A garçonete trouxe as bebidas e a comida à mesa, e Dulce logo pegou o garfo. Começou a comer os camarões. Christopher comeu também, achando que a química sexual que sentia pulsando entre os dois era real. Imaginando que Dulce sentia o mesmo, concluiu que seu caminho para a sedução seria fácil.
Se a sorte o ajudasse, estariam juntos na cama no fim daquela noite. Diante da série de livros da biblioteca, Dulce continha sua raiva. O que a fizera pensar que seria atraente para Christopher, além de num pequeno almoço? Todas as mulheres da loja eram atraentes e elegantes. E qualquer uma tinha mais em comum com Christopher do que ela própria.
Achando que um livro afastaria sua mente de Christopher e a ajudaria a relaxar, escolheu um romance e colocou-o debaixo do braço. Não conhecia o autor, mas a capa lhe pareceu repousante e o assunto interessante. Poderia sentar-se no terraço, ler, dormir, ou olhar para o mar e pensar no vestido que não comprara.
Melhor ainda, poderia apreciar o pôr-do-sol e esquecer-se dos problemas financeiros que a aguardavam na escola. Se dormisse e perdesse o jantar, andaria pela praia e planejaria o que fazer com o resto de suas férias — sozinha. Ela foi até o balcão dos óculos e encontrou a solução para as lentes de contato que a vendedora recomendara. Comprou um frasco.
— Encontrou o que procurava? — alguém lhe perguntou.
Dulce ficou gelada e pôs a mão no peito. Ficaria um dia acostumada com Christopher aparecendo de repente atrás dela? Virando-se, sorriu.
— Encontrei — respondeu.
Ele inspecionou o departamento próximo e comprou um pacote de navalhas, creme de barbear e um desodorante. Depois olhou para o que Dulce carregava e perguntou:
— Está usando lentes? Eu me perguntava o que acontecera com seus óculos.
— Alguém esqueceu-se de colocá-los na mala.
A imagem de Christopher com o rosto ensaboado apareceu de súbito diante dela e Dulce virou a cara, como se temesse que ele lesse seu pensamento. Depois enxergou-o de peito nu, com uma toalha em volta dos quadris. E mais ainda, imaginou-o de calção de banho — ou, pior ainda, nu no chuveiro. Afastando as imagens da mente, foi ao caixa para pagar o que comprara, o líquido para as lentes e o livro. Christopher apareceu atrás dela e pôs suas compras no balcão.
— Tem planos para a tarde? — ele perguntou.
Dulce mostrou-lhe o livro.
— Achei que poderia dormir um pouco ou ler no terraço.
— E eu vou à loja dos profissionais para reservar uma quadra de tênis para amanhã. Que tal assinar a reserva para nós dois? Ela sacudiu a cabeça, num gesto negativo.
— Se eu ficar grudada em você, estragarei seu jogo. Não sei nada sobre esse esporte — Dulce confessou, lamentando consigo mesma não ser mais atlética. O único exercício que fazia ultimamente, desde que dispensara muitos dos empregados, era carregar caixas de livros ou mudar os móveis de uma sala para outra.
— Garanto que está exagerando. Além disso, não me importo de lhe dar algumas aulas.
— E bom saber que ainda joga, Christopher. Lembro-me de como gostava de esporte, na escola. Li qualquer coisa sobre um campeonato que você venceu.
— É verdade — Christopher confirmou. — Tive depois alguns insucessos no tênis, e meu pai me preveniu de que eu nunca seria um bom jogador. Portanto, pensei, não havia razão de continuar com os jogos. Mais uma vez meu pai interferia em minha vida. Porém insisti e continuei; e logo concluí que meu pai acertara. Aí desisti. Além de tudo, depois de formado, meu pai esperava que eu trabalhasse na firma, e tive de abandonar o esporte.
— Não despreze suas qualidades. Milhões de pessoas jogam tênis, e você é bastante bom nesse jogo, sem ser necessário comparar-se a um campeão. Eu, por exemplo, quis escrever uma novela, mas minha mãe sempre achou isso um sonho longe da realidade. As mulheres da família Savinon sempre foram educadoras, não autoras de obras de ficção. Ouvi dizer que apenas três por cento dos manuscritos submetidos à publicação são aceitos, o que me soa desanimador.
— Nunca tive muito tempo para ler — Christopher comentou. — Mas, se você concordasse em ir à quadra de tênis comigo amanhã, eu não teria de jogar com um desconhecido. Prometo tornar o jogo interessante.
— Vou pensar sobre o caso. Afinal, preciso ter algumas histórias para contar na volta, ou Eloíse e as outras pensarão que joguei dinheiro fora.
— E não se esqueça, combinamos jantar juntos. — Christopher apanhou suas compras.
— É cedo ainda. Vou até meu quarto para vestir um calção de banho. Depois farei a reserva para o jogo. Por que não leva suas compras ao quarto e faz o mesmo? Encontro-me com você na piscina em... digamos... trinta minutos.
— Não penso que seja uma boa id...
— Claro que é. Pode ler seu livro ou dormir tanto numa poltrona na área da piscina como no nosso terraço.
Fingindo que não ouvira os protestos dela, Christopher encaminhou-se para o elevador. Se pretendia ter Dulce em sua cama logo, teria de apressar seu plano de sedução. Quanto mais tempo passassem juntos, mais fácil seria conseguir seu objetivo.
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Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]
RomanceAté que ponto seria aceitável ser leiloada para salvar uma escola de falência? Vinte mil dólares! Esse foi o lance que Christopher ofereceu para ter um encontro intimo com a sensual professora Dulce. Passaria sete dias numa paradisíaca ilha nos tróp...