Capítulo 5 - 2

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Uma vez na cabana, não houve mais do que um breve boa-noite.

— Acha que vamos ficar aqui? — Dulce olhou para o quarto, igual a uma cela de prisão, em sua opinião. Mas, na realidade, a graciosa cabana, decorada tão elegantemente como a suíte do hotel, tinha uma lareira, um sofá e uma cozinha eficiente com bar num canto.

— Como eu disse antes, isso é tudo. — Júnior abriu a porta do banheiro, do mesmo tamanho do anterior. — Estas cabanas são muito privativas, e ficam apenas a alguns metros da praia. Pela manhã pode-se ir até o bufê do alpendre ou pedir o café no pórtico. — Júnior andou pela sala, abriu os armários, verificando todas as facilidades. — Viram? O mesmo conforto do hotel.

— Não totalmente — Dulce protestou, apontando para a cama única.

A cama king-size, cheia de travesseiros e coberta com cortinado contra mosquitos, a fez lembrar-se da cama que vira certa vez numa revista, num anúncio das Mil e Uma Noites.

— Oh, isso! — Júnior foi até o armário que Dulce imaginara ser outro armário para roupas e abriu-o.

— Estranho! — disse, ao notar que o armário estava vazio.

— Há uma outra cama, portátil, em cada chalé, não sei o que houve com este. A cama portátil desapareceu.

— Alguém deve ter esquecido de a colocar—observou Christopher, em tom sarcástico.

— Bem, é tarde demais para tomarmos uma providência agora. A rede do terraço me parece muito confortável. Um dos dois poderá usá-la esta noite, e tentarei colocar uma cama portátil até amanhã.

— Uma rede? — Christopher protestou. — De forma alguma.

Júnior tirou de uma gaveta lençóis, um cobertor, um travesseiro e jogou-os sobre o sofá.

— Há ainda o sofá.

— Lembre-me de falar sobre isto com seus amigos em casa — Christopher disse, de mau humor, começando a preparar o sofá para a noite. — Acho que eles devem pensar melhor sobre o que são acomodações de luxo.

— Isso não é justo — Dulce se irritou.

— Ninguém poderia prever o que aconteceu em nossa suíte. — Ela começou a tirar suas roupas da mala.

Com Christopher ali ao lado, ele veria sua lingerie, as peças que ela pretendera esconder. Pior ainda, sem um quarto só para si, a veria trocando de roupa. De repente, deparou com Christopher sentado no sofá, tirando os sapatos.

— Tem certeza de que não ficaria mais confortável na rede? — ela perguntou.

— O único lugar em que eu me sentiria mais confortável seria nessa cama, Dulce. Isso respondeu sua pergunta?

— Oh! Com sapatos e meias molhadas na mão, ele levantou-se.

— Por que não vai tomar o chuveiro que tanto desejava? Arrumarei minha roupa no armário enquanto aguardo minha vez. Quando eu terminar com meu banho você já estará deitada embaixo das cobertas e não verei nada. Juro.

Cansada demais para brigar, Dulce pegou seus objetos de toalete, o roupão, e foi ao banheiro.

— Levarei apenas um minuto — declarou.

— Demore o tempo que quiser.

Dulce não disse uma palavra. Foi ao banheiro e encostou-se na porta fechada. Christopher voltara a ser um cavalheiro, e ela não sabia bem se gostava disso. Claro, um vaso sanitário explodindo era suficiente para baixar as chamas do mais quente romance, porém agora que estavam sós, nem uma vez Christopher fora mais perto dela.

Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora