Capítulo 12

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 Kevin observava a luz do dia penetrando pela entrada da gruta. Cuidando para não perturbar sua companheira, arrumou as sacolas e depois olhou para Cissy, que havia se grudado em seu ventre e virilhas durante a noite toda.

Os cabelos louros cobriam-lhe a face e o pescoço, como uma cortina de seda. A um dado momento durante a noite ela esfregara o rosto em sua camisa, e roncara.

Não suficientemente alto para mantê-lo acordado, mas o bastante para fazê-lo se lembrar de que ela estava ali perto. Fora boa coisa a aranha não a desejar para seu jantar, porque a mordida daquele bicho poderia matar a ambos. Com certeza se tratava de uma aranha venenosa.

Cissy morreria antes de voltar à civilização. Felizmente ele conseguira afastar a aranha e, depois disso, Cissy desmaiara em seus braços. O melhor momento de toda essa excursão fora quando a carregara até a gruta e ela se encolhera em seu colo, ainda tremendo de medo.

Agarrados como dois amantes, o que ele desejaria que fossem, adormeceram. Kevin tinha apenas mais um dia para fazê-la enxergar a luz, e não queria perder nem um minuto.

— Ei, dorminhoca, hora de acordar. Temos de voltar ao hotel, Cissy.

Quando a mão dela acidentalmente tocou-lhe a ereção, Cissy acordou e perguntou:

— Por favor, diga-me que você não... que nós não...

— Infelizmente não — ele respondeu. — Jamais tiraria vantagem de mulheres apavoradas.

— Oh. — Ela pareceu desapontada, o que deixou Kevin consolado. — Que horas são? — perguntou.

— Seis horas mais ou menos. Quer se pôr a caminho ou prefere comer antes?

— Sobrou alguma coisa?

— Uma garrafa de água e duas barras de granola. Quer uma?

— Posso tomar um pouco de água antes? — Ela perguntou. — Estou com a boca muito seca.

Passou-lhe a garrafa de água e perguntou-lhe:

— Como se sente?

— Dolorida por todo o corpo. Nunca tinha dormido no chão antes.

— Nunca? Nem num acampamento?

— Nunca tomei parte num acampamento, mas é claro que você tomou. Se eu tivesse que fazer isso agora, tenho certeza de que estava com a pessoa certa.

Emocionado com o elogio, e pela atitude mais amável de Cissy, Kevin resolveu se abrir:

— Fui escoteiro, como meus quatro irmãos mais moços. Meu pai foi nosso instrutor — ainda é —, embora estivesse sempre ameaçando que iria desistir logo que Brian se formasse na escola secundária.

— Você tem quatro irmãos?

— Tenho. Thomas, Robert, Peter e Brian, em ordem decrescente. Fale-me agora sobre sua família. Você mencionou que tem duas irmãs mais velhas.

— Minha mãe é uma boa dona de casa e meu pai é advogado — ela declarou. — E suas irmãs?

— O que há com minhas irmãs?

— São casadas? Solteiras? Trabalham fora ou ficam em casa?

— Elizabeth e Mary Grace são perfeitas, da cabeça aos pés. Casaram-se com colegas da universidade e cada uma tem dois filhos e meio, uma pequena casa no subúrbio, um carro na garagem. Eu sou a ovelha negra, o problema da casa. Não é hora de voltarmos? Alguém deve estar organizando um grupo de homens para vir à nossa procura.

— Não há divórcios em sua família, acho.

— Nenhum. Exceto o meu. Sou a vergonha dos Westfalls, destinada a continuar assim a menos que me case com quem minha família considere um homem perfeito. Mas isso não é importante. Vamos embora daqui antes que algum guia entre pelo mato e mande mais aranhas para cá.

— Precisamos conversar por um minuto antes de voltar — disse Kevin.

— Não é boa idéia. Falar com você faz mal à minha saúde mental.

— Por que acha isso?

— Porque faz muitas perguntas pessoais.

— Perguntas deixam você nervosa?

— As suas, sim. No primeiro minuto acho que o dominei, no minuto seguinte eu quero... Inclinando-se, Kevin tomou-a nos braços e beijou-a nos lábios. Cissy suspirou e sorriu.

— Você quer... o quê? — ele perguntou.

— Não importa. E nada mais de beijos.

— Por que não? Tive a impressão de que gostava de meus beijos.

— Detesto-os. Pareço... deslocada... como se sentisse cócegas em meu interior e precisasse de... de...

— E se eu lhe disser que tenho a cura para isso? — Kevín apressou-se em explicar.

— A cura? Que tipo de... Fique onde está, Kevin Lewiston. Encontrarei um jeito de resolver minha coceira, obrigada, muito obrigada. Toda mulher tem escolha para isso sem precisar envolver um homem.

— Cissy, dê-me uma chance. Sou louco por você. Não me faça suplicar.

— Me quer tanto assim? Nenhum homem disse isso a mim antes.

— Não? O que eram eles? Surdos, mudos, cegos?

— Alan e eu éramos muito jovens e ele um pouco impetuoso demais. Não acho que me amava de verdade, como acho que desejava uma mulher em sua cama. Com James fizemos amor em nossa lua-de-mel e num fim-de-semana sim, no utro não, até nosso divórcio. Nem mesmo cheguei a usar uma pílula.

— E entre Alan e James?

Ela mordeu o lábio inferior e sacudiu a cabeça, num gesto negativo.

— E depois de James? — Kevin continuou.

Uma lágrima rolou pelo rosto de Cissy.

— Foi isso, então? Teve apenas dois homens em sua vida?

— Eu sei. É inacreditável — ela disse. — Mulheres modernas têm sempre um homem em sua cama. Mas eu não fui educada assim. Minha mãe insistia sempre que eu não me entregasse a um homem antes de ter a aliança no dedo. Isso aconteceu com minhas irmãs, e acontecerá comigo sempre. Sinto muito por você. Kevin sorriu.

— Estou sorrindo não por não ter conseguido nada até então. Não foi falta de habilidade minha no departamento do sexo. Estou sorrindo de felicidade, pela boa sorte que tenho.

— Como?

— Você acabou de dar a entender que só dormiria com um homem se fosse se casar com ele. E uma vez que vamos fazer isso agora mesmo, aqui, significa que estamos noivos.

Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora