Capítulo 3

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Na piscina, Christopher olhou mais uma vez para o relógio. Estaria ainda no marco zero com sua companheira de quarto? Droga! Havia mais de uma hora deixara Dulce na loja e ela não se encontrava em parte alguma. Não queria insistir demais; duvidava sobre o modo como deveria agir. Talvez tivesse sido prepotente.

Sacudiu a cabeça. Como se alguém pudesse mandar numa mulher como Dulce! Foram amigos na escola secundária, mas, pelo que se lembrava, ela sempre tivera vontade própria. Enquanto as meninas de sua idade faziam mechas nos cabelos, tatuavam o corpo, Dulce fazia campanhas contra drogas e conduzia os estudantes por outros caminhos.

Apesar dos esforços de Cissy e de suas amigas para isso, ela é que fora eleita presidente da classe. Sim, agira de maneira um tanto arredia e evitara contato com o grupo de Cissy; contudo, sendo filha da diretora, tinha pouca escolha. Mas nunca desprezara ninguém. Era sempre tão amável com os alunos bolsistas como com os filhos de diplomatas, ignorando as fronteiras do dinheiro. Não era uma esnobe, não humilhava ninguém, ao menos não por questão de dinheiro.

Havia apenas um problema agora — ele.

Não queria viver em volta de Christopher, mesmo por alguns dias de prazer ao sol. Não queria perder seu tempo com pessoa não muito dedicada aos estudos, quer numa conversa enquanto jantavam, ou tomando aulas de tênis, e certamente não como amigo. Christopher esperava por ela pensando no tipo de personalidade que era Dulce.

Vira-a ao sair do vestiário após haver experimentado o vestido. Ela não quisera aceitar o presente. As mulheres com quem ele saíra até então encantavam-se com a magnanimidade de um gesto desse tipo. Christopher achava surpreendente como uma pulseira de brilhantes amenizava qualquer golpe, ou facilitava qualquer conquista. Ele notou que a área da piscina se encontrava quase deserta. Os casais decerto estavam fazendo a sesta ou simplesmente deitados.

Christopher gostava de nadar quase tanto quanto gostava do tênis. Talvez Dulce não gostasse de uma coisa nem de outra. Precisava inventar um novo plano para levá-la à cama. Sua reputação dependia disso.

Andando no trampolim, respirou fundo. Numa piscina quase vazia não haveria problema em mergulhar. E entrou na água.

Dulce remexia nas gavetas procurando algo para usar. Agarrando um sarongue florido com uma das mãos fechou a gaveta, pronta para cair na cama e cobrir a cabeça. Mas seu olhar caiu no maiô preto que encontrara em sua bagagem. Devia estar na gaveta, mas não o pegara. Ou pegara? Claro que não. Lembrar-se-ia se o tivesse tirado da gaveta e colocado na cadeira. A menos que estivesse ficando louca. Não, impossível. Não se sentara ao sol por tempo suficiente para uma insolação. Então, como o tal maiô fora parar lá?

Ela tocou-o, com o fim de verificar o tipo de material. Precisaria experimentá-lo, mas concluiu que não era um tipo de maiô com o qual se sentiria confortável. Aí lembrou-se do vestido turquesa. Não achou que gostaria dele, mas uma vez vestida, adorou-o, considerou-se espetacular.

Deu um suspiro. Aquelas iriam ser as férias de sua vida, e embora tivesse apenas trinta anos de idade, não tinha esperança de mais momentos de alegria. Mas que tal libertar-se da mãe, e fazer algo por si mesma? Mesmo que Christopher não estivesse esperando por ela na piscina, poderia descer e olhar ao redor.

Tirou a camiseta e a calça comprida. Depois a calcinha e o sutiã. E ficou atrás das cortinas, com a brisa da janela beijando seu corpo. Vestiu o maiô preto, bem devagar. Após pôr os pés nas sandálias saiu correndo do quarto.

O elevador levou um tempo enorme para chegar, ela achou. Assim que entrou na área da piscina viu Christopher no trampolim. A ideia de que estivera errada achando que ele não estaria lá, a deixou entusiasmada.

Seu coração disparou quando viu o corpo musculoso dele, a pele bronzeada. Não imaginava que lugar Christopher ocupava, por isso pegou duas toalhas do vestiário e escolheu duas cadeiras numa sombra. Pensou em ler, mas não conseguia desviar o olhar dele nadando na água cristalina. Suas braçadas eram magníficas, como no jogo do tênis. Christopher se movimentava na água tal qual um verdadeiro atleta.

Um garçom apareceu e lhe perguntou o que desejava beber. Dulce pediu um club soda com uma rodela de limão, e voltou a vista para a piscina. Christopher ainda nadava, porém bem mais lentamente agora.

— Divertindo-se? — alguém lhe perguntou. 

Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora