- Dan, acorde você vai se atrasar - gritou minha mãe esmurrando a porta - já é a terceira vez que te chamo!
- Já vai mãe, só mais três minutos - dei essa desculpa pela terceira vez, talvez ela me desse sossego.
- Não, já se foram 6 - respondeu ela dentro do meu quarto.
- Mas como conseguiu?
- Tenho a chave, anda logo, temos que pegar o Augusto na casa dele.
Augusto era o único amigo que tenho, fiz ele logo depois da minha mãe autorizar Marco me ver e ele ter que se mudar, mas suas cartas vinham, para minha mãe e para mim. Eu sempre ficava feliz com elas, sempre dava o nome para Ela como resposta, mas ele me dizia que não era o momento, que eu deveria esperar mais para reconhecer o amor ou aquela que eu achasse parecida com Ela.
- Ok, 'manhe por que quer se ver longe de mim - fiz a maior cara de fofo que sabia fazer - não quer ficar mais perto do Dan?
- Claro, porque mesmo que se você ficasse em casa eu estaria trabalhando.
- Mas eu podia ficar preparando algo em casa, arrumar... Mãe não quero ficar até as 5 na escola, parece que eu ainda estou na creche...
- Com esse comportamento, parece mesmo. Lembra do Scar - acenei com a cabeça sem entender muito - A vida não é justa, não é? Entenda eu vou trabalhar e você vai estudar, ambos na manhã e na tarde.
- Tá, hum... - nunca pensei que minha frase favorita do filme fosse isada contra mim - vou ter que voltar sozinho?
- Essa semana sim, não consegui uma van para você, mas você pode voltar de skate.
Saímos, buscamos o At e chegamos na maldita escola integral, eu gostava de estudar, mas não imagino nenhum adolescente feliz ao ficar dentro de uma sala de aula por 12 horas. De manhã aulas normais, de tarde esporte, artesanatos, oficinas literárias, lutas, artes em geral. Tudo que, por alguém, um dia foi dito como arte. No internato os professores eram ex-alunos, em sua maioria os melhores de suas turmas.
Eu não expliquei? Este era o melhor internato da cidade, como eu sou um Eshy seria um pouco complicado ter que dormir com vários alunos dentro de um dormitório, descobrirem o meu segredo não seria nada agradável. Minha mãe resolveu este problema pra mim e para o At junto com seu amigo, na verdade amigo da família, Victor. Outra coisa que eu esqueci de contar, bem ele também é um akuma, descobri isso quando ele chegou em minha casa eu estava voando.
- Dan, eu preciso que me passe o dever de matemática - gritava ele dentro de casa, mas eu não o ouvia - sua mãe me deixou entrar, faz o favor de vir aqui então.
- Ele deve estar lá fora, sabe como ir no quintal, não é?
- Sei sim tia Mei.
- Corre lá então.
Ele chegou e me viu voando, demorei um pouco para perceber que ele estava ali e mais retirando sua mochila e casaco. Quando o vi parei e fiquei no mesmo lugar, mas sua reação foi curiosa, pois ao terminar de retirar as coisas das costas se mostrou com uma regata e retirando seu anel do dedo formando uma asas. Não era do mesmo tamanho que a minha, mas sim maior e incrivelmente maia escura, as asas dele eram totalmente negras iguais ao cabelo dele. At simplesmente começou a voar comigo como se fosse algo normal a se fazer, até se assustar quando percebeu que era eu a quem ele voava perto.
- Dan! Você também é um Eshy!
- Como?
- É você está voando.
Percebemos que ele não pensava muito, quando o assunto era voar ele simplesmente fazia o que podia para fazer isso, até ver o vôo dos pássaros o instiga a voar e se tiver uma chance ele aproveita. Por mim é um bom jeito de levar a vida, mas ele ainda é sensato, sabe quando pode ou não voar, por isso que ele vive na minha casa mais do que na própria.
Minha mãe ficou totalmente desconfortável com a descoberta de ambos, principalmente pelo fato das asas do Augusto serem pretas, mais escuras que as minhas que já eram negras sem um tom avermelhado. Contudo ela se acalmou quando conversou com os pais dele, uma herança não desejada a única explicação que recebi, o suficiente para mim, haviam mais coisas a me preocupar.
A aula foi normal e chata, depois do almoço recebi uma encomenda da minha mãe e descobri qual aula extra teria a tarde junto com At. A encomenda era uma caixa cumprida e dentro haviam duas katanas novas, eu e o Augusto sempre assistíamos a filmes com espadas e para ela sempre foi importante eu saber usar as lâminas e por tradição o primeiro corte feito por ela seria do polegar do próprio usuário. Minha mãe disse que era para marcar o único sangue não seria derramado por ela, mas querendo ou não o primeiro corte feito pela lâmina sempre foi no usuário, ninguém acertava de primeira. Melhor marcar por intenção do que sem quere - Uma boa frase para deixar a uma criança antes de ir embora tio John.
A aula foi incrível tivemos aula prática de defesa contra facas e espadas de madeira, nenhum aluno poderia sair ferido da escola por causa de algum curso, não que uma madeira sendo forçada contra alguém em um movimento brusco, ou uma madeirada, não machucasse alguém, mas pelo menos não faz tanto quanto uma lâmina faria. Na aula de defesa pessoal com prática de desarmamento de faca tive problemas.
Eu não queria desarmar alguém e atacá-lo com a própria arma, pode ser um pouco prepotente da minha parte, mas eu não achava certo. Eu posso ferir alguém, mas não com a própria arma é algo errado, humilhante. Para mim era o mesmo que pegar o punho do oponente e fazer ele se socar, pode ser engraçado, mas para a pessoa é uma das piores coisas que se pode sofre em uma luta. Tudo isso foi dito para o professor, no que me resultou em detenção e como "bônus" tive que praticar o movimento por 50 vezes e bem executados.
Fiquei sozinho na sala, ou pelo menso era para ser, Augusto ficou comigo, eu teria alguém me atacando. Meus movimentos eram monitorados por câmeras se não fizesse o que me foi pedido sairia da aula. O professor não tinha gostado de mim, realmente ele me odiara, por quê ele me castigou? Um simples desentendimento não podia causar tanta confusão, principalmente no primeiro dia de aula. O senhor Gabe pegaria muito no meu pé durante o ano e não seria agradável para nenhema das partes.
No final dos exercícios o movimento já estava automatico, mas eu ainda calculava os movimentos para atacar com a minha própria arma. Não havia necessidade de um segundo movimento somente o primeiro já era suficiente para inutilizar a faca. O movimento de ataque era frontal, para defesa era somente girar o corpo e esperar o termino do golpe para torcer a mão do atacante e derrubar a faca ou pegá-la para o ferir.
Terminamos o exercício e fomos para casa, eu iria a pé até a casa do At e depois de skate para a minha, mas esse percurso foi quebrado por dois caras. Era um assalto armado, mas com armas brancas, coincidência? Eles nos atacaram já que não entregamos nada, At foi atingido pelo que pude ver.
- Idiota, não era para acertar! - gritou o maior.
Nesta deixa retirei a faca dele e torci seu pulso com uma força excessivamente maior que eu usaria, mas eu sabia que eram. O maldito professor deixara sua tatuagem exposta, assim por que não aproveitar a chance única que eu teria de mostrar a breve raiva que senti dele no primeiro dia de aula. Bati com o cabo da faca em um ponto estratégico no pescoço que o faria desmaiar, no mínimo quando acordasse teria que responder a um esfaqueamento do aluno.
Por minha sorte o cara errou e At apenas fingiu para bater nele com força, um belo soco um não três. Não chamei a polícia ou alguma coisa do gênero, como recordação peguei a faca dele que tinha símbolos gravados e Eliot no fim do cabo, estranho, mas um dia eu o devolveria do mesmo jeito que consegui e podia perguntar o por quê deste nome.
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A procura do Amanhã
CasualeDan, sempre foi uma criança e adolescente responsável, mas tudo mudou quando decide encarar o próprio passado e sem conhecê-lo não consegue olhar para frente. O futuro parece inviável diante a neblina que cobre o passados, mas será que o pequeno e i...