Fique parada, Dulce. Como quer que eu feche o zíper deste vestido se continua se mexendo?
Dulce Savinon, mesmo sentindo-se apertada no vestido vermelho sem alça, pela primeira vez na vida agradecia à costureira por a ter tornado elegante. Mas gostaria que a roupa não fosse incômoda de tão justa.
— Eu não estaria me mexendo se este maldito vestido não me cortasse a circulação. Ainda não entendo por que não fez para mim um tamanho maior, ou por que não me deixou usar uma cinta.
— Confie em mim, Dulce, este é o tamanho certo para você — Ruth Roberts respondeu. — Vire-se um pouco. Está usando aquela calcinha que compramos, não está?
— Estou, e é a calcinha mais desconfortável que já usei. Simplesmente não posso imaginar uma mulher sensata indo trabalhar com esse pequeno trapo amarrado na cintura. — A mulher não compra lingerie para ser sensata. Está na hora de todos verem que lindo corpo você andou escondendo por baixo desses uniformes cinzentos.
— Se minha mãe estivesse aqui, não consentiria... Antes que Dulce terminasse de falar alguém lhe arrancou os óculos do rosto. Todos os presentes caíram na gargalhada. — Ei! Espere! Não consigo enxergar sem óculos! Naquela noite estava havendo no Instituto Savinon um leilão em benefício da escola. Após o leilão, teria lugar o baile.
— Você não precisa ver nada — disse alguém. — Apenas tente ser glamorosa. Norman cuidará do resto. Dulce reconheceu a voz de Eloíse Grant, a professora do jardim-de-infância, esposa de Norman.
— Não posso ser glamorosa. Não sei como.
— Espere até que Phillip a veja. Ruth agarrou Dulce pelo braço e conduziu-a ao vestiário. — Eloíse, venha cá e veja o que pode fazer com a maquiagem dos olhos dela.
— Eloíse, por favor — Dulce pediu —, faça com que todos entendam que não sou boa para isso. Não posso permitir que me vejam como um modelo em vez de uma... uma...
— Uma escrava? — Eloíse perguntou. — Uma escrava? É como você acha que pareço? — Sinto muito se a verdade a ofende. Sim, é como acho que você parece. Sinto muito se a verdade dói. Mas é isso mesmo. Veste-se como uma mulher do dobro de sua idade. Até minha sogra usa roupas mais jovens e tem mais de cinquenta anos.
— O vestido que eu pretendia vestir hoje foi de minha mãe. Ela sempre dizia que um Chanel nunca saía de moda.
— Não quero ser rude, Dulce, mas sua mãe já morreu. E não concordo com o ponto de vista dela sobre o Chanel. Um vestido dessa idade deveria estar num museu. Não quero ser uma coisa que não sou, Dulce quis dizer, mas não conseguiu. Quando Eloíse terminou de pintar os lábios dela, deu um passo atrás e disse: — Você tem uma pele linda. Decerto é por estar sempre trancada numa sala, sem tomar sol.
— Quem a ouve falar pensa que sou um vampiro.
— Posso cuidar agora de seus cabelos? — Ruth perguntou.
— Não acha interessante fazermos apenas um coque? — Dulce sugeriu.
Todos riram.
— De forma alguma — disse Eloíse.
— Deixe Ruth cuidar deles. Claire, preciso falar com você por um minuto.
— Quase deixei escapar tudo sobre Phillip — Claire declarou.
— Tem certeza de que ele está aí fora? — Eloíse perguntou.
— Eu o vi minutos atrás. Lindo. Mas acha que é o homem certo para Emily? Ela vai ficar furiosa quando souber que escolhemos um homem para ela. Contudo, ainda não sei o que você, Eloíse, vê em Phillip Cummings. — Phillip é exatamente igual a Dulce. Têm tanto em comum... Phillip é reservado, não fuma nem bebe. Cuidou do pai doente até ele morrer no ano passado, como Emily fez com a mãe. E leciona contabilidade. Pode ajudá-la com a parte financeira da escola.
— Mas que tal um homem que possa tirá-la da concha em que vive e ensinar-lhe tudo sobre paixão? Opostos se atraem, lembre-se disso. Um homem que, como Norman, faça os lençóis pegar fogo?
— Claire! Isso não tem graça.
— Talvez não, mas é verdade. Você e Norman frequentaram a escola juntos, casaram-se um mês depois de sua chegada aqui. O militar e a ex freira. Nunca assisti a um casamento mais tocante. E, no entanto, teria sido impossível inventar duas pessoas mais antagônicas. Só porque você conseguiu achar um homem que tem as mesmas qualidades de Dulce não quer dizer que o casal seja perfeito.
— Mas é um começo, não acha? E ela merece umas férias. Garanto que nunca teve um dia de folga desde que terminou a universidade e começou a ajudar a mãe. Phillip a aprecia e gostaria de trabalhar no instituto. Mesmo que não exista muito romance no relacionamento dos dois, ela terá alguns dias maravilhosos no Club Paradise. Quando é que você foi ao apartamento de Dulce e quando fez as malas dela para a viagem?
— Entrei lá na hora do almoço. Ela não tinha nenhuma roupa de verão adequada aos trópicos. Por sorte, seu tamanho é o mesmo que o meu.
— E o passaporte, os óculos?
— Encontrei o passaporte e as lentes de contato. Sabe por que ela não usava as lentes? Porque gostava de se esconder atrás dos óculos. A horrível mãe concorreu para isso, aposto.
Eloíse teve de concordar. Nunca tivera chance de se encontrar com Blanca Savinon, mas ouvira falar dos conceitos rígidos de moral da mulher. Quando voltara de sua lua-de-mel convidara Dulce para muitas reuniões a fim de apresentá-la a vários rapazes, mas a moça sempre vinha com a desculpa deque estava muito ocupada.
Quase desistira de encontrar para Dulce, a atual diretora, o homem certo. Foi quando um parente rico decidira organizar o leilão. A escola ia mal de finanças. Estava na hora de os antigos alunos darem algo à família que educara tantos jovens da cidade.
Karen e Ruth tiveram a ideia de leiloar Dulce, coroando o leilão no final. Eloíse decidira que Phillip seria o homem perfeito para ela, e lhe fizeram uma proposta irrecusável. Ofereceram-lhe fundos para o lance do leilão. Ela, Karen e Ruth fizeram a reserva no Club Paradise e pagaram para o casal seis diárias de hotel. Eloíse só esperava que Dulce aceitasse.
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Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]
RomanceAté que ponto seria aceitável ser leiloada para salvar uma escola de falência? Vinte mil dólares! Esse foi o lance que Christopher ofereceu para ter um encontro intimo com a sensual professora Dulce. Passaria sete dias numa paradisíaca ilha nos tróp...