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Emma Thompson










- A noite está tão linda, não é senhora? _Aproximei da dona da pensão e sentei no degrau ao seu lado.

- Sim, está encantadora. Veja quantas estrelas brilhantes. Será verdade mesmo, que é de pessoas quando morrem? _Me olhou, repentinamente, como se eu estivesse uma resposta realmente verdadeira.

Ligeiramente, sorrio.

- Acredito que não, porque quando Deus fez a noite, o céu já tinha essas estrelinhas e naquele tempo ainda não havia ser humano. Então, é história que o povo conta. _Declaro o meu ponto de vista. - Mas se a senhora pensa que é, não tem problema. A imaginação é nossa. _Recolho sua mão e noto seu olhar na estrada. - A senhora não está aqui para olhar o céu. O que te aflige? _Sei que sou invasiva, mas é inevitável não me importar com as pessoas.

- Minha filha Sara.

Me espanto.

- Sara? A senhora tem duas?

- Não. Somente a Sara.

Pisco.

- Mas ela me disse que se chamava Valéria. _Desentendo.

Por que que ela mentiu?

- Não, querida. O nome dela é Sara. Valéria é o nome que ela usa no trabalho. _Corrigiu o que eu não sabia.

- Ah, tá. _Observo o nada, alisando sua mão enrugadinha. - Mas por que que ela usa outro nome? _Torno a olha-la, estou tão curiosa.

De repente, me assusto e solto a mão da senhora para tocar meu peito. Meu coração bate em desespero. Um carro buzinava em frente a pensão em disparate.

- Quem será? _A senhora ficou de pé, tentando captar com o olhar quem estava no carro. - Sara? ... Meu Deus! É a Sara. _Desceu os degraus, apressada.

Semicerro o olhar, olhando-a.

- Veja mamãe. Consegui o nosso carro. Agora vou poder te levar ao hospital.

A Valéria ou Sara. Não sei como devo chamar. Ela saia do carro e alegremente abraçava a mãe, enchendo-a de beijos.

Por um instante, tive inveja daquilo. Um abraço apertado e o cheirinho da minha mãe. Eu não tinha e tive por tão pouco temo.

Suspiro, me abraçando. Está tão frio.

Sorrindo para a cena linda de mãe e filha, subo o degrau que estava sentada e caminho até a porta de entrada.

- Emma. _É a voz da Valéria.

Viro-me, segurando na maçaneta da porta.

- Venha até aqui ver meu carro. _Me chamou com as mãos. Ela estava saltitante.

- Não quero atrapalhar...

- Por favor, venha. Vamos dar uma voltinha. Eu, você e minha mãe.

Abro a boca e me vejo sem saída.

Por que é tão difícil dizer não?

- Eu...

- É rapidinho Emma. Vem.

Solto o ar e desencosto da porta, descendo os degraus e entrando no banco detrás do carro, esperando elas entrarem.

- Filha, como comprou esse carro? _A senhora perguntou, colocando o cinto.

- Meu chefe financiou.

- Como assim?

- Ele pagou e eu pagarei para ele.

- Sara, não me agrada nenhum pouco isso. Você me disse que não ia aceitar nada de nenhum deles. _A senhora ficava alterada.

- Mamãe, tudo que faço nessa vida é pensando na senhora. A senhora está doente e não pode ficar andando de ônibus.

- Doente? _Repito. A Valéria me encara do retrovisor.

- Minha mãe tem cardiopatia. Uma doença cardíaca que afeta o coração e os vasos sanguíneos.

Me choco, tocando no ombro da senhora.

- Meu Deus, senhora. Eu nunca poderia imaginar...

- Para minha mãe viver saudável assim é preciso muitos remédios. Por isso que ela entende meu trabalho. _A Valéria olhava para a mãe. Com tanto amor. Era emocionante. - Eu faria qualquer coisa para vê-la bem. _Deram as mãos.

- Odeio saber que você se sacrifica por mim. _Comentou com tristeza.

- Chega disso. _A Valéria esfregou o rosto. - Vamos estrear o carro da minha velhinha. _Ela ligou o veículo e deu partida.

- Sei chefe tem muita confiança em você, não é Valéria? Um carro novo é tão caro. _Digo, contente por ela.

- Você gostaria de ter um desses, Emma? _Por um segundo, me fitou do espelho.

- Não. Não por agora. Penso que tenho que trabalhar muito para conseguir.

- Não. Não precisa se matar por anos.

- Sério? _Me surpreendo. Ela concorda.

- Quer conhecer o lugar onde eu trabalho?

- Sara, não...

Ela cortou a mãe.

- Está tudo bem, mamãe. Fica de boa.

- Eu posso conhecer seu trabalho? _Me empolgo toda.

- Sim, claro que pode. Irei te mostrar tudo, cada cômodo. Se você quiser, eles estão pegando moças, principalmente assim como você, sem nenhuma experiência.

Será, meu Deus, que irei conseguir meu primeiro emprego?

Tomara que sim. O dinheiro que o padre me deu está acabando e eu preciso começar a me virar.

Um emprego cairia do céu.

Ainda mais, um com um chefe tão bom como esse da Valéria.

Se eu for mudar de nome, qual nome eu escolheria?

Bom, eu gosto de Maria.

Me lembra a virgem Maria.










CONTINUA...

Ah, nãoooooo Emma.

Essa ingenuidade tem que acabar, não é possível.😲

A Protegida do Juiz #SérieFilhos(10)Onde histórias criam vida. Descubra agora