Chegamos em casa já felizes, pelo menos eu consegui animar minha mãe. Liguei a televisão e comecei a assitir um programa sobre jovens bem sucedidos, e para a minha surpresa o tio John estava lá com seu sócio, um brigando com o outro e ajeitando as gravatas para a entrevista. O tio sempre animava minha mãe, mesmo longe ele conseguiu tirar um sorriso da sua cara séria. Assistimos o programa juntos e depois Mei foi fazer o almoço, eu continuei assistindo a tv no canal de desenhos até alguém tocar o interfone.
- Vê para mim quem é Dan?
- Claro mamãe - respondi e fui atender o interfone - Quem é?
- Sou o carteiro, você poderia trazer um caderno e caneta para receber a correspondência? - eu reconheci aquela voz, era Marco.
- Então, quem é? E por que está indo pro quarto?
- É o carteiro, uma correspondência para mim e tenho que assinar - respondi correndo de volta - já volto.
Sai de cada com meu caderno e vi Marco do lado de fora da grade, eu não menti para minha mãe, era uma meia verdade. O carteiro é aquele que entrega cartas, ele entregava cartas que eu nunca pude ler e ele pedia para eu não ler, não eram direcionadas a mim e sim a minha mãe apesar dela nunca abrir, pelo menos não na minha frente. Ele estava como sempre, blaser, calça jeans escura, uma maleta preta e um protetor para cartolina que parecia ter taco de basebol dentro e não projetos.
- Olá campeão - falou ele bagunçando meu cabelo - a quanto tempo?
- Oi Marco, te trouxe meu caderno.
- Mas já? Gosta mesmo de escrever ou sua vida é muito mais agitada para uma criança da sua idade... Falando nisso, quantos anos já tem?
- Tenho 10 anos - respondi com um sorriso.
- Já fazem 6 anos - murmurou, mas eu ignorei e logo continuei.
- Eu escrevi muitas coisa, algumas dúvidas... E... Marco você é meu pai?
- Não, já disse isso. Gostaria, mas não sou. Por que essa pergunta de novo?
- Trabalho de escola - respondemos juntos, eu queria que ele fosse meu pai.
- Eu não te trouxe um outro caderno não pensei que escrevesse tanto, mas te trouxe um exemplar do meu primeiro livro Luta pelo Vazio.
- Que legal - sorri, peguei o livro que me foi estendido e falei sem parar - fala sobre o que? Posso ter um autógrafo? Como que você públicou? Você não é arquiteto? Um dia eu posso publicar um livro também?
- Respira moleque - falou ele rindo - vou te responder começando pela última pergunta ok? - acenti com a cabeça e ele continuou - Pode sim, basta querer, ter determinação e correr atrás.
- Como você fez? Alguém te descobriu?
- Não, sou um arquiteto que gosta de escrever e que bancou o próprio livro.
- Quando você vai lançar nas lojas, ou já lançou? Qual é a história, adorava quando me dava alguns livro para ler.
- Só fiz este, foi difícil achar uma gráfica que fazesse só um livro, mas consegui.
- Se-sério?
- Sim, a história é de um viajante que foi avisar as autoridades de um futuro ataque. Ninguém acreditou e houve o ataque...
- É a sua história, a que você me contou ao invés de me entregar escrito.
- Você se lembrou? Mas você era pequeno, tinha acabado de se mudar não era?
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A procura do Amanhã
RandomDan, sempre foi uma criança e adolescente responsável, mas tudo mudou quando decide encarar o próprio passado e sem conhecê-lo não consegue olhar para frente. O futuro parece inviável diante a neblina que cobre o passados, mas será que o pequeno e i...