Capítulo 1 - 5

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Dulce achou que iria desmaiar. Ainda estava em estado de choque por causa do lance absurdo.

E o vencedor fora um homem por quem tivera muita admiração no passado. Christopher Uckermann decidira dar um lance de vinte mil dólares para passar uma semana com ela.

Ficariam uma semana juntos num verdadeiro paraíso. Mas... tinha tanto trabalho a fazer na escola. Não devia nem pensar em tirar férias agora. Norman voltou ao microfone.

— Ok, amigos. Está na hora de desejar boa viagem ao feliz par. O leilão está oficialmente terminado, mas a festa apenas começa.

Norman segurou ambos pelo ombro, tirando-os do palco. Um homem aproximou-se. Dulce sabia que o rapaz ganhador se chamava Phillip. Por que teria Christopher mudado de nome? E por que tiraria ela férias agora que a escola estava em meio a uma crise? Dulce sentia sua mente atrapalhada e andava com dificuldade.

— Eloíse, não posso me ausentar por sete dias — ela queixou-se. — Quem vai cuidar da escola?

— Nós cuidaremos, Dulce. Já convidei Rita Mae para trabalhar no escritório; Karen e Ruth prometeram ajudar. — E dirigindo-se a Norman, Eloíse comentou:

— Você mencionou o nome dele como Christopher. O que houve com Phillip?

— Se me der um minuto posso explicar — Claire começou a falar, mas foi interrompida por Ruth.

— Esse Phillip não me parece ser um bom contador — Dulce opinou. — Rita Mae é uma mulher formidável, porém o Instituto Savinon requer...

— Bom senso e mente clara são qualidades que ela possui em grande quantidade. E você precisa de umas férias. Confie em mim que tudo sairá bem. — Eloíse dirigiu-se a Claire:

— Por onde anda Phillip, afinal? Alguém pode me explicar? Ninguém respondeu.

— Ainda não fiz minhas malas — Dulce comentou. — Não tenho roupas adequadas e...

— Já cuidamos disso, querida. Eloíse colocou em sua mala tudo de que precisa para a viagem. E, de qualquer maneira, o sr. Uckermann deu um lance muito convidativo, e será seu companheiro de viagem. E, se não se apressarem, perderão o vôo — Claire preveniu-os.

— Norman, você pode providenciar isso? Dulce percebeu logo que as coisas não haviam saído conforme planejadas. Tentou ver Christopher com bons olhos. Beijou as amigas. Claire sussurrou-lhe ao ouvido algo como "paciência".

— Não se preocupe com coisa alguma — Norman lhe disse. — De acordo com Eloíse, tudo sairá bem.

— Prontos para partir? — indagou o motorista.

— Dê seu endereço ao homem, Uckermann — pediu Norman. — Você precisa antes passar por sua casa a fim de apanhar as malas.

— Eu não tenho intenção de ir ao Club Paradise.

Dulce teve vontade de entrar embaixo do assento. Ela ficou na dúvida se Christopher queria mesmo fazer essa viagem, e com ela. Mas, em tal caso, por que dera o lance? E disse:

— Tudo bem, Norman. Se o sr. Uckermann...

Norman deu-lhe as costas e dirigiu-se a Christopher:

— Dê seu endereço ao motorista. Agora.

Christopher obedeceu e após alguns minutos chegaram em frente a uma enorme e suntuosa casa.

— Você fica aqui — Norman falou a Dulce. — Vou entrar com seu companheiro para ter certeza de que ele vai pôr na mala tudo de que necessita. Voltaremos num minuto.

Dulce suspirou de alívio. No espaço de alguns minutos fora vendida como num leilão de cavalos e mandada para passar umas férias com um homem que nem ao menos gostava dela.

Colocou a mão no ombro do motorista e sugeriu:

— Talvez seja melhor que me leve para casa. Moro a seis quadras daqui.

— Impossível. Tenho ordens a cumprir. Mas, se me permite, por que deseja perder férias tão maravilhosas?

— Você não entende. As férias seriam maravilhosas se as duas pessoas desejassem ficar juntas.

— E a senhorita não gostaria de viajar com um homem tão atraente e rico?

— É mais ou menos o oposto disso. Christopher não quer ir a parte alguma comigo. Ainda me pergunto por que ele aderiu ao leilão.

— Principalmente porque a senhorita é uma mulher muito bonita. Qualquer homem gostaria de ter férias em sua companhia.

— Muito amável de sua parte. Mas não sou pessoa muito interessante.

— Mesmo? Não é essa a impressão que dá. Além disso, há muita coisa a se fazer naquelas ilhas. Nadar, fazer pesca submarina, dançar ao luar...

— Não sei nadar nem dançar, e definitivamente não mergulho. Como disse, não faço muitas coisas que todos consideram divertidas.

— Então, mude.

— Como?

— Comece a ser divertida. Hoje em dia tomam-se aulas para tudo.

— Oh, não, eu nunca poderia ser divertida. Não está em meus genes.

— Com seu corpo, usando jeans bem justo ficará muitíssimo interessante.

— Quis dizer que minha formação genética não dá para isso. E minha mãe nunca consentiu que eu usasse essas roupas. Jamais tomei aulas de dança, e nunca estive num salão de baile. Descendo de uma linha de educadoras cuja única finalidade era transformar jovens em adultos inteligentes e notáveis.

— Nobre profissão.

— Pensava assim quando minha mãe estava perto de mim. Ultimamente, minha vida se limitou a trabalho duro.

— E onde está ela agora? Essa sua mãe?

— Faith, minha mãe, faleceu há dezoito meses. Por que perguntou?

— Porque parece uma moça sensata. Se tem tanta fibra, duvido que faça alguma coisa tola. Por que, então, não confia em seu critério e faz o que deseja? Sua mãe não mais interferirá.

Dulce achou que o motorista tinha razão. Quando sua mãe foi diagnosticada do câncer, cuidou dela e da escola vinte e quatro horas por dia. Mas a escola era dela agora. Dulce ainda pensava no que o motorista lhe dissera quando Norman e Christopher voltaram para o carro.

— Tudo bem com você? — Norman lhe perguntou.

— Um pouco chocada, mas vou sobreviver. — Ela notou que Christopher estava distraído, olhando pela janela, e disse: — Como vai ele?

— Está um pouco aturdido, mas ficará bom quando estiverem no ar. 

Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora