Capítulo 1 - 2

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Dulce foi levada ao palco. 

Esfregou a palma das mãos da cintura aos quadris, e ia se acalmando aos poucos. Sentia-se como um cavalo preparado para o páreo.

Antes, quando ainda tinha seus óculos, Dulce poderia distinguir os rapazes, todos de smoking, que iam chegando aos poucos. Agora, nem isso. Talvez até fosse bom que sua mãe tivesse morrido para não presenciar cena tão degradante.

Passando as mãos pelos cabelos, sentiu-os tão macios, tão diferentes do que eram, que imaginou estar usando peruca. 

— Ei, Dulce, você ficou linda! 

Dulce virou-se e deparou com Eloíse e o marido Norman Grant, o mestre de-cerimônias.

— Sinto-me um pouco nervosa — ela confessou. — Todos já chegaram? 

— Sim. 

— Não posso ver sem os óculos. 

— A orquestra está se instalando e os garçons preparam o bufê. A música vai começar quando for anunciada a oferta mais alta. 

—Quanto já foi oferecido para a escola? — Emily quis saber. 

— Cinco mil dólares. Mas não é suficiente. 

— Continuam apostando?— Sim, um homem agora. 

— É mesmo? Quem é ele?

— Lembra-se do dono da lanchonete do outro lado da rua? — Norman lhe perguntou. — É ele.

— O sr. Belgradian é um homem muito bom — Dulce logo informou. — Ele ajuda muito a escola. Até já dá um desconto para os alunos daqui quando vão a sua lanchonete. 

— Bem. Ele deu agora cinco dólares e um centavo — disse Norman. — Tudo o que tinha no bolso. 

— Cinco dólares e... um centavo? 

A música começou. E Dulce suplicou: 

— Oh, meu Deus. Norman, por favor, tire-me daqui. Há uma porta atrás da cortina. Se sairmos por lá, ninguém nos verá.

 — De forma alguma. — Ele sacudiu os ombros. — Eloíse cortará minha cabeça. Mas de que tem medo? Está linda. E tudo isto é de brincadeira. Relaxe.

De que tinha medo?  —  Dulce se perguntou. Pois bem, de muitas coisas. Das risadas da multidão; de seu embaraço por usar um vestido sem alça, pouco respeitável; medo que nenhum homem solteiro a arrematasse...

 — Acho que vou ficar doente. — Tinha esperança de que assim Norman teria pena dela, que a tiraria de lá, que chamaria um táxi e estaria em casa antes de a música começar. 

Soou a fanfarra e Dulce tomou a direção da saída, mas Norman segurou a pelo cotovelo. 

— Há uma boa solução para você. Vamos dançar. Será a nota alta da festa. Garanto.



Christopher Uckermann estava entediado...



Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora