POV James
- Ajudá-lo?! Aonde vocês enfiaram o juízo?! – Perguntei, indignado com o que eu havia acabado de escutar.
- Papai... ele está sem emprego há meses, e perdeu a sua casa. – Me explicou Carl, novamente.
Não era mentira o que o homem estava falando, pois, o ocorrido estava estampado nas manchetes de todos os jornais. Alguns saqueadores atearam fogo na casa onde o mesmo vivia com sua família. O motivo disso ele não nos contou, mas disse que conseguiu salvar apenas a filha. Os outros infelizmente ficaram em meio as chamas. Como não tinha nenhum outro parente próximo, ele veio atrás de Carl e John... na realidade ele já os observava há um tempo, creio eu, pois os encontrou muito rapidamente. Mas enfim, não era essa a questão de agora.
- Nunca esquecemos o que ele nos fez, mas eu não sou ruim, eu irei contra todos os meus princípios se não o ajudar. E é só até a casa dele ser reformada, em torno de três ou quatro meses... - Disse John. Suspirei cedendo, por fim. Não conseguia imaginar como John e Carl conseguiam ser tão bons mesmo depois de tudo.
Dos meus três filhos, Steven era o mais frio e cabeça quente. Por ele, Connor já teria levado uma surra ou estaria na cadeia.
- Tem a casinha de bagunças lá no fundo, ele pode ficar lá com a filha. Tem um quarto com beliche e banheiro – Disse Carl. – E como ele está sem emprego, pode ajudar a cuidar do jardim, pois é essa a profissão dele. Ele ficará o tempo todo ocupado e não terá contato com a gente a todo momento.
- Ainda acho isso uma péssima ideia, mas não irei discutir com vocês, isso não deixa de ser uma atitude nobre.
- É por um tempo... – Disse John. Assenti ainda meio receoso.
Connor, pela idade que aparentava ter, não era capaz de fazer nada contra ninguém, e se tentasse, eu mesmo iria acertar minhas contas com ele.
Saio do quarto deixando os garotos conversarem mais um pouco. Me assusto ao ver Connor no corredor, seguido de uma adolescente que parecia ter uns dezoito anos. A garota estava entretida com um livro todo rasgado e Connor acenou com a cabeça ao me ver.
- Não é muito apropriado que fique andando pela casa – Falei grosseiramente.
- Desculpe, senhor James, mas estou curioso para saber se meus sobrinhos irão me ajudar.
- Ainda estão conversando, então sugiro que fique lá na sala. Ainda não confio o suficiente em você para que fique perambulando sem ter alguém por perto.
- Obrigado pela bela recepção – Eu podia ver o sarcasmo pingando de sua boca - aliás, acho que lhe devo um agradecimento, por ter cuidado dos meus sobrinhos por todo esse tempo.
- Você não tem que me agradecer nada. Não te fiz um favor. Eu os amei como você nunca foi capaz de amar. Aliás, me admiro deles te receber de bom grado e com o coração aberto.
- Me arrependo de tudo que fiz.
- Arrependimento não é o suficiente.
Connor suspirou e resolveu não falar mais nada. Minha vontade era de agarrar o pescoço dele e fazer como Steven disse, mas eu não teria essa coragem.
Olívia logo apareceu no corredor, provavelmente ouviu parte da discussão.
- Helena, nossa cozinheira, preparou algumas coisas para vocês comerem – Disse minha esposa, docemente. – Vocês devem estar com fome.
- Estamos sim, obrigado senhora – Connor sorriu de forma carinhosa à Olívia e eu o fuzilei com o olhar. A garota sorriu e agradeceu animada. A observei por alguns segundos. Pelo seu comportamento, ela não fazia ideia de que seu pai era um completo idiota. Pelo visto, o homem tinha aprendido a cuidar de alguém de forma coerente.
Entrei no quarto e tomei outro susto ao ver Gabriel lá. Meu neto estava de frente para a grande janela de vidro.
- Gabe?
- Vovô... o papai vai ajudar aquele homem? – Ele perguntou, se virando para olhar pra mim.
- Sim... você conhece teu pai e teu tio Carl... mas parece que Connor vai trabalhar aqui, meio que para pagar sua estadia. Então aceitei.
Gabriel balançou a cabeça, demonstrando que não concordava com a ideia de jerico de seu pai, mas não proferiu uma palavra, apenas soltou um suspiro pesado e passou a mão pelo rosto.
- Está tudo bem, querido?
- Está sim... só estou preocupado, mas não quero falar sobre... só acho que o senhor deveria tirar da cabeça do papai essa ideia de ajudar Connor...
- Eu tentei... olha, o homem não fez nada até agora, e se fizer, é daqui para o olho da rua. Mas por que Connor te preocupa tanto?
- Ah, não é nada..., mas papai e tio Carl são uns tolos.
Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Gabe saiu rapidamente do quarto, de forma irritada. Eu fiquei sem entender nada, mas aquilo me deixou atento. Se Gabriel não gostou do homem, algum motivo tinha, já que meu neto gostava muito de ajudar qualquer pessoa sem julgar seu passado. Suspirei e me joguei na cama, sentindo a minha cabeça doer.
POV Connor
John colocou as cobertas em cima das camas, em seguida nos entregou dois travesseiros. Meu sobrinho estava evitando ter contato visual comigo, mas ainda assim, eu estava feliz por ao menos ter conseguido entrar na sua casa.
- Obrigado por isso, John.
- Não me agradeça. Não é um favor. – Disse ele, mas não de forma grossa, como o seu suposto pai. – Um de nossos funcionários trarão café da manhã, almoço e janta pra vocês aqui, todos os dias.
- Quer dizer que vamos ficar aqui nesse cômodo pequeno o tempo todo?
- Não acho que você mereça mais que isso. Já estamos fazendo mais que o suficiente... bom... se precisarem de algo, é só chamar. Boa noite.
John saiu e fechou a porta. Beatriz balançou a cabeça e voltou a ler seu livro. Revirei os olhos e arranquei a revista de suas mãos.
- Papai...
- Preste atenção. Você precisa ganhar a confiança deles. Sabe que só te trouxe comigo pra te usar, então tens que cumprir a obrigação.
- E se eu não fizer o que você quer? – Ela perguntou, me desafiando com os olhos.
- Eu mato você... como fiz com sua mãe.
Minha filha engoliu em seco, mas não disse mais nenhuma palavra, apenas se levantou e foi para o banheiro. Em seguida se preparou para fechar a porta, porém, eu a impedi.
- As regras aqui são as mesmas – Falei. A garota bufou e se distanciou da porta, indo para o box e se despindo por inteira.
Fiquei a observando por algum tempo, e ela pareceu se incomodar com meu olhar, o que era uma grande besteira. Eu já conhecia muito bem o corpo da minha filha. Ela era seca, parecia que estava desnutrida, e não servia para me satisfazer. Por esse motivo, nunca encostei um dedo nela, eu sempre procurava outros jovens para me ajudar nos meus prazeres.
Durante toda a minha vida, fiquei com raiva de Carl e John terem sumido como fizeram, eram crianças, mas já tinham muita consciência. Prometi a mim mesmo que os fariam pagar por tudo que fizeram eu passar, pela raiva, pela preocupação...
Para a minha sorte, James, o pai adotivo, era bem conhecido, e isso facilitou a minha busca para encontra-los.
Minha atenção estava toda voltada às filhas de John. Elas seriam minha primeira escolha. Mas primeiro, eu ficaria uma semana trabalhando e mostrando a eles que podem confiar em mim, depois, colocaria meu plano em ação.
Eles mal perdiam por esperar
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N/A: Tenso né? Espero que tenham gostado genteeee. Ainda tem muitas coisas pra acontecer heheheDedicado a sissi81santos
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A grande família
General FictionNão é segredo que esse negócio de "vida" não é fácil, ainda mais quando se trata de "família". John, Steven e Carl são três irmãos que guardam muitas mágoas do passado, mas tentam da melhor maneira possível cuidar da família e criar os filhos, e tal...