Capítulo 9 - 2

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— Isso é ridículo! Fomos à piscina três vezes, à quadra de tênis duas vezes e à praia durante metade da tarde. Até passamos pelo spa e pelos restaurantes. Nada. Eles não podem ter desaparecido

— Cissy disse, pondo o chapéu de sol sobre a mesa.

— Não entendo.

Kevin, parado diante da lareira, sorriu, resistindo ao desejo de beijar aqueles lábios sensuais. Na verdade, depois da última noite quisera fazer muito mais, porém duvidou que Cissy cooperasse. Após um único beijo ela como que se escondera atrás de uma parede intransponível. Quando percebera o que Kevin queria, erguera uma barricada de travesseiros entre os dois.

— Não se preocupe, estarão de volta logo. Perguntei na Recepção e fui informado que continuam no hotel.

— Devem ter tomado parte em uma dessas excursões pela floresta ou nas montanhas.

— Provavelmente. Talvez possamos fazer o mesmo amanhã — Kevin sugeriu.

— Preciso fazê-lo se lembrar de que não estamos aqui para nos divertir? Viemos empenhados em missão importante.

— Sobre essa missão, Cissy, ouça, na verdade acho que você está cometendo um grande erro. Não importando o que possa acontecer entre Christopher Uckermann e Dulce Savinon, duvido muito que ele queira ter um romance com você.

— Vamos, vamos, sabe que ele quer.

— Não sei nada disso. Apenas sei que ele já saiu com quase todas as moças desimpedidas da cidade. Quer, por acaso, ser mais uma dessas conquistas? Por quê?

— Você não entende, Kevin.

— Então, ajude-me a entender.

— Christopher era... é o rapaz de ouro da nossa classe. Não posso me lembrar de ele ter falhado em nenhuma tentativa. Tênis, golfe, basquete, beisebol... Todos os professores o adoravam, o que é estranho, porque nunca obtinha boas notas.

— Ok, e daí? Era popular e agradava as multidões. Grande coisa.

— Ele era o rapaz de ouro e eu a garota de ouro. E dançou comigo a valsa na festa de formatura. Kevin riu. — Pare de rir — Cissy pediu. — Não sou louca.

— Sei que ele dançou com você, porque foi votada como rainha da classe e ele como rei. Espera-se sempre que dancem juntos. Não porque Christopher a tenha convidado.

— Ele teria me convidado se...

— Cissy... — Kevin interrompeu-a. — Rapazes de ouro e garotas de ouro nem sempre combinam entre si. Às vezes, é o homem não lá essas coisas e a líder da classe, ou talvez a oradora da turma e o palhaço da classe. Pessoas não se unem simplesmente por alguma noção preestabelecida sobre quem pertence a quem.

— Ora, ora, desde quando você ficou um perito nesse assunto? Não me conheceu, tampouco conheceu Christopher até uma semana atrás. Não nos conhece nem agora.

— O que sei é que é uma mulher adulta vivendo do passado. — Kevin tomou-lhe a mão, o que ela aceitou com relutância. — Seus casamentos não funcionaram e está tentando voltar ao passado quando sua vida era perfeita. Aceite o fato de que a escola e Christopher Uckermann acabaram, e siga adiante.

— Mas Christopher possui tudo o que sempre desejei num homem. Tem família rica e uma carreira que todos invejam...

— Se dinheiro e prestígio significam tudo para você, explica-se por que se casou com um velho bilionário.

— Claro que não explica nada. — Ela parecia irritada. — James e eu nos amamos. Simplesmente nosso casamento acabou mais cedo do que eu esperava.

— Entraram em acordo?

— Sim, sim. Na verdade, sou uma mulher solteira agora. James foi muito generoso comigo.

— E se você encontrar um pobre que a ame, o que fará?

— É tão fácil apaixonar-se por um rico como por um...

— Não venha com esses adágios idiotas. Responda à minha pergunta. Dinheiro e posição social são tudo? Seria isso suficiente para conservá-la aquecida em noites frias de inverno ou satisfazê-la na cama?

— Você fala como se eu fosse uma mulher interessada só em dinheiro. — Ela tentou soltar a mão que Kevin segurava, mas ele não o permitiu.

— Isso é horrível.

— E o que diz sobre as crianças?

— Filhos?

— Claro. Pessoas em miniatura cujas fraldas precisam ser trocadas, que mantêm você acordada a noite toda, que a preocuparão durante trinta anos seguidos. Sim, filhos.

— Nunca pensei no caso. Tinha apenas dezenove anos quando me casei. Alan — meu primeiro marido — era muito jovem também. Quando nos separamos, voltei à universidade. Ao terminar com os estudos, fui trabalhar no escritório de advocacia de meu pai. James era cliente dele. Foi como o conheci.

— Trabalhou com seu pai? — Kevin esquecera-se de que o pai de Cissy era advogado. Ele poderia assim ter uma chance. — Vocês dois se dão bem? Você e seu pai?

— Sim. Ele é um grande homem. Minha mãe também é uma grande mulher. E minhas duas irmãs igualmente.

— Fale-me sobre eles. Como são?

— Não quero falar sobre eles. Quero saber por onde andam Christopher e Dulce agora.

— Que importa? Estão juntos. Quando os encontrarmos, acho que será fácil descobrir quem ganhou a aposta.

— Eu já sei. Além de ser perfeito, Christopher é tão persuasivo que Dulce seria uma idiota se não tivesse dormido com ele.

Perfeito? Droga, Kevin pensou.

— Cissy, acho que está na hora de você reconhecer que, embora Uckermann seja um rapaz maravilhoso, ele não está interessado em você.

— Não é só Christopher o problema — Cissy falou por entre os dentes. — É Dulce também.

— Dulce? Agora não entendo mais nada.

— Dulce era filha da diretora. Por causa disso, achavam que fazia tudo certo na escola, que nunca errava, vencia em todas as votações feitas em classe, inclusive ganhou de mim o voto para líder do grupo; fazia com que todos nós parecêssemos uns idiotas.

— Isso não é justo. Pondo de lado o fato de todos dizerem que ela era um pouco cansativa, nunca ouvi um comentário maldoso sobre Dulce. Só que se dedicava à escola a ponto de não ter vida pessoal, o que a fazia uma pessoa diferente das demais.

— Quer com isso tudo dizer que sou vazia?

— Não exatamente. Mas as pessoas mudam. Ao menos as espertas. Tente. Pode lhe fazer bem. Quem sabe?

— Acha que existe uma possibilidade?

— E interessante começar.

Cissy suspirou e disse:

— Está ficando tarde. É melhor nos vestirmos para jantar. Não fiquei feliz com sua psicanálise, mas sou grata pela ideia da mudança. Vou me aprontar para jantar.

Kevin sentou-se no sofá e deu um suspiro. Fora esperto ao lhe dar aquele conselho. Poderia ainda conseguir alguma coisa com Cissy no resto da semana. Encontraria um meio de provar-lhe que ele, e não Christopher Uckermann, era o homem certo. 

Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora