Fatos felizes, minha memória estava voltando aos poucos, de acordo com o que os outros falavam sobre assuntos passados. Eu havia entrado a um grupo, apesar de não saber sobre o que eram já era um avanço. Eu não estava mais brigado com a minha mãe, fingia que a presença dela não me incomodava de um forma indescritível. Marco e Mei estavam juntos novamente, pelo menos pensava que isso seria algo bom, deveria ser, pelo visto ambos se amavam muito.
Fatos ruins, o fato das duas pessoas que possivelmente mais próximas de mim sairiam de casa e eu não me importava. Sam conversava sempre comigo, amenidades do dia-a-dia nunca algo que a incomodava ou contava sobre o que eu esquecera. Ela me trazia tranquilidade e segurança, como as irmãs dos livros que eu lia. Outra coisa interessante sobre a minha perda de memória, os livros que eu li estava gravados. As únicas coisas que eu realmente não lembrava eram da minha própria história e de quem fazia parte dela.
Mei não soube que eu entrei na FN, nem saberia se dependesse de mim, uma informação desnecessária. Augusto e Samantha foram embora de casa no mesmo dia, me deixando sozinho. Como Jade já tinha conhecimento da existência dos Eshys ela seria colega de quarto dela no internato. Os pais de At já haviam melhorado, mas por circunstâncias, que eu deveria saber, eles não podiam voar mais. Deixando todos um poucos tristes, Mei e At se sentiam culpados, Sam incapacitada de ajudar e eu incomodado por não ficar tão triste como deveria.
Aquele era o momento em que Gabe, irmão de Eliot, saberia que eu iria fazer parte dos FN's. Descobri o significado da sigla, Foices Negras, interpretando com otimismo as foices são aquelas que cortam o que é inútil, desnecessário, ou algo que atrapalha seu interesses. Negras, seriam por ceifaram o que julgam errado, o lado negro de acordo com sua perspectiva. Ao entender negativamente, Foices negras eram assassinos que reconhecem estar na escuridão, ceifando que estiver no caminho, ou para cumprir seu objetivo. Preferi não escolher uma interpretação para o nome, assim não me iludiria com uma falso definição.
Marco, atual namorado da minha mãe, era meu professor de esgrima e defesa pessoal contra lâminas. E pelo comportamento de todos já havia um bom tempo que ele ocupava este cargo. Ele me avisou que seu livro seria publicado, porém eu não me lembrava qual era, até ele me falar que o título continuaria o mesmo. Luta pelo vazio. Ao escutar o nome me lembrei da história em uma viagem extremamente rápida dentro da minha própria mente. Junto da páginas lidas vi Marco me visitando quando eu era menor, Mei brigando com ele por estar indo me ver sem permissão. Dele não ter saído da vida dela, para a sorte da minha mãe ele não a esqueceu e a de Marco também, agora os dois estavam juntos e se amam.
Liguei para Mei avisando que chegaria um pouco mais tarde em casa, por causa das provas iria estudar na casa de amigo e que não fugira. E fui junto com os FN's para comversar com Gabe, o detentor de todas as nossas ações. Mesmo que faltassemos das aulas ele podia dar um jeito para anular as faltas e cobrir as recuperações. Pelo que Jonas me disse ele só foi demitido da escola por causa de um trabalho que não havia terminado, mas iria concluir dentro da instituição. Como os diretores e donos do internato não sabiam do que se tratava o expulsou, e alguém queimou o armário antes dele recuperar documentos importantes...
- Olha quem está aqui! - exclamou abrindo os braços para me abraçar - O filhote da Mei veio no meu covil!!
- Não sou filhote de ninguém. - respondi recusando o abraço - Sou somente Dan, sem ligação com ninguém, me considere alguém isolado de todos.
- O neném brigou com a mamãe - provocou com voz de choro - agora ta emburradinho, que dó do bebê.
- Já te disse que não tenho relações com ninguém - falei firme e frio - e você sabe que ela não é minha mãe. Não sou realmente um Ilun.
- O que veio fazer aqui? Tentar bater em nós? - riu - Agora está sozinho.
- Aquela luta não era minha - respondi certo de que aquilo era verdade - quero me juntar a vocês, não tenho nada a perder.
- Você não é contra o que fizemos?
- Não me importo.
Essas foram as últimas palavras antes de entrar realmente aos FN's. Recebi um colar, estilo militar sub dividido, me explicaram que o normal seria a tatuagem,mas como Mei não era confiável eu também não seria totalmente com a marca deles a vista. O motivo das divisões seria me dito mais tarde. Oficialmente eu passei ser um FN, me disseram que logo eu iria participar de uma missão e provar minhas reais intenções.
Jade me ajudou muito nessa semana de prova, tanto com a matéria como na supervisão dos meus ferimentos. Mesmo que fossem poucos e pequenos para mim ela fazia questão de cuidá-los, no momento em que ela era atenciosa era também distante. Não chegando a ser fria, mas como que se lutasse no seu interior para ver qual lado ganharia, o que quer refazer meus curativos contra o que quer somente perguntar como estou e ir embora evitando contato. Ela era a única que eu não conseguia decifrar em meio a maioria a minha volta. Os sentimentos de todos eram tão fáceis de ler, da Mei, Sam, At, Marco, Eliot, Jonas e Rafael, mesmo tendo pouco contato com os últimos.
Aliás Gabe também não me passava o que sentia, talvez raiva o tempo todo, mas nada mais. Olhar para alguns é como ler o que estão sentindo neste exato momento, e com altas chances de acerto. Um destes que eu não conheço direito e consigo perceber o que sente é Diogo, falara com ele duas vezes, não era a proximidade que me fazia decifrar os outros. Imerso nos meus pensamentos e mexendo nos bolsos encontro um pen drive em uma parte escondida. Será que ele ainda funcionava? Ele podia ter pistas sobre o que eu esquecera, ou algum trabalho que deveria entregar, ou documentos importantes...
Já em casa abri o notbook para ver o conteúdo do drive, entretanto havia um empecilho chamado senha. Tentei o que podia e nenhum acerto, até aparecer a dica: Sócio do seu tio, data. Eu tenho um tio? A dica para a senha não me ajudou muito, não sabia que tinha um tio, muito menos que ele tinha um sócio. Deixei o objeto de lado e me deitei no sofá a espera de Mei, não tinha nada a mais a fazer. Até várias imagens tomarem conta dos meus pensamentos, o reflexo no sangue que escorreu do meu braço. Mostrando uma família sendo destruída e no fim Mei correndo com uma criança no colo. Quem era aquele bebê que estava em seus braços? Ele estava perto de nós, o que Mei ainda escondia de mim? Com essas dúvidas em mente vi ela entrar e me cumprimentar:
- Boa noite - disse com a voz animada - é estranho ver a casa tão quieta, o que acha de pedirmos pizza hoje?
- Pode ser - respondi a seguindo para a cozinha e sentando no balcão - Mei, quero dizer mãe...
- O que foi agora? - perguntou pesarosa.
- Eu só quero saber o porquê que Sam foi embora...
- Era melhor para ela, melhor para gente também...
- Mas porque?!?! Não gostava dela? - me exaltei, continuando no local em que estava - Então por que ainda paga a escola para ela?!?!
- Calma, não foi nesse sentido, ok? Não sabemos nada sobre ela e...
- Eu sei - soltei sem medir minhas palavras ou entender o real sentido delas.
- Como assim você sabe coisas sobre ela e não me contou? - ela estava altera e eu desesperado, como responder a essa pergunta?
- Ela é uma ótima amiga e companheira - foi uma frase cliché, mas me salvara de mais explicações.
Pedimos a pizza e comemos quietos, o clima não estava muito agradável. Ao ir para o meu quarto mandei uma mensagem para Samantha e Augusto. "Você me odeia?" At repondeu que sim, desde o primeiro dia que simplesmente entrou em casa e começou a voar comigo. Me lembrei da cena, feliz, talvez minha vida não fosse digna de ser esquecida completamente. Sam me dissera que não, a princípio sim, mas depois passou por eu ser gentil e a melhor pessoa que podia aparecer para ela e no momento certo. Uma pontada no meu rosto trouxe a sensação de que eu levara socos dela antes de ficarmos tranquilos um com o outro. Respondi apenas com um obrigado e fui dormir. Um pouco mais feliz por sentir falta dos dois, e triste pelo mesmo motivo...
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A procura do Amanhã
AcakDan, sempre foi uma criança e adolescente responsável, mas tudo mudou quando decide encarar o próprio passado e sem conhecê-lo não consegue olhar para frente. O futuro parece inviável diante a neblina que cobre o passados, mas será que o pequeno e i...