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Emma Thompson












— É aqui que você trabalha? Nesse prédio? _Pergunto ao sair do carro.

— Sim, não é lindo a entrada?

Desconfortável com o vestido que ela me obrigou a vestir e a maquiagem carregada, tento desce-lo para cobrir mais minhas pernas, mas não dá. Já está muito justo.

Deus! Que eu passe despercebida entre as pessoas.

— É sim e tem música alta. _Olho em volta. — Muitos homens indo e vindo. _Percebo.

— Ai dentro é pura diversão. _Comentou sorridente, vindo a me arrastar para dentro. — Licença... Licença. _Ela pedia para as pessoas e em fim estávamos dentro.

De repente, me choco e solto suas mãos para cobrir meu rosto.

— Valéria. Por Deus! A coitada da mulher está nua...

— Para de ser boba. _Arrancou minhas mãos do meu rosto. — Você vai descobrir o que tinha no fruto proibido que Deus ocultou da Eva e do Adão. _Segurando meus pulsos, ela me trouxe para o meio dos tantos homens que se aglomerava. Eu cresço os olhos e tremo, suando frio e com medo. Eu nego, isso não é para mim, não gosto disso. Então eu choro, miúda entre tantos gigantes. Não é o meu mundo.

Onde eu estou?

— Me solta. _Empurro um dos homens que segurava meu queixo, mas quando dou por mim já tem outro me abraçando por trás e grudando seu corpo no meu. O cheiro de álcool é tão forte que me trás lembranças terríveis e que jurei esquecer para sempre.












— Emma, princesinha. _Ouvi e com muito medo, me enrolo de cabeça e tudo e fico quietinha. Rezando para que hoje desse certo e eu fosse poupada.

— Sei que está acordada, querida. _Sua voz é arrastada, o que denuncia sua embriaguez. Espremo os olhos com força, eu ouço seu salto e de repente, a cama pequena que durmo afunda. Eu seguro o edredom, mas não adianta muita coisa, ela o puxa de mim com violência e eu me encolho, de olhos ainda fechados e apertando minhas pernas.

Ela vai mexer comigo de novo.

Minha tia vai me tocar muito feio e eu não gosto.

Suas unhas grandes me machucam.

Por que ela faz tanto isso comigo?

Por que Deus?

Não olho, mas sinto pela sua respiração que ela está perto. — Eu contei de você para um amigo meu... Emminha, minha sobrinha querida. Ele quer te conhecer.

Com aversão, me sentindo em perigo e acuada, começo a trincar os dentes, os batendo como se estivesse com frio. Meu tremor era tão tamanho que enquanto arrepiava a pele, molhei toda a cama ao fazer xixi.

Com 9 anos, eu fazia xixi na cama.

Eu estava apavora e sem saída.

Me deram o inferno em vida e eu sou somente uma menina.














Abro os olhos e mesmo nessa realidade que não quero, com a visão turva, pego a mão que está em minha barriga e trago a boca, mordendo fortemente e só o soltando quando me puxam e me arrastam escada acima.

— Emma, sua maluca! O que você fez? _Era a Valéria, nos trancando em um quarto.

Eu não me permito chorar mais, mesmo sendo fraca e querendo fazer.

— O que você faz? O que é esse lugar? E por que me trouxe aqui com essa roupa ridícula? _Limpo as lagrimas traiçoeiras.

— Emma... _Ela da um passo e eu recuo.

— Não chega perto. _Murmuro, tremendo os lábios.

— Eu sou paga para satisfazer os homens.

O golpe sendo cruelmente fatal, achei que nunca mais lidaria com esse tipo de situação.

Eu balanço a cabeça.

Isso não é possível.

Você é... _Me recuso a completar essa maldição e choro, não me contenho. Ela faz ... — Oh meu Deus... _Viro-me, caminhando lentamente até a cama e me sentando para não cair.

— Isso aqui é uma boate liberal e acontece de tudo. Tudo de ruim que você possa imaginar aqui você encontra. _Confidenciava.

— Por que me trouxe? Por que me falou de trabalho? _Não entendo.

— Porque realmente estão contratando meninas como você. Eu queria que você conhecesse o lugar...

O que?

Franzio o cenho, minha cabeça dói muito.

— Você, sabendo que sai agora pouco da igreja, onde fui criada por um padre... Você achou mesmo que eu me interessaria por essa perdição? _Estou descrente. Aquela advogada tinha razão. As pessoas não entendem o caminho de Deus que sigo. Não tranquila, fico de pé e respiro. — Estou procurando salvação e não mais pecado. Deveria procurar o mesmo enquanto há tempo. _Revelo, caminhando até a porta e abrindo-a.

Em um único passo para estar fora, a porta bate e a Valéria entra na frente, impedindo-me de sair.

— Eu sinto muito, mas você não vai sair desse lugar até que ele te veja.

Eu pisco, completamente desordenada.

— Quem? _Seu olhar mudou. Não. — O que você fez comigo, Valéria?

— Me desculpa.

Trago uma mão à boca, em negação enquanto dou passos para trás.

— Você vai queimar no fogo do inferno.

— Talvez sim.

Ela abriu a porta e saiu, batendo-a com brutalidade e fechando-a de chave, me deixando sozinha na minha própria incredulidade e confusão.

Maldição foi o dia em que aquele homem me entregou para aquela mulher.

Minha vida nunca mais teve sentido e agora, longe da casa de Deus, tem desandado tudo.

Eu precisava ser forte.

Aprendia a ser ou iriam me devorar.












CONTINUA...

Vc é forte, Emma. Muito forte.

Espero que tenham misericórdia de vc.

A Protegida do Juiz #SérieFilhos(10)Onde histórias criam vida. Descubra agora