Capítulo 8

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 Dulce foi a pé do hotel até a quadra de tênis. Seus pés estavam tão leves que tinha a impressão de voar. Os músculos da perna pareciam ter mais energia e, acima de tudo, sentia os pés fantásticos.

Sentou-se num banco sob uma árvore florida com o fim de descansar um pouco e para admirar as unhas dos pés pintadas e acariciar as pernas macias como seda. Mal podia esperar a hora em que Christopher sentisse a textura de suas coxas quando ele... quando ele...

Suspirando ante a ideia ultrajante, recostou-se no banco. O pensamento erótico das mãos de Christopher acariciando lugares secretos a fez pegar fogo, como se uma vela a queimasse por dentro.

Voltando a casa, providenciaria um pedicuro para de vez em quando. Mas o que a atraía, na verdade, Christopher. E não apenas por causa da experiência que tiveram juntos na cama. Na verdade, gostava de ouvir-lhe os comentários de um modo geral e principalmente de seu passado como profissional de tênis. Gostava também de conversar sobre seu modo extravagante de gastar dinheiro.

Dulce telefonou para o chalé antes de sair do spa, mas não obteve resposta. Assumiu então que Christopher estivesse ainda na quadra de tênis. Apreciaria, de qualquer modo, aqueles momentos de repouso sem ele. Além disso, muitas vezes lera que homens detestavam mulheres insistentes. Mas não podia esperar mais para vê-lo. Mesmo que fosse apenas observá-lo jogando tênis.

Mais cedo, quando lhe dera uma aula, fora carinhoso e paciente, e elogiara o tempo todo suas habilidades. Que bom fora tê-lo como professor! Mas tudo acabaria. Que pena! Infelizmente tinha responsabilidades na escola. Não poderia abandonar suas atividades. Era seu ganha-pão e sua herança. Até reconduzir a escola ao antigo esplendor, não poderia entrar num relacionamento sério e durável.

Christopher, também, tinha uma posição importante na firma do pai, ela concluíra pela conversa que ouvira naquela manhã. Os clientes contavam com ele da mesma maneira como a escola e seus alunos contavam com ela.

Ambos possuíam obrigações para com a família, obrigações essas com prioridade sobre a vida privada de cada um. Sim, mas havia outras responsabilidades no mundo além da família. Eloíse, por exemplo, casara-se com um detetive de polícia, era professora e tinha uma filha pequena e um bebê a caminho; e os dois, Eloíse e Norman, eram mais felizes do que qualquer casal que ela conhecia.

A irmã de Christopher, Claire, tinha três filhos e seu próprio negócio; e o marido era um médico conceituado. Por que não podia acontecer o mesmo com ela e Christopher? Se os dois queriam muito ficar juntos, por que não se admitir que um relacionamento funcionasse entre eles?

Com pensamentos positivos, Dulce levantou-se do banco onde se alojara e entrou na ruela que a levaria à quadra de tênis. Ali, foi de encontro a um carrinho com artigos de limpeza de pele, conduzido por um serviçal. O carrinho tombou em duas rodas e caiu num barranco, esparramando tudo em todas as direções, toalhas, suprimentos de limpeza, caixas de papel absorvente. E a empregada, uma mulher de meia-idade, em cima de tudo isso. Dulce fitou-a, em choque.

— Sinto muito — disse.

— Você está bem? — Ajudou-a a se levantar.

— Pode me ouvir? Quebrou alguma coisa? — A moça lhe parecia tão familiar...

— Estou bem. Meu carro! Minha mercadoria! Vou ser despedida na certa, desta vez.

— Como se sente? Sua cabeça dói? E as pernas? — Dulce não parava de perguntar. Onde vi esse rosto?

— Estou bem. Mas preciso recolher tudo logo ou chegarei atrasada na próxima cliente. Obrigada por sua atenção. Meu nome é Mary.

Dulce olhou ao redor e não viu Christopher. Resolveu então ajudar Mary. Afinal de contas, ela causara o acidente. Foi para perto da moça e sugeriu:

Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora