Capítulo 19

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Decidi não atender minha mãe ou ligar de volta, se os fizesse ficaria surdo com os seus gritos. Mei era uma mãe compreensiva, mas isso antes de brigarmos e eu a chamar de Mei e não mãe, ou antes deu sair de casa com duas katanas e meu amigo com uma katana para brigar com caras que julgávamos estarem errados. Fomos para casa pegando todos os pertences meus do chão, usei o que sobrou da minha camisa para enrolar na mão machucada e na cara de At.

Fomos recebidos com gritos, sim vários tipos de gritos. Primeiro um bravo perguntando o motivo de se chegar em casa à meia noite sem se quer dizer onde iria. Segundo foi de espanto, querendo saber o que tinha acontecido e que ferimentos eram aqueles e porque de Augusto estar com um olho tampado. Os seguintes foram me xingando e pedindo a caixa de pronto socorro.

- At - chamou docemente, nem parecia que a poucos segundos atrás queria arrancar nossas cabeças com as próprias mãos - você consegue enxergar com este olhos?

- Consigo sim, só tá ardendo um pouco - respondeu com a voz pesada - se eu puder ir deitar...

- Claro, vai lá - respondeu verificando se tinha terminado de enfaixa-lo bem - o Dan me explica o que aconteceu.

Augusto subiu junto de Sam, e eu fiquei na sala olhando para minha mão enfaixada. Cada uma cuidou de um, pelo perigo de ter afetado o olho dele Mei o cuidou e eu fiquei sob os cuidados de Sam, mas ela era boa com isso. Sentei ao lado dela ainda olhando as faixas que estavam ficando vermelhas, sem dizer uma palavra, não é tão simples dizer a verdade.

- Atacamos os FN's, pensamos que foram eles que causaram o acidente com a família de At. Só sei que ambos os lados sairam feridos...

- E como conseguiu estes arranhões nas costas? - perguntou observando pequenas marcas em mim.

- Não sei - respondi vendo sua expressão mudar completamente - não mesmo. Não adianta fazer esta cara!

- Ok então - falou se levantando e guardando a caixa - vá se deitar e amanhã conversamos melhor sobre isso.

Fomos ao meu quarto e Mei me esperou deitar e veio me cobrir, igual quando eu era menor e fazia algo de errado. Deu um beijo em minha testa e se sentou ao lado da cama na cadeira do computador. Não reclamei ou questionei seus atos, simplesmente disse boa noite e me virei para o lado oposto que ela se encontrava. Fechei os olhos e escutei ao fundo "Boa noite Dan, durma bem filho", mas era tarde demais para responder algo a mais o sono me jogou em um universo diferente.

Eu revi a mesma cena de antes. At segurando as katanas impedindo um golpe do Eliot, as lâminas deslizando e o corte sendo feito na face do meu amigo. O grito que eu ouvira antes era meu, um grito de ódio e remorso por não ter sido forte o suficiente para salvar meu amigo. Pelo menos o salvei de algo mais grave, depois mesmo de antes. Preto. Outro grito, que não era meu nem do At. Vermelho. Clarão e barulho de algo quebrando.

Pisquei meus olhos para acostumar com a claridade já que no prédio tudo era mais escuro, me vi segurando At nos ombros como um saco e guardando minhas espadas. Fechei os olhos novamente e lá estava eu novamente,as desta vez via Jonas rindo sarcasticamente para mim e a cena se repetiu. A incapacidade de fazer algo estava me sufocando, meus membros não se mexiam quando eu mandava, eu estava preso dentro de mim a única coisa que me obedeceu foi a voz, saindo um grito que representou todo desespero que me consumia.

Abri meus olhos sem reparar que havia os fechado. A luta estava começando novamente. Gabe explicou as regras. Eliot sorriu ao confirmar a ordem. Eu fiquei contra um e At dois. Tudo se repetira, mas eu tinha que mudar, o futuro deveria ser diferente, amanhã todos irão estar bem, sairemos vencedores. Tentei mudar a situação, porém nada saia como planejei e resultado foi o mesmo, At sendo cortado e eu gritando inutilmente minha frustração.

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