Cap 6 - Nenhum minuto de paz

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POV Steven

   Eu estava fazendo ronda pela cidade quando tive o desprazer de encontrar meu filho mais velho, Davi, em uma festa clandestina. O garoto tinha apenas 13 anos, mas na cabeça dele, ele tinha 18.

  Minha cabeça estava doendo, já que fiquei trabalhando o dia todo, pra variar, eu teria que lidar com um garoto rebelde. Suspiro passando a mão pelos cabelos enquanto eu dirigia pra casa.

  Davi estava no banco de passageiro, os braços estavam cruzados e ele carregava uma expressão séria. Quando paramos no semáforo, fiquei o observando por alguns segundos. Ele era parecido com a mãe nos traços, já na personalidade, era igual a mim. Meu filho tinha resposta pra tudo, gostava de desafiar todo mundo e mandar no próprio nariz, mas as vezes ele confundia as coisas, e é claro que eu tinha que lhe mostrar os limites de certas coisas.

- Não adianta ficar com essa cara. – Falei. Davi bufou.

- Você me fez passar a maior vergonha na frente dos meus colegas! Que papel ridículo!

- Se você tivesse ficado em casa, não teria passado vergonha.

- Que saco, pai! Você sempre atrapalha tudo! Ao invés de cuidar do teu trabalho, fica cuidando da minha vida!

  Freei o carro bruscamente e olhei sério para Davi. O mesmo olhou para o vidro do carro, fingindo que não era com ele. Os motoristas que estavam atrás de mim começaram a buzinar, impacientes.

- Com quem você pensa que está falando? – Perguntei, ignorando os protestos atrás de mim.

- Pai, os carros irão passar por cima da gente se você não andar...

- Olha aqui, moleque, voc...

- Pai! Olha! Aquele não é o Gabe?! – Davi apontou para uma aglomeração de jovens e eu pude ver meu sobrinho lá no meio. Gabriel parecia atordoado. – Ele parece bêbado...

  Respirei fundo e estacionei o carro, ainda ouvi alguns motoristas me xingando. Revirei os olhos e desci do carro. Me enfiei no meio de todos aqueles adolescentes bêbados e adultos que não tinham o que fazer da vida e consegui chegar até o meu sobrinho.

- Gabe? – O chamei e ele olhou pra mim. Pelo seu olhar, ele nem me reconheceu. Balancei a cabeça e o puxei para o meu carro. Enfiei o mesmo no banco detrás.

  Antes de ir pra casa, tentei ligar para John e para Ellen, nenhum dos dois atenderam o telefone, então apenas deixei várias mensagens pra eles. Como já estava tarde demais, avisei que Gabe dormiria lá em casa.

- Credo, nunca vi Gabriel desse jeito – Davi comentou, olhando o primo. Gabriel ainda estava sem entender o que estava acontecendo.

  Dei partida no carro e logo chegamos em casa.

  Enquanto eu guardava o carro na garagem, Sophia, minha caçula, passou correndo por trás do mesmo e eu quase que atropelei a garota. Apertei os olhos percebendo que eu não teria um minuto de paz nesse dia. Desci rapidamente do carro, irritado.

- Sophia! Por que não presta atenção! O papai quase que te atropela. – Falei e minha filha me abraçou rindo. Ela tinha 7 anos, mas era bem hiperativa.

- Senti saudades, papai. – Ela disse e logo saiu correndo pra dentro de casa. Davi passou rapidamente por mim, mas eu o segurei pelo braço.

- Você vá direto para o seu quarto e me espere lá.

  Ajudei Gabriel a sair do carro e o levei até a sala. Quase tive um ataque cardíaco ao ver a bagunça. Dylan e Drew, meus gêmeos, estavam pulando no sofá enquanto comiam um algodão doce. Derek estava deitado no chão vendo algum vídeo no tablet. Logo minha esposa apareceu enrolada em uma toalha e com os cabelos molhados.

- Dylan! Drew! Saiam já daí! – Katherine gritou. Ela iria continuar falando, mas logo percebeu que eu havia chegado. – Ah, querido. Você chegou... – Ela sorriu pra mim e eu sorri de volta. Antes que ela perguntasse alguma coisa, expliquei tudo a ela.

- Bom... vá se resolver com Davi que eu cuido do Gabe. – Kathy me deu um rápido beijo e carregou Gabriel para o banheiro. Lancei um olhar para os gêmeos, que desistiram de pular no sofá. Derek me olhou e acenou pra mim. Respirei fundo antes de subir as escadas e ir lidar com Davi. Não era nem um pouco fácil ter 5 filhos, e cada um com personalidades diferentes.

  Entrei no quarto do meu filho e o mesmo estava deitado na cama, como se tudo estivesse normal, mas assim que ele me viu, se sobressaltou e ficou em pé. Encostei a porta atrás de mim.

- Olha, Davi. Eu estou cansado, então não irei ficar lhe dando sermão. Apoie na escrivaninha e vamos acabar logo com isso – Falei e puxei o cinto da calça. Davi arregalou os olhos.

- Espera, pai... Eu nem fiz nada demais...

- Faça logo o que eu mandei...

  Esperei meu filho se ajeitar, em seguida pedi forças a Deus.

SLAFT** SLAFT** SLAFT** aaaaah! Inferno!

SLAFT** SLAFT** SLAFT** SLAFT** paaaaaiii!

SLAFT** SLAFT** SLAFT** SLAFT** SLAFT** drooooga!

SLAFT**SLAFT**SLAFT**SLAFT**SLAFT**SLAFT**SLAFT**SLAFT**SLAFT** já chegaaaaaa!

SLAFT** SLAFT** SLAFT** SLAFT** desculpaaa

  Decidi parar por ali mesmo. Como ele mesmo disse, ele não havia feito nada de tão grave, mas eu não poderia deixar passar em branco a sua "arte".

- Isso é pra você aprender a não se meter onde não é chamado. – Falei. Davi passou a mão nos olhos e me abraçou. – E é claro que eu te desculpo.

- Obrigado por ser paciente... – Ele miou. Revirei os olhos.

- Você jamais vai apanhar além do que merece.

- Papai? O que o senhor vai fazer com Gabe? Vai dar umas palmadas nele?

- Claro que não, filho. Não cabe a mim discipliná-lo. Não nesse caso... Teu tio que vai resolver. Além do mais, Gabe já é meio grandinho pra essas coisas.

- É verdade... e do jeito que o tio John é molenga, certeza que ele vai dar só uma bronquinha.

  Ri baixo e beijei a cabeça de Davi.

- Vá se preparar pra dormir. Boa noite, filho.

- Boa noite papai.

  Saí de seu quarto e fui para a sala. Dei uma olhada no relógio e vi que já se passavam das uma da manhã.

- Derek, Dylan, Drew e Sophia. Já pra cama. – Falei e não demorou para os pimpolhos me darem boa noite e subirem cada um para o seu respectivo quarto.

  Kathy estava na cozinha, provavelmente fazendo algo para Gabe comer. Fui até lá.

- Como você está, querida?

- Estou cansada... Drew estava impossível hoje...

- Logo as férias acabam – Falei e ela riu baixo.

  Gabriel apareceu na cozinha, seus cabelos estavam molhados e ele estava vestindo uma camisa minha. O olhei. Seu olhar parecia triste.

- Oi, tio...

- Como você está se sentindo?

- A minha cabeça está doendo, só...

- É só isso mesmo, Gabe?

- Sim... Ah, eu queria pedir desculpas. Não queria incomodar ninguém nem trazer problemas...

- Tudo bem, poderia ter acontecido algo pior... – Pensei em perguntar a ele o que realmente estava acontecendo, pois, conhecendo bem o meu sobrinho, algo grave ocorreu pra ele procurar consolo nas bebidas. – Bem, coma alguma coisa e vá dormir... conversamos melhor amanhã.



Nota: Um capítulo bem maior do que eu costumo fazer pra vocês :) Bom gente, espero que tenham gostado! Ah, outra coisinha, irei tentar postar capítulos novos todos os domingos, já que dia de semana eu tenho muitas aulas e tarefas pra fazer (no total, eu tenho 18 matérias), então, escrevo no sábado e posto no domingo, tudo bem? Abraços gente!

A grande famíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora