Cap 7 - desabafo

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POV Katherine

Bati o olho no relógio assim que acordei. Eram 6h45m. Steven estava embolado no cobertor enquanto roncava alto. Rio baixo, provavelmente ele estava muito cansado, já que, mesmo sendo época de férias, ele não parou de trabalhar um dia se quer, salvo o natal e o ano novo. Me estico na cama e saio devagarinho, para não o acordar.

Faço um coque no meu cabelo, em seguida vou para o banheiro para fazer minhas higienes matinais. Mesmo que ainda fosse muito cedo, eu já podia ouvir Dylan e Drew discutirem sobre alguma coisa no quarto. Suspiro e fico me olhando no espelho do banheiro por alguns segundos, minhas olheiras não estavam tão visíveis, mas minha cara demonstrava que eu estava bem cansada. Não era fácil criar 5 filhos, ainda eu tinha a babá para me ajudar e me auxiliar, porém meus filhos não era as crianças mais comportadas do mundo.

Assim que sai do meu quarto, fechei a porta vagarosamente e fui até o quarto dos gêmeos. A porta estava entreaberta e eu pude ver os dois disputando o controle do videogame. Entrei de supetão no quarto, o susto fez com que os dois parassem.

- Já estão brigando logo cedo? – Perguntei. Dylan abaixou a cabeça e Drew se sentou na cama.

- O Dy não queria deixar eu jogar, mamãe! – Protestou Drew. Balancei a cabeça observando os dois. Apesar de serem extremamente idênticos, uma característica física os diferenciava. Drew tinha os olhos azul-esverdeado, assim como o do pai, e quando estava em dias mais claros, seus olhos ficavam castanhos bem clarinho. Já Dylan tinham os olhos azul profundo, como os meus, e os dois tinham cabelos bem pretos, como os de meu pai. Era uma mistura de característica e tanto.

- Primeiro, não é hora de jogar, segundo, há dois controles, ou seja, sem motivos pra ficar discutindo.

- Desculpa – Os dois disseram em uníssono.

- Agora vão escovar os dentes e se comportem. Steven vai ficar em casa hoje, e vocês sabem como o papai está cansado. Então façam o possível para não o incomodar. – Falei e dei um beijo na cabeça de cada um.

Saí do quarto e desci para a cozinha. Para a minha surpresa, Gabriel já estava de pé. Meu sobrinho estava ajudando Carla, nossa funcionária, a preparar algumas panquecas. Ele já parecia bem melhor.

- Bom dia – Falei. Os dois olharam em minha direção. Gabe acenou e Carla sorriu pra mim. – Como você está, Gabe?

- Estou melhor, tia... tirando a dor de cabeça...

- Conseguiu falar com seu pai ou com a sua mãe?

- Sim... papai está fora da cidade...

- E Ellen?

Gabriel suspirou e voltou a atenção para a frigideira à sua frente. Estranhei seu silêncio. Meu sobrinho era um dos filhos do meu cunhado que mais falava da mãe, era fácil de ser ver a admiração em seus olhos quando falava de Ellen, porém hoje foi diferente. Percebi que ele logo mudou a expressão quando falei dela.

- Querido, está tudo bem? – Perguntei, mais uma vez não obtive resposta.

Esperei Carla e Gabriel terminarem as panquecas, e assim que isso aconteceu, Carla foi para o andar de cima, provavelmente iria acordar Sophia, Davi e Derek.

- Gabe? Vem aqui, querido – Chamei e meu sobrinho caminhou até a mesa e se sentou de frente pra mim. – Quer me dizer o que está acontecendo?

- Não diz respeito à senhora, tia...

- Guardar ressentimentos faz mal, meu amor... Só estou preocupada, desde ontem quando o vi bêbado... Eu convivo com você desde o seu nascimento, sei que você não faria isso sem um motivo maior...

- Eu... não sei como começar, tia... eu só desabafo com o papai, só que agora ele não está aqui...

- Pode confiar em mim, querido...

Gabriel respirou fundo e apertou os olhos, como se estivesse pedindo forças a Deus para falar. Esperei pacientemente.

- Ontem... ontem eu descobri uma coisa que me deixou sem chão... digo... eu sempre acho uma forma de enfrentar meus problemas, não importa o tamanho, mas dessa vez eu não soube o que fazer, eu estou perdido, tia...

Antes que ele pudesse continuar, seus olhos se encheram de lágrimas e ele engoliu em seco, como se estivesse retendo o choro.

- Sinta-se à vontade para chorar, Gabe... estamos só eu e você aqui...

Gabriel balançou a cabeça e mais uma vez respirou fundo antes de falar alguma coisa.

- John não é meu pai biológico – Ele falou rápido e se atropelando nas palavras. Arregalei os olhos ao ouvir isso, dessa vez quem ficou sem reação fui eu. – Parece que Ellen se engraçou com o Merlin, o melhor amigo do papai, e acabou ficando grávida..., porém ela escondeu isso, durante 20 anos, de todos nós, inclusive de John...

Nessa hora, ele não pode segurar as lágrimas e pela primeira vez em muito tempo o vi chorar de verdade. Ele se levantou, empurrando a cadeira com tudo para trás

- Ellen foi obrigada a sustentar essa mentira porque, pelo que ela me disse, queria o melhor pra mim e para o John..., mas eu odeio mentiras! E agora por conta disso tudo, o casamento do papai está destruído... eu preferia ter sido morto a ter que vivenciar tudo isso...

- Gabriel! Não diga isso! Ellen escolheu mentir, você não tem culpa disso tudo... A culpa é exclusivamente da sua mãe.

- mas ela fez isso por mim, tia.... por mim... é claro que eu sou o culpado... se ela não tivesse engravidado, nada disso teria acontecido, eu nem iria existir e meus pais seriam felizes para o resto de suas vidas...

Me levantei e me aproximei de Gabe e o abracei. Ouvi ele soluçar baixinho.

- Deixe-me te dizer uma coisa, Gabriel. Um filho jamais será culpado pelos erros que o pai cometeu, isso não existe... sua mãe errou feio em mentir, mas mentiu e como você iria saber? John foi a primeira figura paterna que você conheceu e ele vai continuar sendo o seu pai, sempre. Foi ele quem te criou, ele esteve com você em todos os momentos bons e ruins... – Me afastei e o olhei.

- Mas e se ele não me querer mais como filho, tia? E se ele me odiar pra sempre ou querer que eu tenha contato com Merlin? E se...

- Shhh... John jamais faria isso com você, ele te ama...

- Eu destruí o casamento dele... ainda sou fruto de uma traição...

- Não Gabe... você não fez e não é nada... você sempre vai ser o Gabriel, filho de John Church...

Gabe assentiu e passou a mão nos olhos.

- Obrigado, tia... me ajudou muito... – Ele falou, ainda com a voz meio trêmula por conta do choro. Sorri e o abracei novamente.

- De nada, querido... eu te amo muito e só quero ver você bem, tá? Agora, que tal você tomar um banho pra relaxar um pouco e depois vir comer alguma coisa? Logo seus primos acordam e a casa vira uma bagunça...

- Tudo bem... vou fazer isso...

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nota: espero que tenham gostado, gente :)

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