Capítulo 12

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Eu senti que poderia ter perguntado qualquer coisa naquele momento, mas nada relacionado ao meu passado. Toda vez que falava sobre ele o clima mudava, eu não conseguia me sentir bem não conseguia ler os sentimentos da minha mãe. Seu rosto sempre me parecia a mistura de dor e remorso, não entendia porque, mas sempre me arrependia de fazer as mesmas perguntas sem respostas.

- O seu passado? O que você encara como passado, porque eu só posso te falar sobre 11 anos atrás da sua vida...

- Mas deve haver alguma coisa a mais nessa história, algum detalhe, alguma coisa tem que ter!

- Dan não dificulte as coisas, são apenas 2 anos da sua vida... Eu entendo que seja o seu passado, mas você não está feliz com os 11 anos que teve a frente? Não está feliz com a família que eu tentei te dar? - ela perguntou com um pouco de descontrole - O que eu fiz não foi o suficiente?

- Claro que foi mãe. Eu só queria saber como que fui para aqui, se a minha família não me queria, se eu fui jogado em um canto qualquer e você me resgatou ou simplesmente ele não podiam cuidar de mim e me colocaram no orfanato.

- Ninguém te abandonou Dan - ela falou vindo em minha direção e me abraçando - não há motivos para fazer isso, você é uma ótima pessoa.

- Então porque não estou com a minha família! - perguntei alterado e ferindo os sentimentos da minha mãe.

- Me desculpe - sibilou, me soltou de seu abraço, voltou para sua cadeira e se virou de costas. Se mantendo firme continuou - eu sei que não pude suprir todos os papéis da sua família, me desculpe por não ser uma mãe perfeita, me desculpe por ser assim. Mas saiba que eu fiz de tudo para o seu bem.

- Mãe eu... me perdoe... eu não q... me desculpe.

- Não, não fale mais nada. Eu sabia que não podia esconder as coisas de você, mas não sabia que seria assim.

- Mãe eu não quer...

- Não, você não queria e eu também não. Agora vou te contar por que que me sebarei de Marco não é isso que você quer saber?

- Era, mas não prec...

- Precisa, se quer saber vai saber - me interrompeu novamente com a voz fria - eu e Marco terminamos por termos princípios completamente opostos. Eu nunca fui e nem serei uma pacifista que só foge da luta, por que acha que eu sei lutar tão bem? Por que acha que eu quis que você fizesse defesa pessoal? Para poder se proteger e proteger a quem você ama e principalmente proteger aqueles que não pode.

Eu não dizia mais nada, o tom de voz de minha mãe me cortava um pouco, como eu pode machucá-la tanto? Como eu pude dizer que minha família não estava ali? Eu realmente era um idiota que Sam disse ao me ver pela primeira vez.

- Você, Dan, apareceu no meio de uma guerra na minha vida. Havia pessoas chamadas de Foices Negras na época e eles matavam pessoas inocentes para terem o sangue deles para curar uma quase anemia. - eu estava assustado, mas queria saber mais, eu queria saber sobre a época que eu nunca tive acesso - No final acabaram quase todos mortos, a primeira foi Letícia que morreu por abandonar o grupo e por culpa dela que entrei na guerra contra eles...

- Vocês eram conhecidas?

- Não, eu a vi no chão morta e jurei capturar quem a matou, não que eu tenha conseguido cumprir essa promessa ainda. Depois foi Eliot, quem o Gabe tanto gostava, eram melhores amigos e eu não tive intenção de causar todo este transtorno. - a voz dela falhava, o passado não devia ter sido muito bom de se lembrar - Por final morreram todos, Nick, Thiago e Lucien...

No último nome senti um ódio maior ao ter sido pronunciado, mas não queria perguntar, não mais. Tudo que eu havia feito tinha machucado de alguma forma, eu podia jurar que ela estava chorando, mas como não a via não quis arriscar.

A procura do AmanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora