POV Steven
- Vocês são uns irresponsáveis! – Gritei, apontando para os três pirralhos sentados à minha frente. Stephane abaixou a cabeça e Ethan desviou o rosto. A outra garota não ousou me olhar. – Davi pode morrer por essa brincadeira estúpida!
- Querido, não adianta se estressar agora – Disse mamãe, se levantando do banco e se aproximando de mim. Respirei fundo e passei a mão pelos cabelos, sem querer acreditar no que aconteceu. – O que nos resta agora é esperar e torcer para que o Davi fique bem.
Assenti e sentei, assim era mais fácil de relaxar. Katherine estava chorando em silêncio, segurei sua mão para que a mesma ficasse um pouco mais calma, era quase impossível, mas necessário.
- Senhor? – A garota de cabelos curtos chamou, a olhei. – Isso tudo foi culpa minha... eu dei a ideia da brincadeira... eram pra ser balas de festim, que são aquelas que...
- Eu sou policial, sei muito bem o que são balas de festim – A cortei e a mesma abaixou a cabeça. – Não adianta ficar se lamuriando agora.
- Eu realmente sinto muito...
- Se meu filho morrer, você vai sentir bem mais!
- Steven... não fale assim com a garota. Todos eles têm culpa no cartório. – Disse mamãe.
Não a respondi, apenas comecei a fazer uma reza em silêncio, pedindo para que meu menino ficasse bem logo. Alguns bons minutos depois, Carl apareceu na sala de espera, trazendo consigo uma bandeja com frutas e iogurte.
- É pra vocês comerem, caso queiram – Disse, lhe lancei um meio sorriso como forma de agradecimento. – Meu turno acabou. Irei com Stephane e Ethan pra casa, mas voltarei aqui pela manhã.
- Tudo bem... acha que a cirurgia vai demorar muito?
- Pela gravidade, creio que sim Steven... Vamos crianças. Aurora, irei te deixar em casa – Avisou meu irmão.
- Papai, deixa eu ficar aqui – Pediu Ethan, com uma voz manhosa. Meu sobrinho estava com boa parte de sua camisa cheia de sangue.
- Não, Ethan. Você vai comigo e sem mais discussões.
- Mas pai...
- Calado!
Logo meu irmão sumiu, seguido por aqueles três pirralhos. Balancei a cabeça e me concentrei nas conversas à minha volta.
Ficamos quase que seis horas esperando, quando finalmente um médico apareceu. Mamãe estava dormindo no banco mesmo, já Katherine não pregou os olhos nem por um segundo.
- E então, doutor? Como está nosso filho? – Perguntou ela, se levantando atônita.
- Tenho boas e más notícias. A boa é que a cirurgia correu muito bem, e conseguimos tirar a bala sem danos visíveis.
- E a ruim?
- Bom, por mais que a cirurgia foi um sucesso, é muito difícil alguém que sofre uma lesão no cérebro sair ileso... Davi está respirando bem, mas não está reagindo aos estímulos.
- Como assim? O que isso quer dizer?
- Ele está em coma... e só saberemos as sequelas do acidente quando ele acordar, se ele acordar...
Senti meus olhos transbordarem com essa notícia, mas engoli o choro. O doutor nos liberou para vermos meu filho, mas fiz isso apenas quando mamãe acordou. Já eram sete e meia da manhã de domingo.
Caminhamos os três para a sala onde estava meu menino. Me aproximei da maca onde o mesmo estava e não consegui segurar o choro ao vê-lo.
Davi estava mais pálido que o normal, com a respiração ritmada. Katherine segurou a mão dele e começou a rezar em voz alta. A acompanhei. Agora, só nos restava esperar e torcer para que Davi acordasse.
POV Ivy
A casa estava mais em silêncio que o normal. Geralmente, nos domingos, as crianças acordavam cedo e arrumavam motivos bobos pra brigar o resto do dia. Hoje estava sendo diferente. O estado de Davi estava deixando todos tensos, principalmente Stephane e Ethan.
- Comam logo e vão para o meu escritório – Disse tio Carl, colocando calmamente um pouco de adoçante em seu café. Sentei na mesa vagarosamente.
Tio Carl não costumava brigar com os filhos, nem mesmo os deixar de castigo, mas quando ele estava tão calmo, era porque estava muito irritado.
- Papai... – Stephane apelou, mas meu tio ergueu a mão.
- Não quero ouvir um "a" se quer!
Enquanto comíamos, papai surgiu na sala, carregando a mochila de Bethany, e minha irmã vinha logo atrás. Estranhei, pois mamãe havia nos dito que a traria somente no domingo de noite.
Beth estava com os braços cruzados e o semblante triste. Ela caminhou em direção a mesa e deu um "oi" desanimado pra todo mundo, em seguida correu escada a cima.
- O que aconteceu com ela? – Perguntou Gabe.
- Não sei. Tua mãe disse que ela está assim desde sábado.
Gabe olhou pra mim e eu suspirei. Assim que terminei meu café, fomos eu e ele falar com Beth. Entramos em seu quarto sem nem bater na porta.
- Hey, maninha. Não quer nos contar como foi lá na mamãe? – Perguntei, sentando em sua cama. Beth se sentou ao meu lado.
- Foi legal...
- Por que Ellen te trouxe mais cedo? – Perguntou Gabriel.
- Mamãe tinha compromissos.
Segurei sua mãozinha, mas minha irmã gritou um "auu" repentino e escondeu sua mão de mim. Cerrei os olhos, estranhando sua reação. Sem dizer uma palavra, puxei novamente a sua mão e chequei. Não demorei pra ver um vergão atravessando as costas de sua mão, e pela cor, era bem recente.
- Como você se machucou?
- E-eu tava brincando e acabei caindo...
- Você está mentindo, Beth - Meu irmão falou convicto.
- Não tô não!
Gabriel balançou a cabeça, se aproximou da gente e puxou Bethany para que ela ficasse em pé, em seguida virou-a de costa e puxou sua calça jeans pra baixo. Arregalei os olhos ao ver variados vergões em seu traseiro e coxa. Alguns estavam bem vermelhos e outros um pouco roxo.
- Céus, Beth! – Gabe exclamou e minha irmãzinha começou a chorar. – O que aconteceu?
- Eu quebrei um prato sem querer e acabei irritando Merlin... aí ele me bateu com a vara, e doeu muito. – Disse Beth, erguendo suas calças rapidamente. – Não contem pro papai, a mamãe me fez prometer que ele nunca vai saber o que aconteceu.
- É claro que vamos contar ao John. Merlin não tem direito de encostar um dedo em você. – Falei e Gabriel concordou comigo.
- Mas a mamãe disse que eu vou apanhar se o papai souber...
- Se eu souber o que?! – John apareceu na porta de repente, fazendo eu me assustar. Beth olhou suplicante para Gabe, e pela cara que meu irmão fez, eu soube que ele iria omitir a verdade.
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N/A: Bom gente, é isso por hoje. Espero que tenham gostado kkkkk. Não se esqueçam de comentar e votar, tá bem? Perdão se o capítulo ficou ruim, é que essa semana tá bem pesada pra mim, mas fiz meu máximo. Abraços e até o próximo :) Boa semana!
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A grande família
Ficción GeneralNão é segredo que esse negócio de "vida" não é fácil, ainda mais quando se trata de "família". John, Steven e Carl são três irmãos que guardam muitas mágoas do passado, mas tentam da melhor maneira possível cuidar da família e criar os filhos, e tal...