Capítulo 4

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Deixei Augusto em casa verificando se realmente ele não fora acertado, não queria perder meu melhor amigo por uma bobeira dessa. Ele tem um problema com sangue, não em vê-lo, mas sim em sangrar muito, isso seria o brinde da herança. Em casa tive tempo de esconder a faca, foi difícil, já que minha mãe era e é cuidadosa com tudo, ela não queria correr o risco de perder alguém importante ou que algo de ruim acontecesse, pelo o que eu escutei o tio John sofreu um acidente e Mei se culpa.

- Dan, cheguei e quero conversar com você - me dei mal, advertência no primeiro dia de aula - desça logo que já vou fazer algo pra comermos.

Desci as escadas, não sabia como ela descobrira que eu estava no telhado o único ligar seguro para a faca, tinha um cômodo lá, pequeno mas dava para colocar minhas coisas. Subi em cima do balcão como Mei fazia comigo toda vez que teríamos uma conversa, eu sentado e ela arrumando algo pra poder comer comigo.

- Dan, você sabe o que eu tenho para falar. Por que você já tem uma advertência e mais em uma aula extra?

- Eu não queria ferir alguém com a sua lâmina.

- Então você foi advertido, me falaram que você desautorizou o professor e...

- Sim, eu disse que não faria e não fiz, mas eu dei motivo por não fazer.

- Você tem que deixar de ser topetudo, respeite mais o professor, ele sabe mais que você.

- Mas o senhor Gabe nem me ouviu, simplesmente decidiu que eu estava errado.

- Não é o senhor Hop? Não era ele quem dá as aulas?

- Não, ele saiu no ano passado, agora quem dá aula é o Gabe, um ex-aluno.

- Eu sei quem é ele, eu estudei lá com ele. Na época que a escola ainda não era um internato, era apenas uma das escolas. Mas agora você deve ficar como observador na aula dele.

- Por que? Eu não fiz nada de errado.

- Gabe não gosta de mim, por essa razão você deve obedecê-lo o máximo possível, se não suas aulas não serão boas.

- Mas se ele não gosta de você eu não tenho que obedecer.

- Não tome as minhas dores, respeite ele pelo Gust, ele são meio irmãos.

- O tio Gust é meio irmão daquilo?

- Daquilo não do seu professor.

- Tá, eu vou me comportar, e agora essa comida sai ou não?

- Olha o respeito moleque - respomdeu bagunçando meu cabelo.

Jantamos como sempre conversando, rindo, pensando no que fazer no outro dia. Não contei sobre o incidente que tive com Gabe quando vinha para casa, nem sobre a tatuagem de asas mal colorida no ombro dele. Mei sempre me disse para contar a ela que tinha essa maldita tatuagem, de imediato, mas como eles já se conheciam não vi necessidade em contar.

- Mãe, eu posso voar?

- Pode, mas tira seu uniforme.

Troquei de roupa e liguei para Augusto tudo é mais legal com seu amigo do lado, voar sozinho pode ser meio triste, minha mãe por sua vez não gostava de voar muito. Toda vez em que ia para fora ela só retirava seu protetor, voava até o telhado com uma latinha e me observava sentada na beirada. At chegou e entrou, ele tinha a chave de casa, realmente ele era meu irmão de outra casa. Voamos por muito tempo, não ligamos que teríamos aula no outro dia ou do possível cansaço, mas a sensação de liberdade era ótima, com o vento ao rosto e todo o mundo ao redor.

- Tia Mei - At começou a falar mas foi cortado.

- Sem tia, já falei - respondeu rindo.

- Eu posso dormir aqui?

- Pode, nem precisa perguntar mais.

- Mais uma coisa.

- Diga, mas se for pra usar o telefone nem comece.

- Não é isso não, minha família vai viajar para o Japão...

- Sei, vão ver Gust, não é?

- É, mas eu tenho que ir a escola e o dormitório de lá não é muito agradável - apesar de ser o melhor amigo de At somos diferentes quando pedimos algo, ele estava indiferente e eu estaria manhoso.

- Já entendi, avisa o dia e venha. Não precisa se preocupar e diga seu pais que não será incomodo algum ficar com você neste tempo. Aliás quanto tempo?

- Não tenho certeza, é para resolver o assunto da minha herança.

- Tudo bem, então quando forem viajar peça a eles para me mandarem tudo que você usa, pois será um bom tempo lá com Gust.

Eu estava bem feliz, meu melhor amigo estaria comigo por um bom tempo, mas no entanto bem preocupado com a tal herança. Essa herança que dava problema para At, quando ele sofria um corte o sangramento podia ser incontrolável

As suas asas, quando deprimido e inseguro, emanavam cheiro de sangue. Sua herança o machucava até quando retirava seu protetor, pois as asas não saiam naturalmente e sim rasgando sua pele, sempre dependendo do estado dele, ao estar arrependido de algo ou inseguro de si o fardo de ser um Eshy pesava para ele.

- Dan - chamou ele de madruga me cutucando - acho melhor você ver sua mãe.

- O que? Por quê?

- Não! Por que está chorando?!?! - eu escutei minha mãe gritando e corri para o seu quarto.

- Mãe o que foi? Abre a porta! Mãe! Abre a porta.

Eu escutei ela levantando assustada e se direcionamdo a porta, devia ter sido apenas um pesadelo, o pesadelo que ela sempre tinha em algumas épocas do ano.

- Me desculpe Dan - respondeu ela na porta - e me desculpe Augusto.

- Não precisa - respondemos uníssonos com sorrisos e eu prossegui - mãe não precisa se preocupar ele não vai voltar.

- O que?

- O pesadelo que teve, fica tranquila que ele não volta e tudo ficará bem. Estamos todos protegidos, estamos juntos.

Fui abraçado quando terminei de falar, infelizmente todo ano minha mãe tinha esses pesadelos e como reflexo acordava de noite gritando algumas frase. Eu nunca reclamei disso, ela teve os seus problemas sempre me contava histórias sobre eles, mas sempre os que ela já tinha resolvido, nunca daquele que tira os sonos dela. Ao passar dos anos pude compreender aos poucos o que acontecia, na primeira noite ela sempre acordava por causa de alguém que chorava e não devia, um homem que não podia voltar. Na segunda noite ela acordava por alguém que queria me machucar ou me roubar dela. Na terceira noite, e última, o pesadelo era sobre um cara que a emganou, por mim era o mesmo do primeiro sonho, mas não quis perguntar.

Depois de entender por partes o que ocorria formulei esta frase Mãe fica tranquila que ele não volta e tudo ficará bem. Estamos todos protegidos, estamos juntos. Depois de dizer isso na primeira noite ela se acalmava e não tinha os outros dois dias mal durmidos. O estranho era que eu era um adolescente e a acalmava, sendo ela a minha mãe, mas eu não a julgava, Mei era a guerreira de casa, só ela sabe o que passou e nunca quis dividir esse peso com os outros. Eu só podia defendê-la dizendo esta frase, meu único jeito de ajudá-la, mas que sempre dava certo. No dia seguinte todos estavam normais, minha mãe sorrindo, At indiferente aos nossos atos, mas preocupado e eu prestando atenção em cada movimento da casa. Alguma oscilação de humor eu saberia, sempre sei quando é alguém próximo de mim, apesar de ser o único de casa. Será que é por causa de algumas coisa do meu passado?

-*-*-*-*-*- Nota da autora -*-*-*-*-*-
Oie pessoas ^-^ to aqui para dizer que sinto pela foto do capítulo ter ficado de cabeça para baixo, ou ao contrário, tentei fazer ela ficar direito, mas não deu. Erro meu, bom proveito da escrita ^-^
Beijos Mei

A procura do AmanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora