Todos me cobravam uma resposta, não sabia o que responder. Não tinha noção do correto a se dizer, eu não sumi com os primos dela. Apenas observei a captura em silêncio, sem auxiliar nenhuma parte do esquema, provando minha lealdade ou a falta de reação. At segurou meus ombros forçando olhá-lo.
- Eu mandei me responder! - gritou dando trancos em meu tronco.
- Eu não toquei neles - respondi abaixando a cabeça.
- Você os matou? - Sam perguntou andando em direção a Jade.
- Não!
- Mas não fez nada para impedir não é? - Gabe falou, podia sentir a sua alegria - Queria ex-aluna Jade, pegue a mochila e me entregue. Se tudo foi feito como mandei eu a deixo em casa, acho que não quer voltar com esses assassinos.
- Não! - gritamos ao mesmo tempo.
- Eu não tenho nada a ver com essa história, me soltem - Jade continuou - eu trago a mochila e vou embora por mim mesma.
- Não faça isso - At falou andando em direção a mochila, porém uma sombra o agarrou - me larga seu bastardo.
- Ei não faça nada contra ele Jonas! - vociferei tentando separá-los - O quê? Me solte de Eliot! Seu cãozinho do inferno, pense uma vez na vida. O que fizeram com a família dela? Você acha isso certo?
- Cale-se - afirmou forçando mais meus braços para que quebrassem em minhas costas, forçou para frente me fazendo ajoelhar junto ao At - o cãozinho é você, o fraco não sou eu.
- Sam salve a Jade, a gente se cuida.
- Eu não pos...
- Nem se pudesse faria - Rafael disse.
- Me solte carrasco! - ela gritou, possivelmente já capturada, eu não podia me virar.
- Obrigado Jade... - Gabe falou segurando a mochila - Espere onde você pensa que vai, heim? - perguntou segurando-a pelos cabelos.
- E-eu fiz o que pediu - falou sem soar assustada e com dor.
- Não, falta verificar se todas estão ai dentro - Gabe rosnou - ande faça logo.
E ela abriu e retirou todo o material de dentro com muito cuidado. Ao fim, o nosso ex-professor sibilou alguma coisa e olhou no fundo dos meus olhos. Para Jade. E por fim à queda. Se alguém caísse seria morte instantânea, a montanha possuia recortes e a nossa altitude era alta.
- Não! - gritei e recibi um chute nas costas - Não se atreva seu bastardo.
- Silêncio seu inútil insolente - Gabe pronunciou cordialmente - Jade agora jogue esta coleção daqui de cima, ela é inutilizável no estado que se encontra.
- Assim poderei ir? - perguntou ignorando minhas palavras.
- Claro, imediatamente.
Ela pegou a mochila, sendo segurada por ele, levou a beira do terreno e joguou todas as coleções. Não se ouviu som vindo de lá, provando a grade distância percorrida pelos objetos. Jade se virou e começou a se distanciar, mas foi impedida. Gabe a puxou pelo cabelo e simplesmente a empurrou. Seu grito e o meu ecoaram pela montanha. Tentei me desvenciliar de Eliot, mas a posição que me encontrava dificultava o processo. Retirar o meu bracelete, impossível, At, desacordado, não poderia fazer muito. Enquanto me debatia contra o irmão mais novo quem eu gostava caia em direção ao solo, onde somente a morte lhe esperava. Esses pensamentos só geravam súplicas e gritos:
- Me solte seu desgraçado, maldito! Se eu não a salvar ela vai morrer! Ande logo! Depressa seu bastardo de merda!
- Não - contrapôs tranquilo - você vai fivar aqui parado e ela encontrará sua família.
- Me larga!! - rosnei forçando meu corpo para frente sentindo o meu ombro deslocar - Arg... Eliot, ela irá morrer!
Meus batimentos cardíacos, antes acelerados, diminuam. A respiração, descompassada, voltou ao normal. Às vozes ficatam lentas. Imagens do sorriso de Jade veio a minha mente, os momentos bons que passamos juntos, o motivo por gostar tanto dela. Suas atitudes. Asas... Um rugido de dor soou logo atrás de mim, onde Sam estava. Algum corpo pulou do penhasco, atropelando Gabe e o fazendo cair também, contudo ainda se manter próximo preso a algumas rochas. Alguém salvaria Jade.
A pressão no meu braço aliviou rapidamente e percebi Eliot correndo em direção ao irmão com risco de morte. Olhei para Augusto e o mesmo estava livre e Jonas com o pé atravessado por uma faca. Rafael estava logo atrás caído com um corte no braço. Tudo ocorrera tão rápido que milésimos de segundos pareciam minutos. Levantei com dificuldade e fui em direção dos dois irmãos para ajudá-los.
- Gabe segure a minha mão e a dele - falei agachando para o alcançar - assim podemos te levantar mais fácil.
- Me de suas duas mãos - pediu esticando a própria.
Dei-lhe as minhas mãos, um erro na situação, meu ombro estava deslocado e ao sentir o peso do ex-professor doeu. Me desequilibrei e não consegui segurá-lo. Joguei o peso do meu corpo para trás e cai de costas vendo Eliot soltar o irmão e Sam com Jade em seus braços voltando onde estávamos. As asas dela eram negras em cima, mas somente ali, logo em baixo era branca com sangue escorrendo da parte escura ao fim.
- Obrigado... - sussurrei percebendo que não tinha muita condição de falar, mas me forcei e emiti algo mais audível - Muito obrigado Sam, mesmo... Mil perdões Jade, você não tem nada a ver com essa luta e eu só pos.
- Não pode - me cortou dando me um tapa no rosto - só quero que me explique o que ocorreu com os meus primos...
- Tudo bem respondi. - encarando At imobilizando Eliot - Eu havia perdido a memória no dia em que você me encontrou. Descobri ainda hoje que os FN's bateram na minha cabeça e deu nisso. Bem, depois deste ocorrido entrei na FN, não sabia nada da minha vida. Eles pediram para eu ficar parado apenas observando e assim fiz. Não sei o que fizeram com eles e se isso lhe fará feliz pode me bater - disse me levantando e ficando de pé a sua frente.- Diga seu babaca egocêntrico! Por que quer matar as pessoas!?!? O que pode ser mais importante do que a vida!?!?!? - gritei enquanto me controlava para não dar um tapa na cara do indivíduo a minha frente.
- Há coisas mais importantes, há coisas que deve se preocupar. - respondeu, simples - As preocupações não são primeiramente na vida...
- O desespero... A angústia de sentir sua própria vida esvaindo pelas mãos é menos importante??? - At perguntou, o segurando pelo colarinho, gritando - O que é mais importante que vidas?!?!?!?!
- O conhecimento do passado - lhe dei um tapa no rosto de mão aberta, deixando a marca em sua pele - não aguenta a verdade?
- Pra que serve o passado?!?! - vociferei dando outro tapa - Quem vai olhar o passado se eles morreram?!?!
- As gerações futuras - respondeu calmo, não havia como revidar eu bateria antes nele - os registros que deixaríamos, as estátuas, os prédios tudo!
- Isso é melhor que pessoas?!?!?! - Rosnei tentando socá-lo, mas fui impedido - Essa merda é melhor que vidas?!?!?!? Seu reconhecimento idiota, infundado, é melhor do que as pessoas que morreram no seu caminho?!?!?!?!
- A história, a cultura, tudo isso tem o seu valor - foi a vez dele gritar - seu hipócritas. O que essas pessoas fizeram para a história? Hein? Nada. Morreram como qualquer um, mas os monumentos tem história e importância, mais que essas vidinha patética e desprezível de todos.
- Você acredita que algo sem vida, um pedaço de pedra ou papel. Vale mais que uma vida?!?!?! - At se enfureceu e o socou a cada palavra que desferia - Vidas são importantes! Não pedras! Não a história! Não a cultura!!! São vidas!!!! São pessoas!!!! Elas sentem!!! Elas têm família!!! Um lar!! Não são piores que uma pedra esculpida por um morto!!!
- At, pare - falei segurando uma de suas mãos, já que a outra estava segurando a camisa de Eliot para que o socasse, pois o mesmo estava quase sem forças para reagir.
- Um morto que foi lembrado - Eliot infelizmente desferiu essas palavras e antes que eu tomasse atidude.
- Esse não será você - Augusto disse e chutou a cabeça do bastardo, deixando cair um corpo inconsciente no chão.
- Não podia deixar sua mãos sujas - falei me acalmando para At - eu iria te proteger de encrenca...
- E fez, só livrei o mundo de um peso.
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A procura do Amanhã
AlteleDan, sempre foi uma criança e adolescente responsável, mas tudo mudou quando decide encarar o próprio passado e sem conhecê-lo não consegue olhar para frente. O futuro parece inviável diante a neblina que cobre o passados, mas será que o pequeno e i...