A campainha tocou, devia ser ela, Sam. Desci do telhado correndo e procurei meu protetor, não estava muito difícil, o sol refletia nele. Coloquei minha camiseta e fui vê-la. Ao chegar perto da porta vi um homem que a muito tempo não conversava, sem pensar muito corri e o abracei. Tirando tio John, ele foi o homem mais presente em casa, mesmo que por vídeo. Sempre atencioso e carinhoso. Eu adorava sua visitas e ele, além de Sam, sempre me acalmava nos tempos de dúvida. Diferente de Mei ou Marco, que me confundiam cada vez mais.
- Gust! - Mei exclamou surpresa - Que bom te ver!
Eu mal desgrudei dele, podia ter 14 anos, 20 anos, a idade que fosse eu iria o abraçar. Meu irmão mais velho, sempre conversou comigo de igual para igual, apesar de mal ter tempo para se divertir quando eu ligava ele atendia e parava de fazer seu trabalho no mesmo momento. Depois do tio ter ido embora e as visitas de Marco ficarem mais escassas a frequência em que o procurava aumentara consideravelmente. Já cheguei a chamá-lo de pai por um bom tempo, por mais que eu gostasse de Marco, Gust era mais presente e melhor podia conversar com ele sem restrições da minha mãe.
- Como você cresceu - ele falou me distanciando e olhando o meu rosto - já parece um mini homem.
- Mini não Pa. Ahn... tio? - não sabia como tratá-lo a última vez que tinha o visto o chamava de pai, mas eu tinha 10 anos - Já sou bem grande agora.
- Pode continuar a me chamar de pai se quiser e se sua mãe não se importar.
Olhei ao redor e vi Mei acenando, a autorização dela eu tinha, ao voltar para ver Gust encontrei um cara atrás dele, incrivelmente não havia visto um cara daquele tamanho. Alto, loiro e com ar aristocrático, vestia um terno cinza bem cortado, sapatos engraxados e segurava duas malas, uma em cada mão e uma mochila nas costas como Gust.
- Quem é este?
- Dan, Mei este é Sebby meu companheiro, nós viemos para ele conhecer este lado da minha família e como estou brigado com Gabe pensei em passar aqui para vê-los - Gust era irmão de Gabe e onde ele poderia estar eu não sei, mas não queria pensar nisso.
- Prazer, meu nome é Sabastian Wolf, sou investidor na área artística. Estou muito feliz em conhecer a família que Gust tanto se orgulha - ele esticou a mão para mim e eu aceitei seu cumprimento.
- Espero que suas intenções com ele sejam boas, ou teremos uma estátua no jardim para o próximo verão - sussurrei em seu ouvido quando o abracei.
Gust nunca se deu bem em seus relacionamentos, sempre havia algo para atrapalhar. Quando estava no Japão o tempo sempre curto, em Roma o rapaz sumiu com um Americano em três meses de relacionamento. Na Inglaterra foi traído, o cara era um guarda e saiu com outro. Ele merecia alguém bom, compreensivo, carinhiso e atencioso. Na verdade todos merecem isso, o único problema dele era que Gust é muito inocente e acredita muito nos outros.
- O prazer é meu - Mei disse apertando sua mão - onde pretendem ficar? Não querendo ser grossa...
- Eu se puder gostaria de ficar com vocês matar a saudade do pequeno - não me importei de ser chamado assim, Gust era legal o suficiente para me chamar assim - mas posso ir a outro lugar, se preferirem.- Mas e o Senhor Wolf ficará aqui também - Mei continuou cautelosa, havia certo receio em suas palavras - não que me importe só para preparar a casa.
- Sem senhor, só Sebby está bom, ou Sebastian... - falou sendo cínico, seu sentimentos não eram muito bons - Preciso resolver alguns assuntos pendentes na cidade então ficarei em um hotel, não se encomodem.- Mãe, chamei Sam para casa e At também, estamos meio lotados - olhei rapidamente para Marco e voltei a Mei - acho que o pai deve ficar no meu quarto que nós três nos arranjamos na sala de treinos.
Senti a raiva e ciúme de Marco, ele era quem chamava de pai e agora eu o saquei e chamo Gust de pai e ele de senhir Licht. Não podia evitar, de certo modo sentia que tudo era culpa do Marco, ele sabia de muitas coisas, não dizia sobre nada e era o bonzinho o tempo todo, ninguém pode ser o herói sempre, não no mundo real.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A procura do Amanhã
RandomDan, sempre foi uma criança e adolescente responsável, mas tudo mudou quando decide encarar o próprio passado e sem conhecê-lo não consegue olhar para frente. O futuro parece inviável diante a neblina que cobre o passados, mas será que o pequeno e i...