Capítulo 6

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Os dois velhos amigos da minha mãe me salvaram de um possível castigo por chegar tarde em casa, mas como eu iria explicar a presença daquela garota nas minhas costas. Mãe esta menina me atropelou e começou a me bater, mas quando tentou ir embora vi que ela tinha machucado a asa... Então quando machucamos a nossa asa as costas ficam marcadas e já não contei isso pra você? Enfim, depois disso a trouxe para casa. Minha explicação seria razoável se dissesse a verdade, Juan iria olhar estranho para nós, já que só Ana sabe que somos Eshys e ainda quer estudar sobre a anatomia de nossas asas. Então eu menti.

- Mãe essa é uma conhecida, eu a trouxe para casa por que passou mal...

- Depois conversamos sobre isso. - ela não acreditou, virou sorrindo para o casal simpático que me ajudara - Vamos entrem, não podem ficar aqui fora e ainda tenho que arranjar uma cama para esta aqui.

Os três ficaram na sala jogando conversa fora, colocando ela em dia, três adultos com uma garrafa de vinho e muito assunto. Fiquei no quarto em que a menina foi colocada, quando ela acordasse teria pelo menos alguém para explicar a situação e onde ela estava. Depois de muito tempo no tédio, não tinha coisa alguma para fazer, já tinha lido última metade do livro que Marco me deu o terminando. Eu já havia lido 5 vezes, matava a saudade que eu tinha dele, mas me dava mais curiosidade em saber se ele sabia sobre a existência dos Eshys. Sai do quarto para comer algo e vi Juan e Ana indo embora.

- Tchau Dan - disse Ana e Juan reparando que eu estava lá - até mais.

- Mocinho por que ainda está acordado? Já está na hora de dormir, não é porque amanhã é sábado que pode acordar quando quiser.

- Só vou comer e já vou pro quarto.

Fiz quatro lanches, suco e peguei um analgésico. Minha mãe iria precisar dele mais tarde, sempre quando tinhamos visitas ela ficava feliz e bebia, como não estava acostumada a beber um pouco já necessário para ter dor de cabeça. Comi um lanche com a minha mãe e fui para o quarto com os dois restantes mais dois copos de suco. Ao chegar no quarto que a garota estava, deixei a bandeja com o lanche na cabeceira e fui verificar a temperatura dela, não é normal ficar tanto tempo desacordada. Quando cheguei perto percebi que ela estava acordando, cheguei um pouco para trás para dar espaço a ela. Como resposta a minha hospitalidade recebi um soco na cara, não tinha acordado completamente e me socou.

- Ai! - gritei com raiva, logo minha mãe apareceria na porta do quarto - Qual é o seu problema?

- Me desculpe - sussurrou ela.

- Claro... O que? Você pediu desculpas?

- Também sei reconhecer um erro tá! - gritou brava, mas voltou seu tom de voz ao normal- Eu só me assustei com você perto de mim, aliás eu nem te conheço.

- Tudo bem. Bem, se não me conhece eu irei me apresentar. Eu sou Dan Ilun, tenho 13 anos e sou um Eshy ou akuma, como preferir - me apresentei cordialmente, sem alterar a voz para não assustá-la.

- Eu sou Samantha, tenho 13 anos e você disse que é o que?

- Ok, você tem asas não é? - ela me olhou incrédula - Sim, eu sei, aliás você está machucada.

- V-vo-você é um deles? - perguntou com a voz baixa e cansada.

- Não, acho que não - respondi percebendo que minha mãe já estava na porta - pode acreditar em mim.

- Me prova então, me prove que você não me atacou junto da minha família.

- Eu estava na rua e você me atropelou não podia estar te seguindo.

- Como posso saber que você é igual a mim, um Eshy não? O que você disse?

- Sim, Eshy - retirei meu brascelete e deixei com que minhas asas saíssem, não gostava de regata, mas elas facilitavam a saída das asas - como pode ver eu sou um igual, mas nós temos que cuidar da sua asa.

- Isso mesmo - concluiu minha mãe entrando no quarto e recebendo um olhar assustado de Samantha - fique calma, eu sou Mei Ilun, mãe deste rapaz e só quero ajudar.

- Tudo bem, sou Sam, eu queria ficar a sós com a sua mãe Dan.

- Claro - sai do quarto daquele e fiquei no meu.

Como um amante de tecnologia e com material instalei câmeras na casa para minha mãe, pequenas que arranjei com um amigo, na verdade ele era dono da empresa que recolhe o lixo tecnológico da cidade tendo bastante material para a diversão. Naquele quarto em específico eu tinha um monitoramento ligado ao meu notebook, eu usava para treinar aquele cômodo e com as câmeras eu posso aperfeiçoar os golpes.

- Então Sam, como que me descobriu?

- Meus pais me disseram que quando precisasse de ajuda era para chamar você.

- Se puder, me conte o que aconteceu.

- Sim. Meus pais vieram para cá te procurando, a gente precisava de alguns documentos para mim e para a escola. No meio da tarde alguns caras vieram a nosso encontro dizendo que era iguais a gente e que podiam ajudar - uma pausa foi feita e uma lágrima veio.

- Precisa dizer mais nada sobre isso - falou minha mãe, mas com o celular em mãos mostrou uma foto para ela - só me diga se essa tatuagem te diz alguma coisa.

- Sim - na imagem tinha o contorno de uma asas com algumas penas pintadas, a marca que das pessoas que eu deveria manter distância - eles tinham essa tatuagem.

- Ok, Sam o que você acha de vir morar com a gente?

- Eu não sei... quando as coisas pioraram minha mãe me mandou correr e só parar quando te ver, eu obedeci, mas estou com medo não sei o que fazer.

- Fique tranquila, deixe seu passado para trás. O passado não importa - Mei olhou para a câmera e gesticulou - o seu pode ser como o dela, mas siga em frente.

- Ahn, eu posso responder a pergunta depois? Agora estou um pouco cansada e com fome.

- Vou deixar você comer, mas se não se importar Dan pode ficar no seu quarto? Pra sua segurança.

- Eu não me importo, devo agradecê-lo por me ajudar, o máximo que fiz foi socar ele.

- Por isso ele estava com o nariz sangrando? - coloquei a mão para verificar se era real, mas fui enganado - Brincadeira. O lanche que ele fez está ai, logo ele vem para lhe fazer companhia.

- Tudo bem, mas eu fiz o nariz dele sangrar?

- Não, fique tranquila. Boa noite - minha mãe saiu do quarto.

Um tempo depois ela apareceu na minha porta com roupas de cama novas e uma muda de roupa simples, shorts e camiseta, para Sam usar, eu já tinha fechado a página da câmera e entrei em qualquer coisa. Minha mãe me devia algumas explicações, mas como não gosto de intrometer no trabalho dela, não posso cobrar nada por não saber. Cheguei no quarto e Samantha estava sentada na cama com as mãos fechadas.

- Isso é pra você, meu pedido de desculpas - ela estendeu a mão e dentro tinha uma rosa de dobradura - e agradecimento por tudo que me fez.

Será ela a menina que tanto esperei para dar o nome para o Marco? Eu devia estar passando mal, nem conhecia ela direito e recebi dois socos dela na cara. Não, ela não pode ser quem devo dar o nome para Marco.

A procura do AmanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora