65

21.4K 1.4K 411
                                    







Emma Thompson
















Abrindo a porta, o padre João Francisco se chocou.

— Filha, o que aconteceu?

— Me abraça. Me abraça, padre. Me abraça muito forte. _Me joguei em seus braços, chorando feito uma criança que levou um tombo maior do que cair de bicicleta. — Eu preciso sentir...que alguém se importa comigo. _Eu fungo.

— Está tudo bem, querida. _Me acariciou a cabeça e beijou minha testa, puxando-me para entrar e fechando a porta. — Vem comigo tomar um cházinho de camomila, ele é muito bom para os nervos. _Me abraçou pelos ombros e me fez caminhar.

Minha visão estava turva, eu não enxergava nada além da vergonha.

Foi um completo desastre.

Ele me descartou feito um lixo.

Eu achei que ele iria gostar de me ver...

Meu Deus! Eu sou uma tola.

O padre arrastava uma cadeira e eu sento, logo ele está me servindo de chá e sentando do meu lado.

— Padre, eu o procurei. _Confesso, voltando a ficar aos prantos.

— Por que, querida? Não foi você quem saiu da casa e não quis saber mais dele? Por que foi atrás?

— Ele voltou para o Brasil e eu quis surpreende-lo, mas foi horrível... Foi horrível, padre.

— Se acalme. Me diz, por que você foi?

— Saudades, padre. Eu juro que por todo esse tempo senti saudades. Eu evitei pensar nele porque sabia que em algum momento, eu voltaria para ele. _Me desespero. — E esse dia foi hoje. Quando a Paola me disse que ele estava aqui, eu simplesmente, como uma boba, fui. _Fecho os olhos com força depois de ver o Padre piscando, perdido.

— Mas, filha. Você me disse que havia o esquecido.

Com tudo, levanto-me.

— Esquecido, Padre João? Por Deus! Eu não esqueceria o Lucca nem se quisesse.

— O que quer dizer com isso? _Desentendeu.

Eu suspiro, as lágrimas grossas derramando em cachoeira.

— Padre... Eu tentei, eu juro por Jesus Cristo que tentei. Mas eu descobrir que sou muito apaixonada por ele. _Revelo de uma vez por todas.

O Padre também ficou de pé, parecia duvidar, pois se encontrava incrédulo.

— Não é possível.

— É claro que é. _O dei as costas. — Acha que eu queria gostar dele? _Eu nego. — É óbvio que não. O Lucca é um desgraçado... _Apressadamente, viro-me, o encarando enquanto suspiro e toco meu peito. — Mas é o desgraçado por quem o meu coração erra as batidas.

— Você tem certeza disso? O ama mesmo?

Eu balanço a cabeça, positivamente.

— Eu achei que nunca saberia o que é isso e procurei evitar responder a todos que me perguntavam se eu o amava. Eu precisava ter certeza e não pressão dos outros. Mas eu suspiro por aquele idiota, Padre. Eu cheguei a conhecer outras pessoas, mas não adiantou. É por ele que meu coração bate, é ele quem eu penso todas as noites antes de dormir. Padre, sempre foi e será ele. _Choro. — Eu precisava sair da sua casa para perceber isso e mostrar para ele que eu não precisava-o como um guardião. Padre, se eu tivesse ficado eu nunca saberia que me apaixonei por ele no dia em que me entreguei de corpo e alma. Foi também de coração. Não foi por agradecimento, não foi por simplesmente somente desejo, foi por amor. Eu sei que foi.

— Calma, não chore.

— Não tem como. Agora está tudo perdido. Eu notei hoje, que para ele, eu não passo mais de um passado o qual ele quer esquecer.

— Se você contasse a ele tudo o que está me dizendo...

Nego, com veemência.

— Eu vi hoje que ele não acreditaria. Ele não teve um pingo de carinho. Seu olhar foi frio o tempo todo. Ele fez o que queria e me deu as costas. _Choro, me sentindo usada e reconhecendo que se estou assim é porque eu procurei.

— Filha, o dê um tempo. Imagina como foi para ele todos esses meses, você sequer ligou. Ele te deu a liberdade de escolha, mostrou que o amor dele era livre e você foi se redescobrir. Ele pensou que vocês era algo impossível. Pensa, você foi sem se despedir, não ligou e é mais jovem que ele. A cabeça do homem deve ter o maltratado. Não estou dizendo que você não podia ir. Filha, você é livre para fazer o que tem vontade, mas é meio estranho só agora você dizer que o ama. Não seria um capricho porque o viu?

Eu sabia que ninguém me entenderia.

— Padre, eu estou dizendo que sei que o amo a algum tempo e o senhor acha que é só porque eu o vi, todo imbatível e lindo como nunca? _Gesticulo. — Como disse, eu sou nova ainda, tenho 20 anos, isso não justifica meus erros, mas eu sou mulher e sei do que estou falando, eu o amo. Não dúvida disso, por favor. Eu nunca fui tão sincera nem com ele como estou sendo com o senhor, acredita em mim.

Ele veio me abraçar.

— Se você está dizendo, eu acredito, Filha. Agora aquieta esse coração e vamos resolver isso.

— Como? _O olho. — Ele me odeia.

— Não. Ele só está com o ego ferido.

— E se ele não quiser mais nem conversar comigo? _Fico angustiada. — Eu só precisava de uma conversa com ele.

— Se ele está aqui no Brasil, não irá demorar até ele vir se confessar. Eu vou falar com ele.

Meu coração acelera, cheio de esperança.

— Diz que a gente precisa conversar.

— Eu direi, querida. _O Padre limpou meus olhos e me beijou na testa.

Que não seja tarde demais.

Afinal de contas, eu estava dando sorte, mas estou com medo de que no amor eu fracasse.









CONTINUA...

🙏🙏🙏🙏🙏

A Protegida do Juiz #SérieFilhos(10)Onde histórias criam vida. Descubra agora