Cap. XXII - Anjos como você

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Nota da autora 1) queridos passageiros (e leitores!), estamos pousando em um capítulo soft e emocionante. 

Nota da autora 2) Sugestão de música: Demons - Imagine Dragons. 

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Draco Malfoy encarou seu reflexo no espelho do banheiro. Quem ele estava se tornando? 

Draco havia dito coisas horríveis para Sarah no dia anterior... E agora ele não sabia o que fazer para consertar o estrago.

Sua mente disparava as cenas que ele vivenciou na sua casa: seu pai o ameaçando, sua mãe pedindo para ele rever suas prioridades. O problema era que Sarah era a prioridade maior de Draco. Ele passara sua vida tentando se encaixar e ser compreendido pelos seus pais... E quando Sarah apareceu, Draco percebeu que ele podia ser amado. Sarah fizera parecer tão simples.

E Draco se odiava cada vez mais por ter magoado Sarah. Com um suspiro cansado, o garoto jogou um pouco de água da pia no seu rosto. Era perto do almoço e ele estava matando mais um dia de aula... Graças ao professor Snape que não se importava em omitir suas faltas constantes.

Uma batida na porta do quarto fez com que Draco desse um pulo no banheiro. Desconfiado, o garoto caminhou até a porta enrolado na sua toalha verde. Pequenos respingos de água ainda estavam no corpo de Draco indicando o banho de alguns minutos atrás.

Sarah Kinsella estava na porta. A garota vestia um suéter verde, saia preta e tênis. Seus cabelos loiros estavam soltos emoldurando seu rosto inexpressivo. Draco limpou a garganta. Um misto de desejo e ansiedade atravessou seu corpo. Ele queria abraçar Sarah e lhe pedir desculpas por ser tão ruim.

-Posso voltar outra hora...

Sarah sugeriu ao perceber que Draco havia acabado de sair do banho. Suas bochechas queimaram ao notar que o garoto estava enrolado apenas em uma toalha verde.

-Me dê um segundo.

Draco disse fechando a porta atrás de Sarah e voltando para o banheiro. Sarah sentiu seu coração martelar dissipando pequenos choques em sua pele. Para se distrair, a garota se sentou na cama de Draco e observou as grandes janelas do dormitório.

Alguns minutos se passaram até Draco retornar ao quarto vestido. Seus cabelos loiros ainda estavam molhados e os respingos pingavam na sua testa e bochecha.

Sarah prendeu a respiração. Existia uma tensão no ar, entre ela e Draco. Como se eles fossem se beijar ou brigar... Ninguém sabia ao certo.

-Nós não podemos continuar assim.

Sarah disse em um suspiro. Draco assentiu e balançou a cabeça para que ela continuasse.

-Eu preciso que você me deixe entrar, Draco.

Draco franziu a testa. Do que Sarah estava falando? Ela não podia... Estar desconfiada dele. Será que Sarah cogitava a ideia de Draco ser um Comensal da Morte?

-Você ergue muros para que ninguém te veja. Mas, eu te vejo. Não me afaste, me deixe ficar com você até tudo isso passar.

Draco sentiu seu coração palpitar de emoção. Lentamente, o garoto se aproximou de Sarah e tocou-a na bochecha com a ponta dos seus dedos frios. Sarah ergueu seu olhar para encará-lo.

-Eu sou um monstro.

A voz de Draco soou mais baixa que o de costume. Sarah abriu e fechou a boca para protestar, mas, não conseguiu. Ela viu a tristeza estampada no rosto de Draco. O olhar do garoto estava fixo no dela, mas parecia perdido

Lentamente, Draco puxou a manga do seu suéter preto e mostrou sua Marca Negra. O ambiente se tornou silencioso, exceto pelos estalos da lareira queimando no centro do quarto. Draco não conseguia encarar Sarah... Pois, sentia vergonha de quem era. 

Sarah, por sua vez, não conseguia esconder seu choque. Draco Malfoy era um Comensal da Morte. Mas... Por quê? Ele não parecia feliz por estar do lado de Voldemort. 

Delicadamente, Sarah colocou a ponta de seus dedos na Marca Negra fazendo o caminho do desenho. Draco arqueou a cabeça para baixo sentindo um arrepio percorrer sua nuca. O toque de Sarah provocava uma explosão em seu peito como fogos de artificio.

-Você é mais do que essa cicatriz. 

Sarah respondeu, por fim. Draco estava pronto para uma bronca, um discurso sobre certo ou errado... Mas isso?  Novamente, era como se Sarah olhasse para dentro da sua alma. Finalmente, Draco a encarou nos olhos. Ainda sentia vergonha, mas, seu coração martelava de desejo. Por Merlim, ele amava Sarah.

-Eu não tenho escolha. Ele vai me matar. 

Draco murmurou com a voz embargada de emoção. Sarah assentiu com a cabeça compreendendo o que Draco dizia. Todo o mistério do comportamento de Draco estava solucionado na mente de Sarah. 

Não existiam mais segredos... Ela havia visto Draco se expor de corpo e alma. 

-Eu sinto muito. Como eu posso te ajudar? 

Sarah perguntou. Uma onda de medo a percorreu. E se ela perdesse Draco? Para sempre? 

-Meu amor, anjos como você não podem voar para o inferno comigo.*

Draco respondeu em um tom doce e melancólico. Devagar, ele se aproximou da garota e a puxou para um abraço. Sarah deitou a cabeça no peito de Draco e se aconchegou no seu corpo. 

O garoto não esperava por essa reação de Sarah. No fundo, ele tinha medo que ela o afastasse. Ultimamente, essa era a preocupação constante de Draco. Se ele contasse quem era para seus amigos... Seria punido. Ninguém concordaria com a sua posição de Comensal da Morte, mesmo que ele não tivesse escolha. 

Aos dezoito anos, Draco Malfoy se tornou um Comensal da Morte. Enquanto muitos dos seus amigos estavam preocupados com notas e coisas da escola de magia, ele tinha que elaborar um plano para matar Dumbledore. Draco vivia com medo de ser descoberto e de ser morto por Voldemort. 

Naquele momento, tudo que ele precisava era que alguém o acolhesse. Draco sentiu que, independentemente do que acontecesse, Sarah estaria ao seu lado. 

-Eu te peço perdão pela maneira como eu falei com você ontem. - Draco disse no ouvido de Sarah - Eu fiquei com ciúmes do Zabini passar tanto tempo com você que descontei a minha frustação. Isso não irá se repetir. 

Sarah lhe deu um sorriso fraco e inspirou o perfume de Draco. Aquele cheiro havia se tornado sua fragrância favorita.

-Eu não mereço você, meu amor. 

Draco cochichou. Era a segunda vez que Draco a chamava de meu amor e o efeito disso se refletiu no coração de Sarah disparado no seu peito.

-Nós vamos ficar bem?

Sarah perguntou em um sussurro. Um sorriso desanimado surgiu no rosto do garoto. Suas mãos se fixaram na cintura de Sarah para apertá-la. 

-Nós vamos.

Draco respondeu em um sussurro antes de colar seus lábios nos de Sarah. Ele não tinha certeza que ficaria bem, tendo em vista os últimos acontecimentos e a sua dificuldade em cumprir o plano de Voldemort. 

Mas Draco Malfoy tinha certeza que iria proteger Sarah com a sua vida, se precisasse. 

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Nota da autora: *a frase "-Meu amor, anjos como você não podem voar para o inferno comigo." foi retirada de um trecho da música "Angels Like You" da cantora Miley Cyrus. 

O Acordo e o Segredo de Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora