- Ele está acordando - escutei ao longe, senti algo molhado em minha testa, forço a visão para focar os borrões a frente - Dan, você está bem?
Vi Mei sobre mim com um olhar sereno, minha cabeça doia, devia ter sido pela queda que eu tivera ao bater naquele outdoor. Levantei devagar segurando o pano que colocaram em mim e sentei na cama se encarar realmente minha mãe. Ainda estava bravo com ela por ter voltado com Marco e não ter me contado e eu ter descoberto pegando od dois no flagra, e mais no meu aniversário.
- Estou - respondi olhando para o lado e vendo Marco e encontre um membro dos FN's ao meu lado e o soquei - o que ele está fazendo aqui?!
- Você que touxe ele e adivnha quem avisou que você desmaiou? - Marco falou irônico.
- Quem acorda aqui tem que socar alguém? - Mei riu de canto com o próprio comentário.
- Quem me trouxe pra casa? Quanto tempo eu passei desacordado? Eu não estava perto de um outdoor? Por que não me acordaram antes e... Ah! - gritei sentindo uma pontada novamente - Ok, já estou melhor...
- Eu acho que vou ligar para Juan, ele e Ana estão aqui por um tempo - Mei falou se direcionando a porta.
- Não precisa, eu estou bem - contrapus rapidamente - só não comi nada desde o almoço não é Rafa?
- Han? - indagou confuso - Isso mesmo ele só comeu um pacote de salgadinho e um refrigerante em lata.
- De novo Dan? - Marco me repreendeu, eu lembrara de tudo - Não pode ficar assim.
- Eu sei, vou comer melhor...
- É só isso mesmo??
- Sim mãe, só falta de comer. Agora vou terminar de fazer o trabalho com o Rafa.
- Coma algo antes.
- Tenho uma fruta na mochila , fique tranquila.
Mei e Marco sairam do quarto, Rafael um caderno meu que estava na mesa do computador. Nele eu anotava o nome das pessoas ao meu redor e minha relação com elas. Eu estava sem memória, o máximo que eu tinha de informação guardei. Ele me olhou com dúvida e depois de suspirar três vezes resolveu falar:
- Você estava sem memória? - assenti mordendo uma maçã - Por isso de se comportar estranhamento com a gente... Não se lembra do que aconteceu entre a gente?
- Essa foi uma pergunta estranha, e tem duplo sentido, docinho - respondi piscando.
- Sai fora, não foi neste sentido - afirmou bravo, muito bravo.
- Eu sei, não lembro direito. Apenas sangue e borrões - disse ainda comendo a maçã e sentado em minha cama.
- Sem recentimentos?
- Sem problemas, para falar a verdade não sei por que te salvei...
O silêncio se instalou entre nós, nenhuma palavra era dita, nenhum dos dois tinha coragem o suficiente para quebrá-lo. Gabe mandou uma mensagem para mim, me obrigando a devolver as coleções e encontrar a que faltava. Sob a pena de não ver alguém importante para mim. Liguei desesperado para Sam, elas estava bem. Depois para At, tudo normal com ele também. Mei estava no telefone com Ana prevenindo um futuro desmaio, Marco e tio John estavam na sala conversando e criticando Victor. Helena e Guilherme estavam viajando e ninguém sabia onde encontrá-los. Não havia quem eles ameaçarem.
Rafael, assustado, pedia desculpas, era culpa dele. Alguém querido por mim sofreria as consequências dos nossos atos, uma dúvida me cercava seguir ou não as ordens. Fui jantar, já era a hora. Comi em silêncio e rápido, Rafael me acompanhou. Agora ele, sem casa, pediu para ficar aqui, um problema chamado a residência não me pertence podia atrapalhar meus planos, porém John interviu e ganhamos um agregado. Jonathan estava um pouco chateado com Victor, de modo que o mesmo não voltou a cede de sua empresa. Já eu estava contente, meu tio estava na cidade, Victor me ajudara a descobrir muita coisa. Primeiro, Marco era um eshy, isso explicava a existência de nossa raça em seu livro. Segundo, tenha sempre um objetivo, assim não se perderá. Terceiro, se quiser deixar o Tio John furioso ou que ele venha te visitar peça a Victor para sumir.
Recebi mensagens por dois dias, avisando que deveria devolver o que era deles se não alguém importante para mim sumiria da minha vida. Rafael me aconselhou a obedecer, mas preferi conversar com At e Sam. Não falava com eles desde quando recuperei a memória, Jonas e Eliot evitavam meu caminho, porém ameaçavam Rafael.
- Lembrou que existimos? - Augusto falou me jogando uma lata de refrigerante - Oh grande senhor que pertence ao grupo Foices Negras.
- Deixa de birra - respondi dando um sorriso - pelo menos não cantei uma menina descaradamente na primeira vez que a vi.
- Mas fez isso depois dela ir em casa e...
- Dan, At - Sam interviu dando alguns risos - Tenham modos. Você se lembra Dan?
- De tudo, só não sei por quê entrei nos FN's maldita ideia sua At.
- Esquecido. Aposto que está adorando ter sua casa só pra você e Mei.
- Na verdade tem o Marco, Rafael e o Tio John... - respondi baixo - Você está bravo comigo sobre isso?!
- Não.
- Sim. - Sam corrigiu - Ele estava sem memória, não é culpa dele se não lembrava de nada. E você também ficou emburrado e nem o procurou.
- Suas crises de memória voltaram? - perguntou preocupado.
- Quando bato a cabeça sim - falei colocando a mão na nuca - eu devia ir ao médico ver o porquê disso.
- Mas não foi para matar a saudade que você nos chamou não é? - Sam perguntou.
- Não, tecnicamente eu roubei o que os FN's queriam. Uma coleção, At, é a mesmo que seus pais estavam investigando, creio que por essa razão eles fizeram aquilo.
- Então estão atrás de você - retrucou indiferente - e quer nossa ajuda.
- Isso, disseram que fará o mal a quem eu gosto. Você está bem com sua família, Sam está com Jade a salvo na escola, Mei e Marc...
- Como assim Jade está comigo? - Sam perguntou assustada - Ela disse que você a chamou para ajudar a terminar um trabalho seu de química...
- Mas os trabalhos foram entregues semana passada - At acrescentou.
- Por isso mesmo que ela foi correndo. Ela não está na sua casa?!?!
- Não - falei me levantando - malditos!!
- Temos que encontrá-los e rápido!! - At gritou se direcionando a sala para pegar as mochila.
Liguei para Gabe, ele pagaria caro por ter mexido com uma inocente, principalmente humana, que não tem nada relacionado a nós.
- Olá filhote sinto muito, mas ao me ligar quebrou uma regra, temo que não seja mais um de nós.
- Que se dane as regras cad...
- Mais respeito, se não a garota vai sofrer as consequências.
- Não toque nele seu bastardo.
- Me xingar, não vai ajudá-lo.
- O que quer?
- Você sabe muito bem o que eu quero. Hoje na montanha que tem ao leste da cidade, antes do local que você foi encontrado desacordado.
- Eu estarei lá - respondi frio - como sabe onde eu fui encontrado?
- Rafael te encontrou e eu vendi essa informação ao Marco. Ganhei duas espadas nesta jogada, vimos quando saiu de casa e o seguimos. Acertamos sua cabeça, dois dias depois vendemos sua localização.
- Seus desgraçados. Pegarei o que está comigo e te levo até lá.
- Não se esqueça de Thiago. Você tem duas horas.
- Eu não estou com a col... - ele já havia desligado.
At e Sam me olhavam sem entender o que ocorrera, só ouviram metade da conversa. Sem dizer uma palavra sai da escola deixando os auxiliares que cuidam da porta gritando para trás. Como encontraria a coleção de Thiago a tempo? Só havia uma pessoa que sabia da localização. Depois de pegar as que estavam comigo e arrumar todo armamento que eu podia, liguei para Mei:
- Alô Dan você está bem? Por que me lig...
- Estou com pressa, onde está a coleção do Thiago?
- Olha a educação que eu te dei. Thiago? Coleção?
- De sangue Mei, me diga é uma emergência.
- Eu não sei do que está falando - dissimulou.
- Sabe sim! - gritei assustando os dois ao meu lado que tentavam encontrar algo - Você pode voltar a namorar um ex-FN que matou a própria amiga, mas não me contar onde está a merda da coleção deste babaca!!!
- Dan isso é verdade? - Sam perguntou pondo a mão em meu braço.
- Quem disse isso? Dan com quem você anda conversando?!
- Está tudo no seu escritório as evidências, Adriano, a morte de Fernanda. Tudo. Mesmo assim você não vai me dizer onde está esta maldita coleção!?!??!
- Dan, eu não sei.
- Sabe e não me diz! - At me mostrou o horário e estava quase na hora de irmos - Não importa, vou desligar.
Sai de casa sem saber como chegaria no local. Lembrei da moto antiga de Mei e a peguei, o único problema era o número de passageiros, eu já sabia dirigir. A dona do veículo ensinara para mim e At. Decidimos que Sam não iria, mas como teimou, Augusto foi voando, por ser mais rápido, e eu guiando a kawasaki.
Jade estava em perigo por minha culpa, eu não tomei cuidado o suficiente. Ter perdido a memória e não contar a ninguém foi um erro enorme. Não teria me envolvido com os Foices Negras, Jade estaria a salvo, meus dois amigos que considero como irmãos não estaria em perigo... Marco matou a própria amiga e Mei perdoou isso, tudo bem que ela também matou, mas foi para se proteger e. Não está tudo bem em matar alguém. Por que fui parar aqui? Quem eram as pessoas antes de mim? Cadê minha família??? Mei é a culpada, não eu sou o culpado por tudo, foram as minhas escolh...
- Dan cuidado com o carro a sua frente!! - eu estava em alta velocidade e na contra mão, desviei rapidamente evitando uma batida.
- Perdoe-me , Sam - disse quase inaudível, a culpa já me consumia - prestarei mais atenção.
- Não se preocupe - falou apertando os braços ao meu redor. Ela emanava calor e segurança para mim. Não podia deixa que algo de ruim ocorresse com quem me importo.
Cheguei no local a tempo, porém sem a coleção de Thiago, não havia vestígios em qualquer banco de dados. Teria que negociar somente com que possuía. Onde Rafael estaria?
- O filhotinho veio com amiguinhos...
- Não me ligue a Mei Ilun, dela só tenho o sobrenome. Onde está Jade?
- Aqui, - mostrou apontando para um corpo amarrado com o rosto tampado, ele retirou o saco de pano - veja como não demonstra o que está sentindo...
- Vamos fazer a troca - retruquei vendo o pavor nos olhos da garota - eu deixo as coleções ao meio e você a solta ela.
- Ok, você vem primeiro.
Eu segui as ordens, torci para que ele não abrisse a mochila e descobrisse a falta de uma. Deixei-a e Jade foi solta.
- Sabe Jade, seus primos de segundo grau sumiram não é? - Gabe perguntou enquanto ela corria em minh direção - Adivinhe quem foi o responsável.
- Não pare - falei olhando em seus olhos.
- Isso mesmo, Isa e Leo... - ela estagnou - Será que Dan sabe algo sobre eles?
- Não sei do que você está falando.
- E que tal alfa 5 e gama 7? - perguntou e eu entrei em um estado catatônico - Sim. Por que acha que ela não estranhou muito você ter asas? A família dela sabe da existência da sua raça, ou sabia. De seus parentes só sobraram a irmã e a mãe, as únicas ignorantes a isso.
- Voc. Você não fez isso não é Dan?? - perguntaram me olhando - Responda - At gritou e depois suspirou - responda...
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A procura do Amanhã
RandomDan, sempre foi uma criança e adolescente responsável, mas tudo mudou quando decide encarar o próprio passado e sem conhecê-lo não consegue olhar para frente. O futuro parece inviável diante a neblina que cobre o passados, mas será que o pequeno e i...