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Emma Thompson















1 ANO DEPOIS




— Demitida.

Eu arregalo os olhos.

— Como é? _Estou descrente.

— Você está demitida.

— Por que? O que eu fiz? _Pergunto, chocada e coloco a bandeja no balcão.

— Nada. Só iremos fechar o café. _O senhor arrastou um envelope. — Aqui está os seus três meses trabalhado.

— Senhor, eu não posso ficar sem trabalho. Só nesse ano eu fui demitida quatro vezes e uma, eu pedi demissão.

— Sinto muito, Emma. Mas iremos realmente fechar. O café já era. _Ele olhou em volta, parecia perdido. — E o meu pai cuidou tanto desse estabelecimento para virar isso. É uma pena.

Sentindo a sua angústia, dou a volta no balcão, retiro o meu avental e o abraço.

— Senhor Custódio, não fica assim. Deus sabe de tudo que faz.

— Oh menina, eu acabei de tirar o seu emprego e você está aqui me consolando.

— Está tudo bem. Eu sei que assim como veio esse, irá vir outros. _Me afasto e seguro suas mãos. — Me desculpa pelo que vou falar. Mas o senhor tem que parar de trabalhar e curtir sua aposentadoria. Não pode ficar quebrando cabeça. Devia cuidar da sua saúde. Não sabe como me preocupo com seu coração. O senhor já teve dois infarto, não lembra?

— Você acha isso, menina? Mas e o negócio que o meu pai construiu?

— O senhor deveria se desprender dele. Por que não vende para alguém e vai descansar na sua terrinha? O senhor fala tanto da sua filha, do seu netinho e da saudade. Vai senhor. Viver aqui e sozinho, em um lugar que te trás tantas lembranças ruins como o assassinato da sua esposa. _Fico emocionada ao lembrar algo que ele me contou a pouco tempo quando me chamou para fazer companhia e tomar um cafezinho já que não tinha nenhum cliente, na verdade, faz tempo que esse lugar aqui teve alguém.

— Filha. O que você acha de ficar com esse ponto?

Eu me afasto, desentendida.

— Como?

— É. Veja, é na avenida e é bem movimentado. Eu tenho certeza que você pensaria em um negócio bom para alavancar.

— Senhor, eu adoraria, mas não tenho dinheiro para isso.

— Não. Eu não quero nenhum dinheiro. Eu quero te dar esse ponto.

Eu nego, escandalizada.

— Senhor...

Ele me corta, irredutível.

— Sim, Emma. Você tem uma luz e sei que faria desse lugar algo surpreendente. Eu vou embora como você me diz que devo fazer. Mas eu quero ir sabendo que esse espaço ainda irá viver e que está em boas mãos. Fica com ele, Emma. Por favor.

— Não, eu não posso aceitar. Isso é um absurdo. O senhor mal me conhece.

— Emma, você se preocupou comigo como ninguém e salvou a minha vida duas vezes. Se estou vivo é porque você veio trabalhar aqui. Aceite, menina... Dê uma nova cor para esse lugar, consiga algum sócio e faça sua vida.

A Protegida do Juiz #SérieFilhos(10)Onde histórias criam vida. Descubra agora