Cap 5 - Decepção e consolo próprio

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POV Ellen

   Gabriel ficou me olhando, sem dizer uma palavra. Como sempre, sua expressão não demonstrava nem tristeza, nem surpresa, nem nada.

   Decidi contar toda a verdade para Gabriel, não valia mais a pena esconder de ninguém. Ivy me observou por alguns segundos em seguida saiu da sala, sem dizer nada.

   - Filha? Espere...

   - Mãe, eu preciso de um tempo. – Ela falou e sumiu pelos corredores.

   Olhei para o meu filho e fiquei surpresa ao ver que o mesmo estava chorando, ainda assim, sua expressão continuava a mesma.

   Eu lembro bem como tudo aconteceu. John tinha uma reunião importante na empresa, naquele mesmo dia, eu decidi acompanhá-lo. Fiquei quase que duas horas na sala de John, esperando terminar a maldita reunião. Nesse meio tempo, Merlin foi pegar uns papéis lá.

   Ficamos conversando por um bom tempo. Nos tornamos bons amigos.

   Uma noite John teve que viajar em emergência, fiquei tão chateada que fui procurar consolo com Merlin... Enfim, o resto todo mundo já sabe.

   Assim que eu descobri que estava grávida, tratei logo de fazer o teste de D.N.A. Contei para Merlin logo em seguida, mas ele caiu fora da responsabilidade e pediu para guardar segredo... Enfim, consegui guardar por 20 anos...

   John ficou tão feliz ao saber que seria pai pela primeira vez, era o sonho dele ter uma família grande e feliz. Várias vezes durante a gestação cogitei a ideia de contar toda a verdade, mas eu não queria estragar a felicidade do meu marido.

   - Gabriel? Filho... – Sentei ao seu lado e segurei sua mão. Meu filho me olhou, o rosto brilhando por conta das lágrimas. – Eu fiz isso pra poupar vocês de tantas coisas...

   - Mentindo? – Depois de tanto tempo, Gabriel falou alguma coisa. Sua voz estava baixa.

   - Não era pra ser assim...

   - Mãe! – Gabriel se levantou e passou a mão no rosto. – Meus 19 anos de vida foram uma mentira!

   - Claro que não filho... O John é seu pai e sempre será...

   - NÃO É ESSA A QUESTÃO! – Me assustei ao ouvir o grito do meu filho. Pela cara que ele fez, ele se arrependeu logo em seguida, até porque ele nunca havia gritado...

   - Gabe... – Levantei e fiquei de frente pra ele. – Eu te amo e queria evitar tudo isso, eu juro! Você tinha que ver o quanto seu pai ficou contente ao saber que se tornaria pai... Eu não queria estragar a felicidade de ninguém...

   - É, não queria, mas estragou...

   - Eu sinto muito, não queria que fosse assim...

   Gabriel respirou fundo e passou a mão pelo rosto.

   - Eu sei que a senhora sente muito, mãe..., mas deveria ter pensado nisso antes de mentir.

   Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Gabriel disparou pela porta.

   - Gabriel! Onde você vai? Já está tarde...

   - Não importa... Mas não precisa ficar preocupada, voltarei logo.

POV Gabriel

   Caminhei pelas ruas meio sem rumo. Nem me dei ao trabalho de pegar o carro.

   Minha cabeça estava a mil e eu, pela primeira vez, não sabia o que pensar. Passei a mão pelos cabelos sentindo o choro vir com força total, mas me segurei. Eu odiava chorar. Peguei meu celular e enviei uma mensagem ao John. Ele com certeza estava bem nervoso, talvez uma palavra minha o acalmasse.

   Para a minha sorte, a igreja ainda estava aberta. Não demorei para entrar lá, logo aquela onda de paz que as igrejas costumavam ter me atingiu em cheio. Fechei os olhos para aproveitar o momento por meros dois segundos.

   Sentei em um dos bancos do meio e apenas fiquei observando os detalhes da igreja, logo a tristeza me atingiu em cheio e eu não pude segurar o choro dessa vez.

   - Gabriel? – Não demorei para identificar a voz de Molly. Olhei bruscamente para o lado.

   Molly estava com um coque alto na cabeça e estava vestindo um vestido azul, da cor de seus olhos. Passei a mão no rosto rapidamente.

   - Oi, Molly. O que faz aqui?

   - Bom, quando eu termino meus trabalhos no orfanato, eu costumo vir aqui e rezar um pouco... Está tudo bem?

   - Ah... não, mas irá ficar. – Voltei a olhar pra frente de novo. Molly se sentou ao meu lado.

   - Você parece triste.

   Suspirei e olhei Molly novamente. Eu não poderia parar de admirá-la.

   - E estou. Bom, aconteceu algo envolvendo a mim, ao papai e a mamãe. Mas eu não quero falar sobre isso...

   - Tudo bem. Não quero insistir em nada... achei fofo você falar "papai" e "mamãe".

   Balancei a cabeça.

   - É uma forma carinhosa de tratar os pais...

   Molly riu baixo, em seguida ficou em silêncio por muito tempo, assim como eu. Novamente, me segurei para não chorar na frente de Molly, ela não precisava saber dos meus problemas pessoais.

   - Bom, eu já estou indo. Espero que você fique bem, Gabriel – Molly sorriu e me deu um beijo no rosto antes de sair. – Lembre-se, alguns males vêm para o bem.

   Respirei fundo e fui para a rua novamente. Fiquei um bom tempo andando pra lado nenhum, até meu celular vibrar. Era a mamãe. Não atendi.

   Vi alguns jovens saindo dos bares, eles pareciam felizes e totalmente longe dos problemas. Em todos os meus 19 anos, acho que desafiei e desobedeci a John umas três vezes. Foram as três vezes que nunca mais esqueci, até porque John tem uma mão bem pesada...

   Ao ver aqueles garotos alheios da realidade, sorrindo e falando alto, eu decidi ir até o local que eles estavam. Entrei no bar e aquele cheio forte de bebida me invadiu em cheio. A música estava alta e insuportável. Respirei fundo e pedi uma bebida fraca pra mim. Eu queria sair logo dali, até porque eu havia acabado sair da igreja...

   Infelizmente, eu perdi a noção e bebi mais do que eu deveria.

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nota: Mais um capítulo pra vocês, gente. Espero que gostem😊 Desculpe os erros de digitação, eu revisei mas sempre algo passa batido.
Ah, não deixem de comentar. É importante eu saber a opinião de cada um, para uma melhora! Aceito cítricas construtivas😊
Abraços e até o próximo capítulo!

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