Capítulo 10 - 3

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Dulce fechou os olhos e relaxou. Cortara o cabelo no salão de beleza do spa e fizera mechas para dar um tom dourado ao penteado. Fora enviada a uma massagem feita por Lola. Depois disso voltaria ao salão para o passo final do processo.

Na sala de massagem Christopher estava ao lado dela, também sendo massageado, mas por Marco. A conversa entre os dois massagistas girou sobre o casal perdido, aliás, eles dois.

— Onde você disse que passaram a noite? — Lola perguntou a Marco.

— Numa caverna perto da cachoeira. Alguém comentou que acharam um saco cheio de mantimentos. Eu não gostaria de me encontrar sozinha lá durante a noite — comentou Marco.

— Há aranhas e cobras e todo o tipo de bichos. — Aposto que o sr. Mahlo está preocupado. Ele não terá sossego até esse lugar ser bem fiscalizado.

— É verdade. Ele despediu Dano e o guia, mas o casal insistiu para que não fizesse isso e os dois foram readmitidos. Começava agora o tratamento dos pés.

Depois, Dulce e Christopher deitaram-se numa mesa para aplicar uma mistura de lama por todo o corpo. E foram deixados sozinhos.

— Eu não queria lhe contar nada na frente de Lola e Marco — Dulce falou.

— Algo em particular?

— Sobre o que você disse ontem à noite. Lembrei-me depois. Perguntou se seu pai tinha conversado com minha mãe mais do que conversara com os outros pais. Certo? — Perguntei — Christopher respondeu prontamente.

— Bem. Recordo-me de algumas vezes ele ter aparecido durante o dia, em geral nas férias, quando o instituto estava fechado. Achei aquilo estranho. Havia me esquecido do fato até você o mencionar.

— Sabe sobre o que falaram, Dulce?

— Nunca estive presente em nenhum desse encontros, mas acho que envolvia doações para a escola.

— O que a fez pensar que eram sobre dinheiro?

— O fato de minha mãe estar sempre muito feliz quando ele ia embora. Lembro-me que, depois de uma dessas vezes, ela telefonou a um construtor pedindo-lhe para aparecer a fim de discutir acerca da reforma do campo de esportes. Outra ocasião, logo depois que seu pai se foi, ela providenciou arranjos na quadra de tênis. Nesse instante, Lola entrou na sala.

— Ok, vocês dois aí — disse ela. — Eu não queria interromper a conversa, mas está na hora de mudarem de posição.

Os dois obedeceram.

— Nada mais de conversa. Relaxem um pouco, enquanto Marco e eu terminamos com o tratamento.

A mistura de lama que foi aplicada começava a endurecer.

— Muito bem — Lola declarou. — Marco e eu voltaremos em trinta minutos para ajudá-los a sair da mesa e fazê-los entrar na pequena lagoa. E, com uma esponja, um removerá a lama do corpo do outro.

Christopher mal ouvia as instruções de Lola. As palavras de Dulce o atingiram como um golpe, praticamente o deixando sem ar. Então, seu pai contara a verdade. Por alguma razão, Faith Savinon convencera Samuel Uckermann a contribuir com grandes somas de dinheiro para o Instituto Savinon, não uma mas várias vezes. Ele acreditara em Dulce quando dissera que nunca estivera presente a uma dessas conversas. Se tudo isso acontecera, como parecia, enquanto ela fora aluna, provavelmente estava concentrada em seus estudos.

Ao partir para a Universidade de Princeton houvera pouca oportunidade de ela notar o que a mãe e seu pai fizeram. Christopher conhecia muito bem os motivos de todos os atos do pai. O homem jamais gastava dinheiro a menos que precisasse, e muito. Portanto, qual a razão que incentivara Samuel Uckermann a dar contribuições a Faith Savinon? O que seu pai sabia que ele não sabia? E por que os pais de ambos mantiveram isso em segredo dos filhos?




Lance Indecente - VONDY [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora