Cap. XXXIIII - Noites em claro

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Nota da autora 1) Sugestão de música: To build a home - The Cinematic Orchestra.

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Draco Malfoy empurrou a porta do seu quarto com um chute. Fatalmente, o garoto chorava ao carregar Sarah Kinsella desmaiada para a sua cama.  

-O que houve? Ela vai acordar?

-Mãe?

Draco guinchou para sua mãe em desespero. Narcisa permaneceu em silêncio, pois estava presa em uma tentativa de compreender o que acontecera com Sarah na reunião. 

Ela nunca vira... Voldemort torturar uma possível seguidora dessa forma. Quase como se Voldemort tivesse raiva de Sarah. Talvez por ela ter amado Harry Potter, ou talvez porque ele quisesse punir Draco Malfoy pela sua falha em assassinar Dumbledore.

Com cuidado, Draco colocou Sarah na cama. O rosto de Sarah estava sereno, porém ainda exibia marcas dos arranhões das mãos de Voldemort. Sem pensar duas vezes, Draco correu até o banheiro e molhou uma toalha para limpá-la.

Narcisa Malfoy ainda estava em choque, parada no meio do quarto, observando silenciosamente Sarah desmaiada.

-Faça alguma coisa!

Draco gritou com raiva para sua mãe. Como se acordasse de um transe, Narcisa piscou algumas vezes e se aproximou de Sarah. A mãe de Draco puxou o braço de Sarah para checar a marca reluzente na pele pálida. Com os lábios trêmulos, Narcisa colocou a mão na pulsação de Sarah. 

-Ela está morta? Isso é alguma maldição?

Draco perguntou com agonia, lançando outro olhar apreensivo para Narcisa. O pavor o invadia como o mar agitado em uma tempestade. Devastador. Incontrolável. Destrutivo.

-Não, ela não foi enfeitiçada. Ele... Entrou na mente dela, Draco. Voldemort perseguiu as memórias e lembranças de Sarah a procura de uma pista que comprovasse que ela é uma traidora.

Narcisa respondeu ao encarar seu filho nos olhos. Aceleradamente, Narcisa estava especulando sobre os motivos da tortura de Voldemort.

-E se ela... Não acordar?

Draco sussurrou entre choro. Essa possibilidade... Era insuportável para ele, mas naquele momento era uma possibilidade real.

-Eu vou... Chamar um elfo para examiná-la. 

Narcisa rebateu para o filho. Para ela, a possibilidade de Sarah não acordar também era motivo de desconsolação. Draco jamais a perdoaria por isso. Narcisa não se perdoaria por isso.

Com um estalo, Narcisa fechou a porta do quarto de Draco deixando-o sozinho com Sarah. Draco acariciou a bochecha de Sarah com a ponta de seus dedos e se ajoelhou ao lado da cama chorando em desalento. Seu medo estava se tornando real... Ele estava perdendo Sarah.

Ainda com a cabeça abaixada na cama e segurando a mão de Sarah, Draco tentou pensar em alguma maneira de livrá-la da dor. Nem que essa dor fosse transferida para ele.

A porta do quarto se abriu e uma figura com uma capa preta entrou com pressa. Severo Snape. O professor e diretor da Sonserina correu até Sarah estendendo sua varinha para a garota.

Draco fez uma careta, mas, não se afastou de Sarah. Um silêncio fora instaurado no quarto até Snape começar a murmurar um feitiço em direção à Sarah.

Mentalmente, Draco implorou para que a garota acordasse. Alguns minutos se passaram até Snape recolher a varinha com a testa franzida.

-Ela vai ficar bem.

O professor disse de maneira hesitante. Draco passou a mão pelos seus fios loiros desengrenados com ansiedade. Snape não parecia ter certeza disso... Mas, ele também não tinha motivos para mentir.

-Nós trouxemos um tônico.

Narcisa e um elfo disseram em uníssono. Com rapidez, o elfo estendeu um frasco verde para Narcisa posicionar no nariz de Sarah. Um longo minuto se passou com Narcisa, Draco e Snape fitando Sarah com impaciência à espera de uma resposta.

-Deixe-a descansar.

O elfo disse baixinho. Era a opção mais sábia. Narcisa e Snape se entreolharam entre si antes de saírem do quarto. Draco os xingou antes de se sentar na cama e colocar a cabeça de Sarah em seu colo.

E então, Draco Malfoy chorou. Como se tivesse sofrido uma fratura exposta, o garoto deixou que as lágrimas fizessem seu caminho até os cabelos de Sarah.

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Pratos de comida e copos vazios estavam espalhados na porta do quarto de Draco Malfoy. Ele proibira com um feitiço qualquer um de entrar no ambiente. O garoto não conseguia se alimentar há alguns dias. Sua pele estava pálida e ele tinha grandes marcas roxas ao redor dos seus olhos.

Draco passara tantos dias e noites em claro, que estava começando a suspeitar que havia sido preso em um pesadelo. Sarah não acordara. A garota respirava e seu coração batia... Mas, ela ainda estava em choque.

Draco não tinha mais lágrimas. Sua única sensação era de estar anestesiado pela dor. O coração de Draco se partira em pequenos pedaços fazendo-o se questionar se esse era o preço que ele pagaria pelas suas atitudes ruins. Perder a única coisa que ele já amou. 

Em um movimento de súplica, Draco se ajoelhou ao lado de Sarah e segurou sua mão.

-Há uma casa longe daqui... Ela é iluminada e no jardim crescem pequenas margaridas. Você pode dançar pelas flores e nós podemos envelhecer juntos... - Draco fez uma pausa ao arquear seu corpo em um choro descontrolado e angustiante - Por favor, acorde. 

Outra batida na porta o interrompeu. Draco não respondeu, pois ele não queria que ninguém o consolasse. Pela primeira vez na vida, Draco Malfoy queria poder sentir sua dor. Pois, a dor era a única lembrança de que Sarah havia sido real em sua vida. 

Com desespero, Draco gritou para o quarto silencioso ao sentir a impotência lhe atingir. Ele não sabia mais o que fazer e sua mente o lembrava sempre que possível sobre a sua culpa no estado de Sarah.

Sem esperanças, Draco caiu no chão e chorou mais um pouco. Seu olhar estava perdido no quarto bagunçado e em Sarah desmaiada em sua cama.

Um silêncio frágil invadiu o quarto. Draco enxugou o rosto com a camisa suja cambaleando em direção à estante de livros. Com força, o garoto chutou o móvel deixando que alguns troféus, estátuas e livros caíssem no chão. Draco pegou um Manual de Feitiços da estante e o abriu em sua mesa junto com uma garrafa de Whisky de Fogo.

E novamente, o garoto procurou por um feitiço que curasse Sarah.

O Acordo e o Segredo de Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora