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Emma Thompson












O termo; "morrer de medo" era desconhecido por mim até essa noite.

Nunca pensei que algum dia em minha vida iriam mentir para mim e me entregarem de bandeja para alguém que eu desconhecia, mas já passei muito veneno por culpa da sua decisão.

A humanidade não tem salvação.

Deus precisa voltar.

Tudo tem ficado tão insuportável.

Mas e agora?

O que vou fazer para sair dessa?

Ele falou de regras. A Valéria falou que sentia muito. Sou ingênua, não posso dizer o contrário, mas sei que algo muito ruim vai se tornar minha vida.

Meu passado, foi esse homem.

Não aceito, que meu destino seja ele novamente.

Isso, nunca.

Com tudo, espalmo as mãos no chão e por um minuto, o olho dentro dos olhos.

Não vejo luz.

Apenas algo sombrio e tenebroso.

Ele está incerto, parece descrente da própria existência.

O que... quer dizer que ele não esperava por mim?

Duvido. Tudo com ele é planejado.

Não adiantava agir como se estivesse perplexo.

Deus e eu estamos vendo que essa confusão é falsa.

Mudo a vista, meus cabelos caindo sobre meu rosto e me impedindo de olha-lo por mais tempo.

Assim é melhor.

Ele não tem nada de bom, além dessa tempestade assustadora no olhar azul.

Imediatamente, fico de pé e dou as costas a essa situação estranha.

Eu não consigo nem agir normalmente. Nunca foi natural eu estar com tanto receio.

Mas estou sozinha, trancada com um homem.

Um homem horrível.

Medonha, dou a volta na cama e me sento, tentando esconder com esse pedaço ridículo de vestido, as minhas pernas e meu decote.

— O que vai fazer comigo? _Com a possibilidade dele me fazer maldade, eu estremeço.

E eu não estava confiante que viria boa coisa.

A Valéria disse que o chefe teria que me ver.

Chefe?

Ele é o chefe?

Mas ele não é um juiz?

Meu Deus! Olha esse lugar. O homem é um desvairado insano e desafortunado de moral, índole e caráter.

Chefe da perdição...

Deus! O senhor existe e ele é o diabo.

De repente, empalideço e me assusto. Ele está gargalhando enquanto fica de pé.

— Isso é bom demais pra ser verdade. Puta que pariu! _Esfregava o rosto.

— O senhor vai vender minha carne igual faz com a Valéria? _O olho, sufocando as lágrimas.

— Sem perguntas, criança. _Seu olhar era sério. — Estou tentando entender a merda que fiz para Deus me castigar assim... com sua presença. _Caminhava entre um lado e outro, agitado, um tanto atormentado e intenso. A alma desse homem estava desordenada. — Por que? _Se perguntou, andou incomodado e instintivamente, parou, encarou-me e então, se apressou até mim, agarrando brutalmente em meus cotovelos, me colocando de pé. — O que você está querendo com tudo isso? Me diga. _Gritou, nervoso, sacudindo-me. Espremo meus olhos, não entendendo nada. — Quer me condena? Responda. _Exigiu, autoritário.

Nego.

— A consciência do ... senhor está pesando? _Falho a voz, entristecida. Ele franziu o cenho. — Eu posso te ensinar a rezar...

— Que teatro é esse? _Questionou, me machucando. — Eu não vou cair no seu maldito jogo.

— Que jogo, senhor?

— Você está brincando comigo? _Seu rosto aproximou do meu.

— Estou lhe oferecendo contato com Deus, nosso senhor. _Viro o rosto. Seu nariz toca nas minhas bochechas e ele esfrega a ponta em minha pele.

— Faça você mesmo o contato com ele. _Chegou em meu ouvido. — Se planejou isso para ficar mais perto de mim pelo que eu fiz há muitos anos, esquece. Eu não quero você aqui. _Ameaçou se afastar, mas tornou a vociferar em meu ouvido. — Eu paguei por você, mas me recuso a ser seu dono. _O olhei. Pagou por mim? Por acaso eu sou um objeto. — Dê adeus aos seus planos. _Ele sorriu sadicamente. — Se for mesmo pura. Irei te vender para alguém pior que eu.

Eu suspiro, iniciando meu choro incondicional.

— Como?

Que homem sujo, Meu Deus!

— Sei que você é sozinha no mundo. Eu vou garantir que viva o próprio inferno. _Ainda rindo, ele se distanciou, caminhando até a porta.

Estou paralisada, apavorada.

Por que ele me odeia tanto?

O que eu fiz?

— Eu fui enganada... Eu não minto... eu fui enganada. Eu quero ir embora, moço. Eu não estou gostando disso. _Fungo. — Eu não entendo muito a sua forma de dizer as coisas, mas sei que é algo ruim... Eu não quero... Eu sou livre. Não pode ser meu dono ou me vender aos porcos. Terá a mão de Deus pesando em sua vida.

— Ela já pesa, criança. Desde o dia em que você cruzou o meu caminho. _Bateu a porta, deixando-me na minha maior vulnerabilidade.

Estou perdida.

E sozinha.

Deus vai me abandonar de novo.








CONTINUA...

Fica difícil passar o pano toda hora, Lucca.

A Protegida do Juiz #SérieFilhos(10)Onde histórias criam vida. Descubra agora