Júnior inclinou para a esquerda, pilotando o helicóptero acima das nuvens, na área das montanhas. Sentindo o ar puro e a beleza do céu, suspirou. Era o que mais gostava de fazer. Estava em seu lugar preferido. Consistia numa das vantagens de seu trabalho servir de guia aos turistas.
Fora cedo apanhar os hóspedes, sabendo muito bem que eles gostariam de ficar mais tempo. Assim, ele também se demoraria mais naquele recanto maravilhoso, onde havia um lago no qual Christopher nadava agora. Dulce encantara-se com a limpidez das águas e insistira com Christopher para que nadasse.
Júnior prometera ao guia, que ficara o tempo todo com os hóspedes, que mandaria outro helicóptero para apanhar os que preferissem se demorar no local. Ninguém precisava saber, por exemplo, que o piloto regular acidentalmente dormira e perdera a hora de apanhá-los.
Tampouco precisavam saber que só seriam resgatados na manhã seguinte, talvez. Christopher sabia e estava calmo, pois encontrara logo a caverna onde foram colocados os suprimentos necessários. E eles ficariam livres de Cissy por mais um dia. Júnior manobrou o helicóptero e aterrissou onde estava o grupo com o guia.
— Todos prontos para partir? — ele perguntou.
— Você veio cedo demais — alguém respondeu.
— Há ainda um casal nadando no lago. Vou chamá-los.
— Não se preocupe — Júnior falou. — Deixem um recado para os dois que voltarei mais tarde a fim de apanhá-los.
— Não sei... — o guia começou a dizer.
— Estou pronta para ir — interrompeu-o uma mulher que parecia muito queimada de sol.
— Eu também quero ir — um homem falou. — Estou morrendo de fome e nossa hora do jantar é cedo. Minha mulher e eu gostaríamos de tomar um banho antes de comer.
Júnior ajudou os hóspedes a embarcar. Momentos mais tarde estavam no céu. Perdida num mar de tranquilidade, Dulce nadava com Christopher ao lado.
O sol se escondia nas nuvens e ela sorria de alegria. As árvores frondosas, o ruído das cachoeiras e o canto dos pássaros eram fascinantes, e acreditava estar no paraíso. Os hóspedes que preferiram ficar gostaram da opção. Dulce perguntara ao guia se podia se demorar mais alguns minutos na água. Não queria ir embora. E Christopher concordara em permanecer um pouco mais.
O piquenique fornecido pelo hotel consistia em salmão, salada, legumes, pão e uma torta de frutas. Vinho branco resfriado e chá de maracujá completavam a fabulosa refeição. Depois do almoço eles entraram na floresta onde havia muitas grutas. Voltaram ao lago por outro caminho. Os hóspedes que estavam de maiô ou calção em baixo da roupa entraram na água também.
— Está anoitecendo — Christopher preveniu-a. — E melhor nos vestirmos para voltar. O helicóptero logo chegará.
— Tudo aqui é tão lindo. Detesto ter de voltar — ela protestou, ainda nadando.
— Poderemos vir amanhã, ou depois de amanhã, se você quiser.
— Tudo bem. Mas andar pela floresta me encantaria também. Talvez possamos fazer isso agora, em vez de nadar.
Concordando, Christopher beijou-a. O barulho da cachoeira quase impedia que se ouvisse o motor do helicóptero que se preparava para aterrissar.
— Nosso guia chegou — disse Dulce. — E ainda não estamos prontos.
— Não se preocupe, temos tempo. Ele chegou mais cedo.
Juntos, nadaram para a margem e depois se afastaram do grupo.
— Não sei. O guia disse que teríamos de embarcar logo que o helicóptero chegasse.
— Calma. — Christopher tentou sossegá-la. — Eles não partirão sem nós.
Os dois se vestiram. E Dulce se surpreendeu quando viu Christopher de jeans.
— Por que me olha desse jeito? — ele lhe perguntou. — Estou estranhando ver você de jeans. Sempre usa roupas tão formais!
— Mas uso jeans quando, por exemplo, vou à cobertura de meu prédio ver as estrelas. Quem pôs o jeans em minha mala foi o mestre-de-cerimônias.
— Norman Grant?
— Sim. Esqueceu de quase tudo o que lhe pedi. Não sei por que colocou isso em minha bagagem.
— Preciso agradecer a Norman quando estiver com ele. Acho que você fica melhor de jeans do que com as roupas caras que comprou na loja do hotel.
— Verdade?
— Verdade. — Ela olhou através da folhagem e perguntou: — Acha que estamos no caminho certo?
— Acho que sim. E continuaram andando de mãos dadas. De repente, Dulce perguntou:
— Eles deixaram um recado para nós. O que diz esse recado? Quando voltarão para nos apanhar? Christopher pôs a mão no bolso e tirou um papel. Deu-o a ela.
— Leia — disse.
— "Sentem-se e esperem. O piloto chegará mais tarde que o combinado." O que significa isso?
— Não tenho idéia — Christopher respondeu.
— Mas aceito suas sugestões.
— Ok. Por que não tentamos voltar ao hotel com nossos recursos? Há de haver um jeito. Viemos até aqui sem helicóptero, não?
— Com certeza. Porém precisaríamos saber que atalho seguir. Há seis saindo daqui. Qual deles nos levará ao Club Paradise?
— Quer dizer que não está com medo de não podermos voltar? — Dulce indagou.
— O recado dá a entender que alguém virá nos buscar, certo? Duvido que nos deixem passar a noite aqui.
Tudo o que temos a fazer é esperar. Dulce era uma pessoa da cidade. Jamais dormira em qualquer lugar que não fosse uma cama, e a incerteza do futuro a deixava nervosa. Parou diante de Christopher, que se sentava numa pedra, e perguntou:
— Mas e se escurecer antes de eles nos encontrarem, ou se aparecerem animais ferozes, ou...?
Christopher a fez sentar em seu colo e disse:
— Duvido que uma dessas coisas aconteça, mas se acontecer, resolveremos os problemas um a um. Encontraremos um abrigo com certeza.
— Tem certeza mesmo?
— Absoluta.
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Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]
RomanceAté que ponto seria aceitável ser leiloada para salvar uma escola de falência? Vinte mil dólares! Esse foi o lance que Christopher ofereceu para ter um encontro intimo com a sensual professora Dulce. Passaria sete dias numa paradisíaca ilha nos tróp...