Cap 11 - Disciplina

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POV John

Fiquei tão irritado quando vi o email de Markle. Eu não conseguia imaginar Gabe agredindo alguém, e pelo que o diretor contou, foi por motivos internos de Gabriel, visto que o garoto, ao que parece, não havia cometido nenhum delito.

Respiro fundo e fico observando Gabriel voltar e descer vagarosamente as escadas e se jogar no sofá, com a cara amarrada. Eu teria rido se não estivesse tão bravo. Gabriel não demonstrava muito suas emoções usando expressão facial, por esse motivo era engraçado vê-lo emburrado.

Papai e os outros saíram da sala em alguns segundos, para que eu ficasse a sós com Gabe.

- Quer me contar o que aconteceu? – Perguntei, cruzando os braços. Gabriel passou a mão no rosto e suspirou.

- Eu não sei se quero falar sobre isso. – A voz de Gabriel soou impaciente.

- Ah, mas você vai falar!

Meu filho soltou um suspiro pesado, percebendo que ele tinha apenas uma opção.

- Eu acabei perdendo a paciência com Luan... me descontrolei, lhe meti um soco na boca e o empurrei contra a parede...

Ergui uma de minhas sobrancelhas ao ouvi-lo. Eu tinha plena certeza de que as coisas não estavam sendo fáceis para Gabe, nos últimos dias, ainda mais pra ele que fica ocultando suas emoções e sentimentos. Eu também sabia que ele estava confuso e sem saber lidar com tudo isso, começando pelo dia em que ele ficou bêbado. Em sã consciência, sua responsabilidade jamais lhe permitiria cometer tal ato. Porém, isso não era motivo pra agredir ninguém e era meu papel discipliná-lo

- E por que você fez isso?

- Eu... – Gabriel apertou os olhos, provavelmente tentando encontrar alguma desculpas, mas ele jamais mentiria, já que ele não sabe fazer isso. – Ele estava falando de Ivy... o senhor também ficaria nervoso se o escutasse. Ele chegou a comparar ela com uma deusa grega e imaginar os dois juntos e sozinhos... – Meu filho fez uma careta e eu não pude deixar de rir, porém o fiz discretamente.

- Olha filho... Eu entendo que aconteceu tantas coisas que você não teve tempo nem de digerir tudo, mas não é motivo pra sair agredindo as pessoas. Você nunca agiu dessa forma e...

- John, eu realmente não quero ouvir sermão – Gabe se levantou do sofá. Descruzei os braços sentindo minha paciência se esvair pela tua petulância dele. O agarrei pelo braço e o puxei para mais perto de mim.

- Não me interrompa enquanto eu estiver falando!

- Já ouvi demais do Sr. Markle! – O tom de voz de Gabe fez eu perder as estribeiras. Depois de dizer isso, ele puxou seu braço irritado, se libertando das minhas garras, em seguida saiu caminhando em direção as escadas, virando as costas pra mim. Aquilo foi o ápice e eu desistira de me segurar.

- Pois bem, você não quer ouvir, né? – Em um rápido movimento, tirei o cinto da minha calça e o dobrei na mão. – Vamos ver se isso aqui vai mandar embora essa rebeldia!

Caminhei atrás dele, o segurei pelo braço novamente e o arrastei para o meu escritório, por sorte o meu ficava no andar debaixo mesmo. Assim que passei pela porta, a tranquei e coloquei a chave no bolso.

- Apoie naquele mesa. – Apontei com o cinto e meu filho caminhou pra lá vagarosamente, sem relutar. Respirei fundo e o segui.

Eu podia sentir o nervosismo de Gabriel, mas ele disfarçava muito bem. A última vez que me vi nessa situação, Gabe tinha treze ou quatorze anos, depois ele nunca mais me deu motivo para lhe bater. O problema é que os filhos às vezes precisam de algo mais para lhe demonstrar dados limites.

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