Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]

Capítulo 13

Para: Milton

De: Júnior

Via: Heavenet

Assunto: Incumbência — Savinon e Uckermann

Comecei meu trabalho com a campanha de Westfall e Lewiston e já consegui razoável sucesso. O objetivo com Dulce e Christopher está à vista. Espero um final feliz em vinte e quatro horas.

A única esperança de Júnior ao desligar o computador era que Christopher fosse bastante corajoso para seguir seu coração. Christopher olhava na direção do mar, a mente envolvida em seu problema.

A água cristalina emergia do azul-safira do horizonte. O sol dourado começava a nascer. Uma brisa perfumada misturava-se ao aroma da água salgada e ao odor da vegetação que separava a praia dos chalés. Ele iria achar falta do Club Paradise com seu estilo de vida vagaroso, clima ideal, e cenário magnífico. Que porcentagem disso ficara perfeito devido à presença de Dulce?, ele se perguntava.

Se tivessem ficado em Washington, encontrando-se regularmente, teria o relacionamento tomado o mesmo impulso? Numa cidade dedicada à política, a pessoas ansiosas em subir socialmente, a pessoas que pensavam em dinheiro em vez de em méritos, seria possível se construir uma vida?

A ideia de perder Dulce para sempre lhe trouxe uma tristeza profunda. Não haviam conversado em detalhes sobre o futuro, mas tinha certeza de que ela desejava continuar com o relacionamento. E, por seu lado, faria todo o possível para que isso acontecesse. Ele abriu o guarda-sol listrado de vermelho e branco, colocou duas cadeiras uma ao lado da outra, e esperou por Dulce.

Disse a si mesmo que, qualquer que fosse a atuação de Kevin Lewiston, ainda poria Dulce a par dos fatos. Tinha de lhe contar a verdade. Sobre tudo. Devia-lhe honestidade, e isso incluía uma conversa sobre seu defeito visual. Ela era uma mulher inteligente, uma professora experimentada. Tudo o que teria a fazer era escolher o momento certo.

Infelizmente, nem o tempo, nem a oportunidade se apresentaram até então. Pior, cada palavra, cada explicação, lhe parecia ridícula. Como era possível que um homem hábil como ele, que tanto na escola como na vida de trabalho conseguira blefar com o mundo todo, não pudesse criar uma sentença coerente em se tratando de contar a verdade à mulher que amava?

Olhando ao longe, viu Dulce no bar da praia, conversando com um garçom. De maiô, costas nuas, era mais linda do que qualquer mulher da praia, muitas das quais de biquíni ou topless. Embora tendo ela passado a maior parte de sua vida entre quatro paredes, trabalhando na escola, Christopher se admirava de nenhum outro homem ter encontrado aquele tesouro e o requisitado para si.

Dava quase para acreditar que fora sua sina ir ao leilão só para se encontrar com ela de novo e fazer aquela ridícula aposta. De qualquer forma, devia a Cissy e ao resto da turma um agradecimento. Sem a ajuda deles, não estaria lá com Dulce naquela hora, Apenas desejava que não tivesse sido tão arrogante permitindo que a aposta caminhasse até o fim.

Deu um suspiro de desalento. Quem poderia imaginar que seu caso de amor fosse ser tão confuso, tão complicado?

Ninguém em sua família considerava o casamento uma união complicada. E agora lá estava ele no escuro, tentando imaginar o que fazer e como dizer coisas que jamais acreditara um dia revelar. E, por mais doloroso que tudo isso fosse, não via a hora de estar com Dulce, de dividir cada segundo com ela.

Esperando que Dulce quisesse estar com ele. Depois de apanhar algumas toalhas com o garçom, Dulce foi ao encontro de Christopher, com um sorriso nos lábios.

— Obrigada por reservar as cadeiras e o guarda-sol. Deixe-me pôr estas toalhas no lugar. — Ela colocou uma no braço da cadeira dela, outra na de Christopher e sentou-se.