Capítulo 4

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O céu da noite fez Christopher se lembrar de uma peça de joalheria, marchetada de diamantes. Mesmo com a lua quase cheia, um astrônomo amador, o que ele gostaria de ser, poderia visualizar uma série de constelações povoando o universo.

Ele tinha um telescópio na cobertura de sua casa, e quando o tempo o permitia, passava horas no terraço. Nunca vira o céu como naquela noite, tão luminoso. Não querendo admitir que parte daquilo se devia à companhia que tinha nos braços, Christopher tentava não fixar a vista em Dulce, como fizera na sala de refeições, para não se encantar ainda mais por ela.

Tivera uma infinidade de encontros com mulheres para saber que Dulce não usava quase maquiagem. Além do vestido turquesa e das sandálias brancas, usava finas argolas de ouro nas orelhas e carregava pequena bolsa de noite, branca.

O brilho dos olhos cor-de-mel combinava com o brilho de sua expressão, como se seu sorriso fosse toda joia de que necessitava.

Aliviado por ter comprado o vestido turquesa, insistiria em não ter feito mais do que uma simples homenagem a tanta beleza no caso de ela começar a dizer outra vez que planejava pagar pelo vestido.

Ele dera presentes a dúzias de mulheres, e nunca fora acusado de ser nada mais do que dadivoso; contudo, Dulce agira como se ele tivesse um esquema interesseiro escondido. O que era, até certo ponto, verdade.

Seu plano iria beneficiar a ambos.

Sua reputação ficaria intacta, Dulce receberia generoso donativo para sua escola, e ambos teriam uma semana de prazer na cama.

Em silêncio, eles seguiram o rio de casais elegantemente vestidos, na sala de jantar.

Christopher guardara na cabeça os números dois e três. Vinte e três. Tinha-os bem gravados na memória. Porém antes de encontrar o destino, um fotógrafo estendeu a mão para fazê-los parar.

— Um momento — disse.

— Sorriam, por favor. Não quero que percam o concurso.

Dulce retesou o corpo. E veio o flash.

— Querem me dizer o que está acontecendo? — Christopher pediu ao fotógrafo.

— Olhem para a frente e digam se gostam do que estão vendo.

Christopher ergueu a cabeça e viu sua imagem e a de Dulce, ambas enormes, sorridentes, numa tela montada na parede da sala.

— É esse o concurso? — Christopher perguntou, tentando se mostrar desinteressado.

— O que vamos ganhar se vencermos?

— Vão descobrir — o fotógrafo respondeu, sorrindo. — Vamos escolher o melhor. Qual é o número de sua mesa?

— Vinte e três. Podemos ir agora?

— Podem, sim. Um bom jantar, e não se esqueçam de votar.

— Votar?! — Dulce repetiu.

Christopher conduziu-a por entre as mesas tentando encontrar seus lugares. Enfim, chegaram ao destino. Quando ele puxou a cadeira para Dulce sentar, ela sorriu. Pegou o menu.

— O que você acha bom aqui?

— Tudo.

— Havia três enormes travessas com lagostas na mesa.

— Não como lagosta há séculos — ela comentou.

— Lagosta, muito bem — Christopher acrescentou.

— E o que mais?

Dulce percorreu o menu com o olhar.

— Filet mignon, aspargo, batata. A lista de sobremesas é enorme.

Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora