A Protegida do Juiz #SérieFilhos(10)

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Emma Thompson

Assim que peguei meu bilhete único, o recarreguei e fui diretamente para a igreja. Estava com saudades do padre João Francisco e precisava ver como ele estava.

— Filha, que alegria. _Levantou-se feliz. Ele estava ajoelhado em frente a imagem de Cristo e não se conteve em me ver.

Corro para abraça-lo.

— Como o senhor está? _Quero muito saber.

— Estou bem, graças ao nosso bom Deus. E você?

Sorrio, afastando-me e beijando suas mãos.

— A bênção, padre. _Curvo o corpo.

— Deus te abençoe. _Fez o nome do pai em mim.

— Eu estou bem. Tenho passado por cada perrengue. Fora daqui é tudo tão perturbador. _Confesso, o abraçando pelos ombros e caminhando, junto a ele até a sacristia.

— Conte-me mais sobre isso. Parece tão incrédula. _Percebeu e eu estava mesmo.

O mundo lá fora é tão diferente da casa de Deus.

Sigo até a cafeteira e sirvo duas xícaras de café, tornando a mesa onde o padre sentava.

— Passei por um sufoco. Quase me levaram para a cadeia por conta de um mal entendido.

De repente, o padre me olhou alarmado.

— Meu senhor! Como foi isso, minha filha? Você está bem? _Se preocupou.

— Fica tranquilo. _O acalmo, entregando o café e me sentando. — Eu estou muito bem, obrigada. Foi apenas um mal entendido. Não se preocupe.

— Minha consciência está pesando tanto. Você não merecia passar por isso. _Olhou o nada, com tamanha tristeza.

— Tudo faz parte para a minha evolução, padre. Deus sabe que preciso passar por tudo isso e que tudo tem um propósito.

— Eu não suportaria te ver sofrendo, minha filha. Você é como se fosse minha filha caçula. Não deveria ter te mandado embora...

— Não se lamente. Foi necessário e o senhor me disse que eu precisava seguir meu próprio destino. _O lembro, tocando suas costas. — Estou falando sério. Eu estou bem agora. _Me ajeito na cadeira. — Me conte as novidades da casa de Deus?

— As mesmas de sempre. _Bebericou o café e ficou pensativo. — Aquele homem... ele voltou novamente.

— Aquele que antes de pecar vem se confessar para o senhor?

— Sim. Nunca conheci alguém tão...

— Sem-vergonha?

O padre me olha.

— Não. Eu ia dizer insano. Ele carrega uma mágoa muito grande no coração. A alma dele é um tanto...

— Carregada.

— Isso. _Concordou. — Ele tem tudo que leva as pessoas a pensar mal dele. Ele quer mesmo que as pessoas pensem mal de si. Mas eu não vejo tanta escuridão no mundo dele. _Confidenciou algo que nunca falou sobre nenhuma pessoa.

Fico mesmo, muito surpreendida.

Quem seria esse homem que, bom, faz o padre afirmar essas coisas?

— O senhor está confessando o que disse para ele em segredo de confissão?

— Não. Tudo que ele me fala é segredo, ele fala o que vai fazer e eu acendo uma vela quando ele sai. Ele tem isso ao seu favor. Ele não peca e depois se arrepende. Ele vem aqui já arrependido antes mesmo de colocar em prática seu pecado. Ele tem tamanha transparência com Deus que chega a ser esplêndido.

Franzio o cenho.

— O senhor está bem? _Toquei sua testa, medindo sua temperatura. — Não é possível que o senhor esteja falando daquele mesmo homem que me contou que veio aqui há um tempo e o deixou irritado pelas barbaridades que disse.

— Sim, filha. É ele. Como padre, não julgo ninguém e reconheço os pontos positivos. Aquele homem é perverso, mas não tanto quanto demonstra. O erro dele é acreditar que comanda e controla tudo a sua volta. Não é errado ser perfeccionista. Ele faz isso para não ter que lidar com o sofrimento. _Me encarou. — Controlar tudo é saber que não podem te decepcionar. É está preparado... É não confiar sua vida nas mãos de terceiros... Filha, se lúcifer tivesse sido tão perspicaz assim, Deus o entenderia.

Eu estou chocada.

Que loucura.

Eu não peco, porque acredito que Deus irá me castigar.

Já esse homem, ele peca e parece que é perdoado.

Emma, essa é a diferença entre não fazer o que tem vontade e fazer o que tem vontade.

Deus não perdoa quem passa vontade.

Está escrito na bíblia.

CONTINUA...

Se o padre disse... tá dito.