Cap. XXXI - Conversas francas

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Draco Malfoy havia passado a noite em claro fitando Sarah Kinsella dormir. Ainda sem falar com Sarah, Draco se acomodou na poltrona verde do seu quarto enquanto bebericava um líquido em uma taça de prata. Ignorar Sarah queimava mais que a bebida alcoólica que ele ingeria.

Sarah tentou conversar com Draco diversas vezes depois do episódio do banheiro, mas Draco não conseguia. Ele estava muito magoado e ressentido com a decisão de Sarah para sequer conversar. O silêncio era sua maior defesa. 

Draco só queria tirar Sarah de sua casa e levá-la para Hogwarts. Ele estava enfurecido consigo mesmo por não conseguir manter Sarah longe do perigo. Draco sentia que a sua própria existência colocava a garota em risco e se odiava por isso.

Surpreso com a direção que seus pensamentos estavam tomando, Draco voltou seu olhar para Sarah que dormia abraçada no seu travesseiro. A respiração serena da garota provocava um aconchego no coração de Draco.

Com raiva do episódio com Crouch Jr no banheiro, Draco lançou outro olhar para a porta. Ele já tinha lançado diversos feitiços de proteção, mas, rondar o corredor em busca de alguma ameaça à Sarah havia se tornado seu hábito vicioso.

Com os olhos vermelhos de sono e álcool, Draco caminhou pelo corredor silencioso. Todos os quartos da Mansão estavam ocupados por bruxos e bruxas que seguiam Voldemort. A ausência de privacidade deixava Draco ainda mais irritado. Sua casa... Estava bagunçada e imunda.

No fundo, Draco culpava seus pais por isso. Se Narcisa e Lucius não tivessem se aliado a Voldemort sua vida... Teria sido tão diferente.

Ao voltar para o quarto, Draco notou sua cama bagunçada e vazia. Em um movimento brusco, Draco ergueu sua varinha e varreu o quarto procurando por Sarah. Seu coração acelerou e a adrenalina começou a ser disparada para o seu sangue.

Um suspiro profundo fez Draco se virar em direção à janela. Sarah observava o quintal encostada no vidro.

-Volte para a cama.

Draco ordenou com um tom autoritário. Novamente, o garoto se virou e refez os feitiços de proteção para a porta. Sarah não se mexeu. Seu olhar estava perdido nas folhagens do quintal. A luz da lua refletia em sua pele pálida e abatida.

-Você não me suporta mais.

O rosto de Sarah ficou sério com a sua própria constatação. Seus olhos se estreitaram com preocupação. Draco grunhiu em irritação e se encostou à porta. Quanto mais distante ele ficasse de Sarah... Melhor seria.

Uma onda de descontentamento percorria o corpo de Draco. Ele não estava irritado com Sarah... Mas com sua decisão. Sarah só pensara em si mesma.

-Fale comigo!

Sarah insistiu com frustação. Draco franziu os lábios e balançou a cabeça ainda em silêncio. Como explicar para Sarah... O que seu coração estava gritando? Antes que Draco pudesse se preparar, Sarah caminhava em sua direção com os ombros tensos.

-Me deixe ir.

Sarah pediu. O tom de surpresa em seus olhos se transformou em indignação com o silêncio de Draco. Draco continuou encostado na porta fitando o chão. Sua expressão estava sombria.

-Draco Malfoy! Deixe-me tornar tudo mais fácil para você! Deixe-me ir embora da sua vida!

Sarah explodiu. A raiva brilhou em seus olhos, fazendo seus lábios tremerem de emoção. Draco gargalhou de maneira cínica e ergueu suas sobrancelhas para Sarah com uma expressão avassaladora.

-Você já estragou tudo.

Draco finalmente respondeu. As palavras ecoaram até Sarah fazendo-a erguer os punhos em direção a Draco com raiva. Ela estava pronta para lhe deferir um tapa. Com os olhos marejados, o movimento de Sarah fora interrompido pelas mãos de Draco que se fecharam ao redor de seus pulsos.

O Acordo e o Segredo de Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora