Cap exta - Diva

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A movimentação das pessoas naquela casa estavam deixando Diva apreensiva. Por extinto, ela sabia que seus avós logo sairiam, e esse fato a deixava ansiosa, só de imaginar que ficaria sozinha em casa a deixava triste.

Satomi ouviu o leve ganido de Diva e andou em direção ao animal, abaixando-se e esfregando a cabeça dela carinhosamente.

-O que foi meu amor? Por que está chorando?

Como se esperasse ou ouvisse uma resposta, Satomi balançou a cabeça concordando com aquelas palavras mudas encarando o olhar expressivo do animal que dizia o quanto estava infeliz.

-Eu seu meu bebê, ficar sozinha é ruim, não se preocupe, você vem também. Vamos pegar seu peitoral?

Satomi levantou-se e andou em direção da porta, dando tapinhas leves na perna, chamando Diva. A cadela a acompanhou e parou ao seu lado vendo como a humana pegava do suporte seu peitoral, aquilo só poderia significar uma coisa! Elas iriam sair!

Animada, Diva começou a balançar o rabo e ficar inquieta, movendo-se de um lado para o outro, rodeando Satomi que mal conseguiu por o peitoral. A porta da sala foi aberta e Hemi entrou amarrando o cabelo.

-As malas já estão dentro do carro, podemos ir, amor. - baixou a vista e sorriu ao ver o quão animada Diva estava. - Será se ela sabe para onde vai?

-Provavelmente não. - a mulher riu e entregou a guia para seu marido. - Ela é sensível ao ambiente. Aposto como só sabe que vai sair de casa.

- Eu quero ver a cara da Mill's quando chegarmos lá com ela.

A risada de Satomi atraiu o olhar de Hemi que andou em direção a esposa, encantando com aquele som. Estavam casados a tanto tempo e se conheciam a mais tempo ainda, mas ainda não conseguia resistir aquele som maravilhoso. O beijo carinhoso compartilhado fora curto, mas cheio de sentimentos a ponto de fazer a mulher corar sem jeito.

- Vamos logo, - resmungou ela lhe batendo levemente o peito - quero ver como Milla vai reagir à surpresa.



...





A viagem de carro demorou quase quatro horas, tiveram de fazer algumas paradas durante o percurso, pois Diva era uma cadela que bebia muito e por isso, se aliviava bastante. Ao chegarem à entrada da Reserva, Diva estranhou o local e ficou amuada sem querer sair do carro, talvez a seriedade da proteção do lugar tenha deixado a cadela temerosa, pelo menos era isso que os pais de Milla achava, entretanto o que mais incomodava a cadela era o cheiro de hostilidade transmitido por tantos machos de cheiros estranhos.

Com muita luta, Diva saiu do carro, seu rabo estava entre as pernas e as orelhas abaixadas com um olhar tremendamente injustiçado. Ver o modo como ela estava, deixou Satomi de coração partido.

-Meu amor, não fique assim. - murmurando carinhosamente, Satomi se abaixou acariciando a pelagem branca de Diva.

Um som melodioso e leve soou de seus lábios em uma canção de outra terra chamando a atenção da cadela, que aos poucos foi relaxando, entretanto todo o trabalho foi em vão, já que um oficial de segurança se aproximou assustando novamente Diva.

Satomi deixou que Hemi falasse com ele enquanto ela continuava a acariciar Diva, o processo de inspeção foi rápido, e logo ambos foram liberados, mas Diva não queria andar.

Hemi, angustiado com o modo como Diva estava amedrontada, agachou-se e abraçou a cadela, levando-a aos braços, segurando-a com força. Para uma pessoa normal, Diva seria extremamente pesada, já que era um pitbull de porte médio/grande com sobrepeso, atualmente ela pesava quase 50 quilos, entretanto ele estava acostumado a carregar peso.

Diva se aninhou nos braços de Hemi e descansou a cabeça em seu ombro olhando para Satomi ao seu lado e gemendo levemente.

- Espero que ela não faça xixi em você. - murmurou Sato acariciando uma das patinhas.

-Ha... - Hemi riu de nervoso, pois tinha esquecido totalmente essa possibilidade.

Diva era uma cadela medrosa por natureza, sua personalidade era mimada, uma cadela grande e chorona que dependia de sua mãe. A separação de Milla deixou a cadela ainda mais dependente e medrosa, quando estava em casa, ficava amuada se um de seus avôs não estivesse em sua linha de visão. Naturalmente o casal Grandson cuidava dela ao máximo, deixando até que dormisse no meio deles.

Milla quis trazer Diva nos primeiros dias assim que se estabeleceu na Reserva, mas por insistência da família, resolveram esperar um pouco, esperar que se estabelecesse por completo afinal de contas, a casa que ela moraria com Torrent passaria por uma pequena reforma. A casa era grande, entretanto com um conjunto de cores horrível, um dos quartos do primeiro andar viraria uma suíte, logo uma parede deveria ser quebrada e um banheiro construído no local, o segundo quarto do primeiro andar seria dividido em dois espaços abertos, virando o escritório de Milla e Torrent. Uma cerca de madeira seria posta ao redor da propriedade, o medo de deixar Diva em um ambiente sem contenção era grande demais, ela não queria correr o risco de sua amada filha acabar se perdendo, por mais que a Reserva seja um local seguro e contido, sua casa ficava em uma área profunda da Zona Selvagem, havia animais que poderiam machucar sua cadela medrosa.

Torrent - Novas espéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora