Olhei para Marco e ele estava rindo, não bravo por causa de alguns copos de refrigerante derramados sobre ele. A camisa branca ficara quase transparente com o líquido e dava para perceber o incomodo que causou nas outras três pessoas da sala. Mei e Sam fingiam que a roupa dele não estava colada em seu corpo molhado e Augusto fingia não se importar pelo professor ser muito mais musculoso que ele e eu juntos, eu estava totalmente a parte do momento, sem reação alguma.
- Me desculpe? - perguntei entregando uma toalha - Não foi a intenção...
- Será mesmo? - sua expressão não era de bravo, estava até rindo - Acho que isso foi um pedido para que eu me retire daqui.
- Se quiser ver assim... - Mei respondeu sem esconder que aquilo era verdade.
- Então já vou, alguém pode abrir a porta para mim?
- Claro - ela foi até a porta abri-la com um falso sorriso - mas antes... Dan venha se desculpar.
- Desculpe-me senhor Lich não foi a minha intenção, se eu puder compensar...
- Pode sim - respondeu rápido, não me lembrava de Marco ser assim - na verdade duas coisas. Primeira me chamo Marco e não senhor Lich e você sabe disso, segunda eu posso usar seu banheiro para me trocar antes de ir?
- Primeira porta do corredor - Mei respondeu fechando a porta.
Quando ele saiu, já trocado, estava com uma calça jeans escura e um blazer azul marinho, bem mais casual do que antes. Mei ia o expulsar de novo, estava até na porta segurando o maçaneta, mas quando o viu, pareceu mudar de ideia. Ele sorriu com o canto da boca quando percebeu que ela desistira de mandá-lo embora.
- Vamos comer, já está tarde e a pizza da para todo mundo - Mei falou se conformando.
- Se insiste - respondeu e sussurrou a última frase - se cair refri na sua roupa você põe um vestido preto?
Pelo visto só eu e Mei escutamos aquela parte, pois At e Sam cochichavam sobre qualquer coisa que não me interessava. Mei corou um pouco ao ouvir aquela frase, não há motivos para ficar envergonhada por causa disso. Marco pareceu ficar feliz com isso, devia ser algo relacionado a suas roupas, pois depois que ela o viu que ficou mais "sociável". Algo naquelas roupas me lembrava de uma data importante que eu não estava presente.
Formatura do terceiro ano de Mei, as características das roupas se encaixavam perfeitamente. Ela estava com um vestido preto e ele com um blazer azul escuro, não idêntico ao que estava usando, mas muito parecido com este. Lembranças mexem com todas as pessoas, principalmente esses dois a minha frente.
A pizza estava muito boa, todos estavam rindo e separados em grupos. Mei e Marco em uma espécie de quase conversa civilizada, At e Sam discutindo a mesma coisa de antes e eu não podia saber sobre o que era. E eu, bem eu estava parado rindo de algumas piadas que eram soltadas sem destino e reparando em todos. Me senti a maior das velas do mundo, tudo bem que Mei e Marco não se davam muito bem e o At com Sam não namoravam, mas o clima estava romântico demais para mim.
- Então crianças para seus quartos - At e Sam não reclamaram e foram subindo - e você Dan vai ficar aí?
- Vou arrumar as coisas - menti.
- Então já estou indo - Marco respondeu pegando a maleta.
- Você se incomoda de ficar mais um pouco para conversar? - perguntou com a voz falha já se arrependendo de ter começado a falar - Dan estarei no meu quarto se precisar.
- Ok - deixei as coisas mais ou menos arrumadas, esperei ela entrar no quarto e corri para o escritório.
No escritório liguei o computador e coloquei na câmera do quarto da Mei, cheguei ao ponto que ele terminava uma frase com "queria me falar". E comecei vascular qualquer evidência sobre os FN's, por algum motivo tio John tinha um marca dessa nas costas mas ninguém gostava de tocar neste assunto. A conversa dos dois foi água com açúcar, se desculpando dizendo que sente falta de conversar que a amizade deles era algo bonito...
Enquanto isso eu procurava qualquer sinal dos FN's e encontrei. Uma pasta com vários nomes e relações entre eles, alguns eu conhecia como Gabe e dois garotos da escola, outros eram desconhecidos, mas o que me chamou atenção foram três nomes. Marco, Eliot e Lucien. O primeiro na lista de ex e causa, o restante como mortos o último tinha um asterisco (*).
Baixei o arquivo em um pendrive e sai do quarto a tempo de ouvir "Vamos começar de novo, prazer o meu nome é Marco Lich" e lembrar que o notbook estava ligado, "Mei Ilun, até algum dia". Corri para a cozinha antes deles chegarem lá, guardei o pendrive no bolso e comecei a lavar os copos.
- Dan, você ainda está aqui? - Mei perguntou, mas logo me viu - O senhor Lich já está indo embora.
- Ok, tchau Marco até amanhã eu acho.
- Tchau pequeno - respondeu com um sorriso e se corrigiu - digo Dan, até amanhã.
Tudo estava ocorrendo bem, Marco e Mei não estavam mais brigados a ponto de expulsá-lo de casa em qualquer oportunidade, eu consegui um arquivo importante, os dois estavam bem e com segredinhos. Tudo estaria ótimo se o Gustavo não tivesse ligado desesperado.
- O Augusto está aí?
- Tá sim, por que?
- Chame a sua mãe Dan é urgente.
- Mãe, Gustavo que falar com você... - ela pegou o telefone e começou a escutar seriamente com ele por bastante tempo.
- E eles tem marcas de que?! - dito isso ignorou minha expressão de duvida e correu para o quarto que At estava e abandonou o telefone - Augusto você está bem?!
Escutei Guts ainda no telefone gritando por Mei, algo na conversa dos dois era bem sério, tanto que Mei nem se dispedira dele. Peguei o telefone e imitei o melhor que pude o Hum... de Mei.
- Tente não assustá-lo, é complicado para um adolescente nas condições saber que os pais estão internados e possivelmente foram atacados pelos FN's...
- Os pais de At estão o que? - perguntei e larguei o telefone e corri para o quarto de At e ainda escutei Gust gritando Dan ao telefone.
Chegando no quarto dele o vi do lado de fora da janela e se preparando para voar, Mei estava gritando para ele parar, que isso não resolveria os seus problemas e ele a ignorou. Fui em direção a janela já a pulando.
- Eu vou atrás dele, não se preocupe que logo voltamos.
- Dan, não... - falou indecisa do que fazer - só tome cuidado, não quer que eu vá?
- Não, eu vou - respondi tirando a camisa a deixando somente no pescoço e retirando o protetor.
Voei muito para alcançar At, o lado bom de se treinar é ser mais rápido, eu por outro lado não praticava muito. Quando cheguei perto dele ele desceu e se sentou no alto de um prédio, a nossa sorte era que não havia ninguém acordado aquela hora da noite e que nossas asas são negras, pois se não seriamos caçados como aberrações.
- At, não se preocupe eles vão ficar bem...
- Não, não vão eles se tornaram humanos - falou com a voz firme mas deixou uma lágrima fugir.
- E isso é ruim? - perguntei entendo que o acidente foi um ataque e tornar-se humanos não seria tão ruim, seria mais seguro.
- Eles nunca mais se sentiram livres como quando voam, e mais perderam muito sangue e Eshys possuem outro tipo de sangue não sei se vão sobreviver.
- Não fale assim, vai ficar tudo bem...
- Eu sei, mas só quando eu acabar com os malditos que marcaram as letras FN nas costas da minha família. Dan eles irão morrer em minhas mãos...
Dito isso ele voltou a voar, mas muito mais rápido do que antes e minha única escolha era tentar segui-lo para qualquer lugar. Mesmo que seja para um luta ou para o derramamento de sangue que ele agora procura.
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A procura do Amanhã
RandomDan, sempre foi uma criança e adolescente responsável, mas tudo mudou quando decide encarar o próprio passado e sem conhecê-lo não consegue olhar para frente. O futuro parece inviável diante a neblina que cobre o passados, mas será que o pequeno e i...