Cap 26 - Bondade

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POV Beatriz(especial)

- Eu sinto muito por isso, sinto muito – Falei chorando, vendo os paramédicos levarem Gabriel para o hospital e a polícia levar meu pai. Connor, antes de ser enfiado na viatura, me lançou um olhar de raiva e decepção. Desviei o olhar antes que a minha situação mental piorasse.

Papai nunca encostou um dedo em mim, mas sempre tinha essas recaídas. Até então, eu nunca havia o dedurado para alguém como fiz hoje, mas quando cheguei nessa casa e vi o quanto essa família era unida e feliz, não pude deixar que meu pai machucasse Ivy... ainda assim, ele acabou machucando gravemente Gabriel.

Quando a viatura se distanciou da casa, eu me vi em meio a um tanto de estranhos e completamente sozinha, já que, desde os meus três anos, foram só eu e meu pai. Mamãe não foi assassinada... digo... o que aconteceu foi uma acidente, eu jamais culparia Connor, mesmo que ele tivesse o sangue dela em mãos.

Observo John e Carl pegarem o carro e seguirem a ambulância com pressa. Steven foi para a delegacia com James, ficando apenas Katherine, Olívia e Hillary de adulto em casa. As crianças já estavam todas acordadas, mas com olhar de sono, já que o efeito do sonífero ainda não havia passado totalmente.

Vejo Ivy agarrada aos braços de Olívia e por um momento me sinto aliviada por poder impedir que meu pai cometesse mais um erro.

- Quero ir ver o Gabe! – Disse a garotinha de cabelos castanhos e comprido. Provavelmente era Bethany, a filha mais nova de John. – Me leva, vovó!

- Querida, o papai já foi com ele. E hospital não é lugar de criança, ok?

- Mas eu quero! Por favor, vovó!

- Beth, já chega. Vá brincar com Benjamin e mais nenhuma palavra. – Olívia falou com um tom de voz mais alto, fazendo a pequena Beth se calar e ir pisando duro pra dentro de casa. Eu teria rido se não fosse a atual situação.

- Venha, querida. Vocês precisam comer alguma coisa – Hillary falou, carinhosamente e estendendo a mão pra mim. Eu não conseguia entender como as pessoas dessa família eram tão caridosas e bondosas com todos.

- Eu sinto muito por tudo... – Falei novamente, já esperando alguém começar a me xingar.

- Isso tudo que aconteceu não é sua culpa. Pelo contrário, você impediu uma... catástrofe maior. – Disse, sorrindo suavemente. Engoli em seco e a segui até a cozinha enorme.

Duas mulheres com avental branco estavam fritando alguma coisa na frigideira, e pelo cheiro, parecia ser algo muito gostoso. Sentei na enorme mesa e esperei até que alguém colocou um prato na minha frente com uma omelete.

Comecei a comer devagar e observei a mesa ficando cheia aos poucos. Benjamin sentou ao meu lado.

- Podemos blincar depois? – Ele perguntou, com uma voz infantil muito fofa. Eu admirava demais o garoto pela sua inteligência avançada.

- Claro... – Lancei um sorriso a ele e ele sorriu de volta, depois prestou atenção nas frutas à sua frente.

Assim que terminamos de comer, fiquei um tempo brincando com Benjamin, e depois comecei a me preparar para ir embora daqui. Papai havia deixado dinheiro e um cartão seu, que eu usaria para chegar até a casa de uma prima, que vivia perto daqui.

Coloquei as roupas na pequena mochila que trouxe comigo e caminhei em direção a porta.

- Tem certeza que quer mesmo ir? Olha, tem quartos sobrando aqui, a casa é bem grande e sempre cabe mais um – Disse Olívia.

- Não... eu nem faço parte da família... é melhor eu ficar com a minha prima até tudo se resolver.

- Bem... toma, leve esse dinheiro com você e essas comidas. – Olívia me entregou uma sacola com bolachas, frutas e alguns salgadinhos dentro, e uma bolsinha com uma boa quantia de dinheiro. Sorri agradecida.

A grande famíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora