Levou uns ovos para a mesa. — Está ai há muito tempo?

— O suficiente para perceber que sua voz é tão boa cantando quanto gemendo.

O Alfred passa por mim e pigarreia.

— Senhor... Senhora. _Indagou envergonhado. — A cozinheira chegou. Como é sábado, eu disse que seria bom que eu viesse saber se vocês querem algo de diferente para o almoço ou janta? _Nos olhou, direcionando a caneta até a pequena agenda.

Inoportuno.

— Coloca aí. _Chego a mesa, puxo uma cadeira e tomo lugar. — Emma à milanesa. Eu vivo salivando pra comer esse prato.

— Senhor ...

Ela foi cortada pelo bendito mordomo.

— Fico surpreendido é por ainda não ter a estilhaçado. Eu já teria rendido. _Comentou baixinho.

Eu e a Emma, o encarou.

— O que disse? _Questiono, intrigado.

Ele não iria falar o que ouvi. Iria?

— Ah, se vai querer algo ardido...

Que desculpa esfarrapada.

Alfred. Alfred. _Repreendo.

— Deixa ele senhor. Ele dar umas bolas fora, mas é legalzinho. _A Emma o defende.

Faço gesto para ele que estou de olho e sinalizo com a mão um corte no pescoço.

— Entendi o recado. _Sorriu. — Decidiram o que querem para o almoço ou janta?

— Eu como qualquer...

O Alfred me interrompeu.

— Duvido que coma qualquer coisa. _O olhei e ele fitou a Emma que tomava o café quietinha e depois riu com ironia.

Maldade.

— Você abusa da nossa boa convivência. _Digo.

— É verdade, desculpe-me. Não aguentei perder a piada.

— Emma? _Ela sobe o olhar. — Tem vontade de comer algo? _Ela nega. — Nem essas porcaria que o pessoal da sua idade gosta? Sabadão. Hoje o cardápio está liberado. _Pisco para ela.

Ela fica pensativa e pousa a xícara na mesa.

— Eu não sei... E por que não pedimos algo? _Ela olhava o Alfred.

— O senhor Lucca nunca pede. Ele não confia em comida pronta e que não é feita em casa.

— Sério? _Ela desviou o olhar para mim. — Por que?

— Ele não vai responder, mas minha irmã disse que é porque ele tem muitos inimigos. _O Alfred confessa e eu concordo.

— Já tentaram te matar? _Ela está curiosa.

A Protegida do Juiz #SérieFilhos(10)Onde histórias criam vida. Descubra agora